Modelo conceitual para transferência de tecnologia na Embrapa: um esboço.

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Autoria: CAVALCANTI, A. R.

Resumo: Este trabalho propõe resposta afirmativa à pergunta: é possível praticar as atividades de transferência de tecnologia (TT), a partir da Embrapa, segundo um único modelo conceitual, em face da pluralidade de situações em que a atividade deve se desenvolver? A resposta baseia-se no emprego dos conceitos de capital financeiro, capital técnico, capital social e capital cultural, sendo este último inseparavelmente vinculado ao conceito de habitus. Adotantes de tecnologias são considerados clientes ? potenciais ou efetivos. Cada tecnologia ofertada carrega consigo a exigência de algum arranjo dessas formas de capital, que pode ou não corresponder à sua disponibilidade para os clientes. Cada tecnologia ofertada classifica os clientes potenciais em função de sua capacidade de adotá-la, tanto quanto, na perspectiva oposta, cada cliente potencial classifica as tecnologias ofertadas em função da sua posse ou seu acesso àqueles capitais e das exigências que elas lhe apresentam. Defende o entendimento de que a transferência da tecnologia só ocorre com a sua adoção por clientes inseridos em cadeias produtivas, que englobam tanto a produção quanto o consumo do que é produzido com o emprego da tecnologia. E de que o potencial adotante é o sujeito do processo de adoção. Cada vez que um cliente adota exitosamente uma tecnologia a ele ofertada acontece uma unidade de transferência-adoção de tecnologia. A esse modelo básico o trabalho agrega as noções de: a) polis­ semia, proveniente da Semiologia; b) cadeia produtiva de tecnologias agropecuárias, haurida na Economia; c) utilidade de tempo e de lugar, própria do Marketing; e d) cultura da pobreza e cultura da transformação, buscadas na Antropologia e na História Social. E propõe o desenvolvimento no setor da Embrapa responsável pelas atividades de TT: a) da capacidade de pesquisar regularmente a clientela potencial para adoção de tecnologias, no intuito de conhecer suas disponibilidades daquelas formas de capital; b) da capacidade de analisar cada tecnologia, de modo a estabelecer, com precisão e clareza, suas exigências daquelas diferentes formas de capital; c) da capa-cidade de relacionar-se dialogicamente com a clientela, com ênfase na elaboração de manuais adequados, entendidos em sentido amplo, de modo a favorecer a comunicação baseada na intersubjetividade; d) da capacidade de articular-se estavelmente com agentes da cadeia produtiva de tecnologias agropecuárias, capazes de levar as tecnologias ofertadas aos seus potenciais adotantes, com utilidade de tempo e de lugar, e com capacidade de assisti-los no processo de adoção; e e) da capacidade de avaliar sistematicamente, mediante pesquisas de campo, as razões de êxitos e fracassos das tecnologias ofertadas em chegar à efetiva adoção. Concebe, afinal, a atividade de transferência de tecnologia como parte de um tripé em que transferência de tecnologia, prospecção de demandas e pesquisa & desenvolvimento se complementam mutuamente, e apresenta um primeiro esboço de modelo de integração entre essas três atividades, para ensejar sua prática de forma solidária dentro da Empresa.

Ano de publicação: 2015

Tipo de publicação: Livros

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