A recente expansão da cultura da cana-de-açúcar pelos estados da região Centro-Sul do Brasil (Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais - exceto o norte, e Goiás), vem se dando prioritariamente sobre áreas onde predominam pastagens degradadas, caracterizadas por solos pobres e erodidos sob regime hídrico distinto das regiões tradicionais de produção da cana-de-açúcar. A incorporação destas novas áreas com áreas de topografia mais plana possibilita a colheita mecanizada e o uso mais intensivo da terra, com a erradicação da queima da biomassa ou da palhada, condições que são previstas no zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar. Isto representa uma oportunidade para a incorporação de outras espécies por ocasião da reforma do canavial, principalmente, as culturas oleaginosas visando à produção de biodiesel. Contudo, para que essas novas espécies possam ser incorporadas no sistema de produção de cana-de-açúcar, é preciso promover ajustes que envolvem a cultura de cana-de-açúcar e as culturas alternativas de soja, amendoim ou girassol. Estes ajustes envolvem a caracterização e validação dos sistemas de cultivo das oleaginosas, em especial o desenvolvimento de sistema de recomendação de adubação. Para que o gestor de uma unidade produtiva de cana-de-açúcar possa tomar a decisão sobre a implantação de um sistema de produção de cana-de-açúcar que envolva a utilização de culturas oleaginosas na reforma do canavial, é preciso que ele tenha em mãos uma série de informações. É preciso saber em quais condições uma área de reforma é viável, energética, ambiental e economicamente, para implantação de rotação com oleaginosas; quais as opções de culturas para implantação da rotação e quais as respectivas recomendações técnico-agronômicas (fertilização do solo em sistema de rotação); qual o balanço energético do sistema de rotação; como o sistema deve ser gerido (terceirização ou auto-produção); entre outras. Para responder a essas questões, o presente projeto realiza uma avaliação técnico-econômica e ambiental em um novo sistema de produção de cana-de-açúcar sem queima em rotação com oleaginosas (soja, amendoim e girassol), com o uso de diferentes modelos matemáticos para fazer os balanços dos nutrientes necessários ao desenvolvimento da cultura e a interação entre elas, da energia produzida pelo sistema, e da emissão de gases de efeito estufa.