Na Região Sul do Brasil, a produção de frutas de clima temperado possui grande importância econômica e social. No entanto, essa atividade tem sofrido grandes prejuízos devido ao ataque da mosca-das-frutas sul-americana Anastrepha fraterculus, principal espécie de importância econômica que ocorre nos pomares do Sul do país. Além dos danos diretos que reduzem a qualidade dos frutos, a presença do inseto dificulta a exportação, devido a restrições quarentenárias impostas pelos países importadores. O controle desse inseto tem sido realizado, principalmente, com o emprego de inseticidas de amplo espectro, com destaque para os fosforados que controlam as larvas no interior dos frutos. Diante desse contexto, foi executado o projeto objetivando gerar subsídios para tecnologias apropriadas ao manejo integrado da mosca-das-frutas sul-americana por meio de estudos da bioecologia da praga e do desenvolvimento e aprimoramento de técnicas de controle na fruticultura de clima temperado. Os resultados relativos aos estudos de bioecologia indicam que a praga utiliza um grande número de hospedeiros para multiplicação populacional durante o ano. Esses estudos evidenciaram também que, em termos de colonização da Anastrepha fraterculus, existe um comportamento de agregação nos pomares, uma vez que as áreas de periferia em relação às áreas nativas são as mais infestadas. O conhecimento desse comportamento é fundamental para estabelecer estratégias de controle baseadas em iscas tóxicas. Verificou-se que injúrias causadas pela oviposição dessa praga em bagas de uva da cultivar ‘Itália’ favorecem a penetração de outros patógenos causadoras da podridão-ácida. O armazenamento de maçãs infestadas por ovos e larvas do inseto em câmara fria (temperatura em torno de zero grau) demostrou uma sobrevivência decrescente à medida que aumenta o tempo de exposição ao frio. A partir de 14 dias de armazenamento, a sobrevivência de larvas e o atingimento da fase de pupa são muito baixos. Portanto, esse tratamento passa a ser uma importante ferramenta para os casos de infestação no campo no período de pré-colheita e, principalmente, para a exportação, devido aos requisitos fitossanitários dos países importadores. Um dos grandes avanços do projeto foi o estabelecimento de meios artificiais para a criação de larvas e a obtenção de ovos, que eram grandes entraves ao desenvolvimento de novas tecnologias. A partir desses meios, tendo-se uma população do inseto disponível em laboratório, em qualquer época do ano podem ser realizados, por exemplo, estudos de eficiência de atrativos para o monitoramento e de ferramentas de controle da praga.