Umbuzeiro: pesquisas, potenciais e desafios.

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Resumo: O umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr.), também conhecido como a árvore sagrada do Sertão, é uma das principais fruteiras nativas do Trópico Semi-Árido (TSA) brasileiro e o melhor exemplo de uma espécie do bioma Caatinga pesquisada. Essa Anacardiácea, pela sua adaptação e aproveitamento secular, tem desempenhado importante papel agrossocioeconômico para as populações da região. A renda proveniente do extrativismo vegetal do fruto do umbuzeiro é bastante significativa na composição da renda familiar para algumas comunidades, com percentual variando entre 40% e 50% da renda total dos agricultores. Não existem relatos da ocorrência do umbuzeiro em outras regiões do planeta e sua área de maior ocorrência no TSA é na Depressão Sertaneja. O fato impulsionador das pesquisas com o umbuzeiro foi a costatação de que mudas propagadas por enxertia de fenda to topo cheia podem iniciar a sua frutificação após o quarto ano de transplantio para o campo, enquanto mudas provenientes de sementes podem levar mais de dez anos. As pesquisas desenvolvidas resultaram na quebra da dormência das sementes, o que proporcionou germinação precoce e uniforme. Foram estabelecidos uma coleção de base, com semente, e um banco de germoplasma, com clones de plantas que apresentavam mutação visível. Pesquisas com marcadores isoenzimáticos situaram a espécie como sendo predominantemente de fecundação cruzada, com taxa de cruzamento aparente de 74%. A Embrapa Semi-Árido já distribuiu mais de 10 mil mudas de clones de plantas com fruto 'gigante', visando não apenas chamar a atenção para a importância das espécies nativas do bioma Caatinga como um todo, mas também para estabelecer áreas-piloto de observação em cultivo agronômico do umbuzeiro. Outra linha de pequisa promissora tem sido o uso do umbuzeiro como porta-enxerto de outras Spondias, como cirigüela e cajá-manga, o que poderá resultar numa fruticultura de sequeiro competitiva e diversificada. O desenvolvimento de produtos de base socioecológica, como doces, geléias, compotas e, no futuro, picles de mudas de até quatro meses de idade, tem aberto janelas de comercialização não apenas no Brasil mas também em outros países. Apesar dos resultados dos últimos 15 anos, outros desafios ainda permanecem: 1) crescimento inicial lento e frutificação após cinco anos em condo=ições de sequeiro absoluto; 2) indução floral para reduzir o período juvenil em condições de sequeiro; 3) oportunidade para o desenvolvimento de plantas com frutos sem sementes; 4) manejo de áreas de extrativismo - aumento da eficiência e sustentabilidade; 5) incentivo para o estabelecimento de áreas do umbuzeiro; 6) divulgação em feiras internacionais como produto agrossocioecológico. O aprofundamento das pesquisas com o umbuzeiro, com a conseqüente disponibilização de informações tecnológicas, poderá ter um grande impacto na geração de renda e emprego e na recuperação e preservação de áreas degradadas.

Ano de publicação: 2005

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