Economia dos produtos florestais não-madeireiros no Estado do Amapá: sustentabilidade e desenvolvimento endógeno.
Economia dos produtos florestais não-madeireiros no Estado do Amapá: sustentabilidade e desenvolvimento endógeno.
Autoria: CARVALHO, A. C. A. de
Resumo: Como região periférica, historicamente a Amazônia tem participado do desenvolvimento de outras regiões fornecendo do seu estoque natural, produtos primários brutos sem qualquer agregação de valor. Todavia, o aquecimento global tem obrigado que sejam colocadas em prática as medidas efetivas de redução do desmatamento na Amazônia, tornando alvissareiras as múltiplas oportunidades que poderão tornar viáveis a manutenção da floresta em pé. o extrativismo vegetal, baseado na exploração sustentável dos produtos florestais não-madeireiros é, por suposto, uma das alternativas mais consistentes ecologicamente, no que tange à conservação da biodiversidade e cobertura natural da floresta Amazônica. Sem embargo, há problemas sistêmicos que não tem deixado este segmento desenvolver-se de forma satisfatória. o transbordamento dos efeitos multiplicadores de produção setorial nas cadeias produtivas dos produtos extrativistas da Amazônia é uma variável preponderante que contribui para o baixo nível de desenvolvimento social e econômico da região. Portanto, torna-se imperativo analises teóricas sobre as possibilidades de um desenvolvimento fundamentadas em bases modernas desse novo capitalismo que tem procurado aprimorar os mecanismos econômicos que corroboram com a sustentabilidade global. A proposição da presente tese, consiste em identificar o nível de contribuição que os produtos não-madeireiros, extraídos nas florestas por populações tradicionais, têm na economia do Amapá, que é o estado brasileiro mais preservado. Possui 97% de sua cobertura florestal original e 72% do seu território, são áreas legalmente protegidas. Como método central de análise, foi utilizado o modelo de matriz insumo-produto desenvolvido por Wassily Leontief no final dos anos 20, que tem como base a organização em formato tabular de todas as inter-relações existentes no sistema econômico analisado. Este procedimento analítico tem relevante destaque como instrumento prático de análise e planejamento econômico. Além das análises de programação do crescimento econômico setorial, é adequado para estimar, mediante os efeitos multiplicadores, os impactos do crescimento econômico na produção, trabalho e renda setorial de toda a economia. o presente trabalho traz como objeto central de estudo as inferências e análises estruturais dos arranjos produtivos locais dos produtos florestais não-madeireiros do Estado do Amapá, em níveis regionais e locais. Para tanto, em razão da inexistência de informações sistematizadas ou agregadas em nível local, fez-se uso do método desenvolvido pelo professor Francisco de Assis Costa, de Contas Sociais Ascendentes Alfa - C S" para a construção das matrizes que foram utilizadas nas referidas análises de insumo-produto. Este método de C S", utiliza procedimentos analíticos ascendentes e, através de agregação progressiva dos dados locais, a partir das informações nucleares, obtêm-se as planilhas regionais, municipais ou de qualquer outro espaço geográfico ou estrutural, definido no estudo. Visando uma melhor didática na apresentação dos procedimentos técnicos, as metodologias acima citadas e suas respectivas interpretações econômicas foram descritas de forma bastante detalhada. Assim, poderá ser observado que o poder de descrição da teoria desenvolvida por Leontief é potencializado e ajustado, para aplicação em nível local, quando se utilizam os procedimentos de concatenação de matrizes do método de Contas Sociais Ascendentes Alfa. Embora existam grande números de produtos florestais não-madeireiros que são extraídos há séculos nas Floresta Amazônicas, por razões práticas, o presente estudo envolveu apenas os três produtos de maior expressão econômica e de maior volume de extração no Estado do Amapá, conforme descritos a seguir: açaí (Euterpe oleracea), castanha-do-pará (Bertholletia excelsa) e o cipó-titica (Heteropsis fiexuosa) As análises estruturais feitas a partir das inter-relações existentes entre todos os agentes mercantis que participam dos arranjos produtivos dos produtos florestais não-madeireiros locais, indicaram que há grande desequilíbrio de forças nos mecanismos de comercialização. Para o caso da castanha-do-pará, assim como para outros produtos extrativistas, ainda persiste até hoje a grande rede de atravessadores e a pratica do sistema de aviamento, em que o comprador adianta o dinheiro e recebe produtos da floresta como pagamento das dívidas que nunca findam. o setor de base extrativista dos produtos florestais não-madeireiros do Amapá, com um PIB (Produto Interno Bruto) para o ano de 2009, estimado pela análise insumo-produto em R$ 204 milhões, que corresponde a 3,07% do PIB total do Amapá. Aparentemente esse valor é pequeno, todavia é extremamente significante quando observado que do total do PIB do Amapá (estimado para 2009 em 6,65 bilhões de reais), apenas 13,24% se refere ao setor produtivo e que os 86,77% restante, diz respeito às atividades do setor terciário. O PIB do arranjo produtivo local do açaí,
Ano de publicação: 2010
Tipo de publicação: Teses
Unidade: Embrapa Amapa
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