Representações dos proprietários e funcionários de fazendas sobre as mudanças e conservação da vegetação ciliar às margens do rio São Francisco, Nordeste do Brasil.
Representações dos proprietários e funcionários de fazendas sobre as mudanças e conservação da vegetação ciliar às margens do rio São Francisco, Nordeste do Brasil.
Autoria: SILVA, T. C. da; RAMOS, M. A.; ALVAREZ, I. A.; KIILL, L. H. P.; ALBUQUERQUE, U. P. de
Resumo: No Brasil, foi marcante a ocupação de grupos humanos em áreas com potencial hídrico elevado para o desenvolvimento da agricultura irrigada. Neste contexto, inseri-se o rio São Francisco, que vem passando por constantes mudanças em relação à sua cobertura vegetal original. O presente estudo buscou responder as seguintes perguntas: Como fazendeiros e funcionários representam as possíveis mudanças da vegetação ciliar ao longo do tempo? Quais os eventos históricos responsáveis por essas possíveis mudanças? Como os fazendeiros e funcionários representam os aspectos relacionados às utilidades e à conservação da vegetação ciliar? Um total de 17 homens e oito mulheres, proprietários e funcionários de áreas próximas à vegetação ripária em cinco municípios dos estados da Bahia e Pernambuco, participaram da pesquisa. Entrevistas semiestruturadas e entrevista semiestruturada do tipo projetiva foram empregadas para investigar as representações sobre conservação da mata ciliar e mudanças locais da paisagem, bem como resgatar os eventos históricos que as influenciaram. Com o objetivo de registrar o conhecimento local sobre a diversidade de espécies úteis mais importantes foi utilizada a técnica de lista livre. Em relação às modificações da paisagem verificou-se que apenas um entrevistado afirmou não haver mudanças na vegetação ciliar, seis afirmaram que houve mudanças para pior e quatro para melhor. Quatro proprietários responderam que as mudanças na vegetação iniciaram há 10 anos, seis há mais de 30 anos, dois não sabiam e um não verificou mudanças. Entre os funcionários, cinco afirmaram que elas ocorreram há mais de 20 anos, quatro há mais de 10 anos e para quatro deles a vegetação não mudou. Observou-se que todos os informantes concordaram que a vegetação deve ser conservada, sendo que 64% destacaram que ela protege o rio e os outros 36% indicaram outras utilidades para a vegetação ciliar, tais como: atrair chuva, fazer sombra, usos medicinais e aumentar a quantidade de oxigênio. Sobre quem seriam os responsáveis pela conservação: 48% disseram que eram os próprios proprietários de terras, 48% afirmaram que era dever de todos conservar e 4% atribuíram a responsabilidade ao IBAMA. Eles também apontaram soluções para a conservação da vegetação ripária, como o reflorestamento (39%), não desmatar (17%), educação ambiental (13%) e cuidar bem (13%). Futuros projetos de restauração que podem vir a ocorrer nessa área devem levar em consideração essas diferentes representações, demandas e expectativas.
Ano de publicação: 2011
Tipo de publicação: Artigo de periódico
Unidade: Embrapa Semiárido
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