Por mais que as cooperativas sejam o modelo organizacional coletivo pensado para equacionar problemas econômicos, sabe-se que no Brasil, com destaque à região Nordeste, as associações, originalmente criadas para promover atividades ou serviços de interesses comuns entre os associados, têm sido adaptadas pela agricultura familiar (AF) para acessar programas de compras públicas. Ao longo das últimas duas décadas, desde que surgiram as primeiras políticas públicas de aquisição de alimentos, muitos estabelecimentos não conseguem comercializar sua produção apesar de haver uma ação afirmativa na política que prevê um mínimo de 30% dos alimentos adquiridos provenientes da AF, podendo chegar a 100%. Em grande medida, a dificuldade de comercializar a produção para os programas públicos de aquisição de alimentos está relacionada à baixa densidade de organizações sociais que representem e organizem os estabelecimentos para que atendam a demanda das instituições que recebem estes alimentos, como organizações sociais, escolas e instituições públicas da esfera municipal, estadual e federal. Com o intuito de melhorar o desempenho das cooperativas e associações da AF, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar reestabeleceu o Programa Mais Gestão com o objetivo de “promover o fortalecimento de empreendimentos produtivos conduzidos por cooperativas, associações e agroindústrias da agricultura familiar por meio da qualificação dos sistemas de gestão e de acesso aos mercados”. Para a execução desta nova 'edição' do Mais Gestão, o Governo Federal, por meio da Secretaria de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar (SEAB/MDA), tem priorizado o fortalecimento das parcerias entre as Universidades e o MDA. Assim, o MDA/SEAB e a Universidade Federal de Pernambuco formalizaram Termo de Execução Direta para prestar extensão rural em gestão as associações e cooperativas de cinco estados da região Nordeste (PB, SE, AL, PE e CE). A Supervisão da Equipe Técnica de Extensão no Ceará será realizada pela Embrapa Agroindústria Tropical, que desenvolverá ações de gestão do projeto e coordenará os trabalhos de campo de um técnico extensionista e dois agentes de desenvolvimento local nos territórios do Litoral Oeste e Norte do Estado. Entre as ações desenvolvidas, a Embrapa Agroindústria Tropical supervisionará trabalhos que visam diagnosticar e monitorar a adequação das organizações da AF para que as mesmas possam participar de chamadas públicas de aquisição de alimentos; diagnosticar e monitorar oportunidades de comercialização em mercados institucionais e privados; desenvolver ferramentas informacionais de apoio a gestão e negócios adequadas à realidade de cada organização.