Sistemas de integração com teca.

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Resumo: A intensificação sustentável do uso da terra é o caminho para conciliar a demanda crescente de produção de alimentos com a conservação de ecossistemas naturais. No Brasil, o segundo maior produtor de carne bovina do mundo (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, 2020), a intensificação dos sistemas de produção, até então baseados em pastagens, é fundamental para melhorar a eficiência da produção e reduzir o desmatamento, uma vez que fazendas de gado de baixa produtividade e renda ocupam a maior parte da área agrícola. No setor de florestas plantadas, a monocultura é predominante e, no caso da teca (Tectona grandis L. f.), outros agravantes são: alto custo de implantação e manutenção, ciclo longo de produção (imobilização de capital) e, consequentemente, retorno financeiro demorado. Neste contexto, a estratégia de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é uma oportunidade promissora no conjunto de possíveis estratégias de intensificação, pois tem o potencial de recuperar vastas áreas de pastagens degradadas, mitigar as emissões de gases de efeito estufa e, principalmente, atua como alternativa para minimizar os riscos e amortizar os custos advindos da implantação e da manutenção dos plantios de teca. Portanto, os sistemas ILPF constituem em uma forma de uso eficiente da terra, em que ocorre o consórcio entre a agricultura, a pecuária e a silvicultura, obtendo-se benefícios das interações ecológicas e, ou econômicas resultantes desta combinação (Balbino et al., 2011). Por conta da necessidade de alternativas tecnológicas e inovadoras, que tenham por objetivo o desenvolvimento socioeconômico regional e a substituição da monocultura, a teca tem seu lugar garantido como componente florestal, por ser considerada uma espécie de elevado valor econômico para o suprimento sustentável das necessidades de indústrias de base florestal, cujo principal produto é a madeira de qualidade para a fabricação de móveis de luxo, pisos, embarcações, além do aproveitamento dos resíduos e sobras de processamento para fins energéticos (Pelissari et al., 2014). É referida como a rainha das madeiras tropicais e, de acordo com o botânico alemão do século XIX, Sir Dietrich Brandis, ?a teca está para as espécies madeireiras, como o diamante entre as pedras preciosas e o ouro entre os metais?. A expectativa gerada pela teca plantada é alta por causa da elevada demanda por madeira, acompanhada da redução da sua oferta em florestas naturais devido à superexploração, ao desmatamento e à conversão para outros usos da terra. Embora a demanda anual de madeira das florestas plantadas de teca seja estimada em cerca de 30 milhões de m3 (Midgley et al., 2015), apenas 2,0-2,5 milhões de m3 são colhidos anualmente em florestas naturais e plantadas. Espera-se que esse nível de produção aumente, principalmente, com as florestas plantadas presentes na América do Sul e Central. Dessa forma, os sistemas ILPF, onde o componente florestal é a teca, são alternativas de sustentabilidade, pois estão alicerçados em princípios econômicos de utilização racional dos recursos naturais renováveis, sob exploração com menor impacto ao meio ambiente, capazes de gerar benefícios sociais, porém sem comprometer o potencial produtivo dos agroecossistemas regionais. Por outro lado, em regiões com pouca tradição florestal, existe a necessidade de introduzir o conceito de produtor florestal, que requer o desenvolvimento e a viabilização de tecnologias para obter madeira de teca com qualidade. Da mesma forma, a sinergia entre os componentes, que permitirá agregar valor ao sistema, só irá acontecer na medida em que o produtor se especializar no manejo e na condução das árvores de teca, com desbastes e podas planejadas. Assim, o objetivo deste capítulo é, portanto, apresentar e discutir diversos aspectos relacionados com a implantação de sistemas de ILPF que utilizam a teca como componente arbóreo, com especial ênfase no arranjo de plantio, na implantação e na condução das árvores.

Ano de publicação: 2023

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