Autoria: TURETTA, A. P. D.; HERNANI, L. C.; PRADO, R. B.; FIDALGO, E. C. C.; RALISCH, R.; MARTINS, A. L. da S.

Resumo: Estima-se que a população mundial em 2030 será de 8,3 bilhões de pessoas, pressionando ainda mais as fontes de energia, água, alimentos, uso da terra e extração mineral, sobretudo em países em desenvolvimento (ROCKEFELLER FOUNDATION..., 2010). Até 2050, a agricultura precisará produzir globalmente 60% a mais de alimentos, e 100% a mais nos países em desenvolvimento (WWAP, 2015). Esse cenário coloca a atividade agrícola em lugar de destaque na agenda global e expande a discussão para além da produção de alimentos, incluindo temas como o seu potencial em gerar outros benefícios aos ecossistemas e à sociedade, partindo-se do conceito de multifuncionalidade da agricultura, que ocorre quando esta desempenha outras funções além do seu principal papel na produção de alimentos e fibras (OECD, 2017). Candiotto (2009) destaca que a noção de multifuncionalidade se pauta na retórica do desenvolvimento sustentável institucionalizado pela Organização das Nações Unidas (ONU). O autor ressalta que, no passado, a agricultura já tinha elementos de multifuncionalidade, mas que a principal diferença para o momento atual é a institucionalização da perspectiva da multifuncionalidade pelo Estado, por meio de políticas públicas que preveem a compensações financeiras aos agricultores, com o objetivo de garantir uma relativa conservação ambiental e sociocultural. Nesse contexto, a agricultura conservacionista (AC) desempenha papel relevante, uma vez que visa reduzir a degradação do solo por meio de várias práticas que minimizam a alteração da composição e estrutura do solo e quaisquer efeitos negativos sobre a biodiversidade natural (Shaxson; Barber, 2017). Em geral, a AC inclui as práticas que reduzem ou eliminam o revolvimento do solo e evitam a queima de resíduos, a fim de manter uma cobertura superficial adequada ao longo do ano a exemplo do Sistema Plantio Direto (SPD). No entanto, ainda é bastante restrita a apropriação desse conceito no cenário agrícola brasileiro mesmo em sistemas agrícolas reconhecidamente conservacionistas, como o SPD. Um dos obstáculos é a escassez de estudos que apontem os indicadores capazes de evidenciar e monitorar os múltiplos benefícios gerados por esses sistemas conservacionistas; outro obstáculo é a falta de mecanismos competentes para assegurar o comprometimento dos produtores com as práticas adequadas.

Ano de publicação: 2020

Tipo de publicação: Folhetos

Unidade: Embrapa Solos

Palavras-chave: Agricultura Sustentável, Ecosystem services, No-tillage, Plantio Direto, Serviços Ambientais, Sustainable agriculture