Controle de carrapatos em sistemas de produção de bovinos associado ao manejo nutricional no campo.

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Autoria: ANDREOTTI, R.; GARCIA, M. V.; REIS, F. A.; RODRIGUES, V. da S.; BARROS, J. C.

Resumo: Um dos entraves para a cadeia produtiva bovina do mundo inteiro, o carrapato-do-boi é responsável por causar enormes agravos na produção de carne, leite e couro. Infestações podem provocar reações inflamatórias na pele, causando irritabilidade, lesões e anorexia, sendo que bovinos com altas infestações apresentam falta de apetite, resultando em pouco pastejo acarretando uma diminuição da taxa diária de conversão do alimento em carne e leite. Além disso, as lesões decorrentes das infestações podem favorecer a instalação de miíases e infecções secundárias com difícil controle na lida do rebanho (Furlong; Prata, 2013). Outro agravante importante que ocorre durante o parasitismo dos bovinos por esse carrapato é a possibilidade de transmissão dos agentes etiológicos da Tristeza Parasitária Bovina - TPB (Babesia bovis, Babesia bigemina e Anaplasma marginale), podendo acarretar morte dos animais (Pereira; Labruna, et al., 2008). Prejuízos indiretos ao produtor, relacionados à mão-de-obra, despesas com instalações, aquisição de equipamentos e principalmente a aquisição de acaricidas para tratamento do rebanho, foram estimados em 3,24 bilhões de dólares ao ano (Grisi et al. 2014). Apesar de existirem várias alternativas de controle desse carrapato sabe-se que o mais comumente utilizado, não só no Brasil até o presente, é o controle por meio do uso de carrapaticidas químicos. Entretanto, sabe-se que normalmente esses carrapaticidas de diferentes bases químicas são vendidos sem orientação técnica podendo propiciar a contaminação dos produtos, como carne e leite, bem como do meio ambiente. A resistência desenvolvida pelos carrapatos e suas populações às diferentes bases químicas empregadas para seu controle é um outro agravante decorrente do mau uso dos acaricidas de forma sistemática. Vale ressaltar que Higa et al. (2015) relataram que 50% dos estados brasileiros apresentam populações de carrapatos resistentes às mais variadas bases químicas utilizadas. Essa realidade tem sido uma preocupação, por parte dos pesquisadores e dos produtores que enfrentam tal problema. Portanto, atender à demanda do controle do carrapato sem o uso ou até mesmo a diminuição desses produtos é um dos grandes gargalos da cadeia produtiva da pecuária bovina no Brasil e no mundo. O Brasil possui em torno de 217,5 milhões de bovinos e é responsável pela exportação de aproximadamente 1,5 milhões de toneladas de carcaça por ano, ocupando o segundo lugar mundial na produção de gado de corte (MAPA, 2017) e o quinto lugar em produção de leite (FAO, 2015). Para elevar a produtividade da cadeia produtiva de bovinos, tem se buscado uma melhoria dos sistemas de produção desenvolvendo novas técnicas de manejo e introdução de pastagens cultivadas. Ao mesmo tempo, existe a preocupação e um grande esforço visando melhorar geneticamente os rebanhos com a introdução de novas raças bovinas e os respectivos cruzamentos, concebendo, assim, gerações de animais com desempenho produtivo superior. Diante dessas realidades, cabe a preocupação e a necessidade de viabilizar o aumento da capacidade de carga animal por área de pastejo. O objetivo deste capítulo é apresentar uma proposta de controle do carrapato-do-boi, Rhipicephalus (Boophilus) microplus direcionada para sistemas de produção de bovinos de corte, que apresentam animais cruzados sensíveis ao carrapato. Com esta proposta de controle reduz-se o uso de acaricidas e, consequentemente, a contaminação ambiental, possível intoxicação tanto de humanos como os próprios animais pelo uso desses acaricidas, além de mitigar o surgimento de resistência aos acaricidas na população desses ectoparasitas.

Ano de publicação: 2019

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