Existem muitas possibilidades de integrar tecnologias de coleta e processamento de dados às necessidades do manejo fitossanitário de culturas anuais. Ao combinar esses conhecimentos, é possível melhorar a compreensão sobre o início de epidemias e oferecer novas soluções para apoiar a tomada de decisões. Essa é uma lacuna tecnológica que ainda existe na agricultura brasileira e que é considerada uma prioridade nos Macrotemas e Temas Transversais do Mapa Estratégico da Embrapa 2014-2034.O principal objetivo do projeto é desenvolver e disponibilizar sistemas de alerta de risco para aumentar a eficiência no manejo de problemas fitossanitários no Cerrado. Para isso, serão utilizados métodos epidemiológicos, biologia molecular, sensoriamento remoto e internet das coisas, aplicados a problemas amplamente distribuídos geograficamente, não específicos e/ou de difícil diagnóstico. Exemplos incluem percevejos que afetam arroz e soja, e doenças como o mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) em feijão e soja, a brusone (Magnaporthe oryzae) em arroz e trigo, além de bacterioses que afetam o feijoeiro e a soja, causadas por espécies de Xanthomonas e Curtobacterium.Os percevejos dos grãos, como Thyanta perditor, Piezodorus guildini e Dichelops sp., serão monitorados por meio das respostas das fêmeas a misturas feromonais, incluindo o feromônio sexual masculino. As amostragens de campo para esses percevejos serão realizadas utilizando armadilhas inteligentes com feromônios e extrações de voláteis das flores, e os resultados serão comparados com as metodologias convencionais, identificando o momento de entrada e a dispersão dos insetos na lavoura.Para monitorar as doenças, amostras de ar serão coletadas com armadilhas caça-esporos do tipo ""Rotorod"" em diferentes localidades de Goiás e do Distrito Federal, que possuem climas distintos. A quantidade de DNA dos patógenos presente nessas amostras será medida usando técnicas quantitativas de LAMP e PCR em tempo real, durante dois anos agrícolas. Além disso, a ocorrência de doenças será monitorada por sensores em VANTs ou imagens de satélites. Esses resultados serão combinados com dados fenológicos e climáticos, como chuva, velocidade/direção do vento e temperatura.Apesar das diferentes metodologias de amostragem e modelagem, todos os modelos para previsão de pragas e patógenos serão validados em campo, em áreas ""sentinela"" de monitoramento. O conhecimento adquirido durante os 36 meses do projeto, liderado pela Embrapa, em parceria com Universidade Federal de Goiás e Universidade Estadual de Goiás, fornecerá informações valiosas sobre a distribuição e dispersão de pragas e patógenos, apoiando estratégias de manejo, como a época ideal para pulverização preventiva e melhor orientação dos períodos livres das culturas.O projeto está estruturado em Soluções de Inovação para modelagem e aerobiologia de patógenos, prognóstico de doenças por imagens de sensores remotos, mapeamento e pulverizações em taxa variável e modelagem e detecção de percevejos. Os resultados ampliarão a oferta de Tecnologias da Informação e da Comunicação da Embrapa para produtores e técnicos, com novos aplicativos ou a ampliação de serviços já existentes, como o sistema Infodoenças e o SISALERT. Além disso, as amostras coletadas poderão ser depositadas em coleções microbianas e disponibilizadas para outros projetos que investiguem características de interesse, como a variabilidade de patógenos e alelos resistentes a fungicidas.