Devido a sua origem e domesticação, a alface (Lactuca sativa) é uma espécie adaptada a regiões de clima ameno e cultivos conduzidos em condições de temperaturas mais elevadas aliado ao uso de cultivares sem adaptação, antecipam o florescimento das plantas, que sintetizam látex e conferem sabor amargo às folhas, diminuindo o valor comercial e, em alguns casos, inviabilizando a comercialização. No Brasil, a alface é a principal hortaliça folhosa, sendo as variedades crespas e de coloração verde as preferidas pelo consumidor. No entanto, a elevada incidência de patógenos de solo tem sido um dos principais problemas no cultivo desta hortaliça em condições de campo aberto e cultivo protegido.

Esses problemas podem ser minimizados com o plantio da cultivar BRS Mediterrânea, que apresenta tolerância aos principais patógenos de solo e com bom nível de tolerância ao florescimento precoce.

A cultivar BRS Mediterrânea é uma alface de folhas crespas com uma tonalidade de verde mais escuro. As plantas possuem crescimento vegetativo vigoroso, grande porte e caule grosso, que confere facilidade na colheita e na manipulação pós-colheita. É de ciclo curto, em média, sete dias mais precoce que a cultivar de alface crespa mais plantada no Brasil, com ciclo de produção variando em função das condições climáticas, sendo em torno de 35 dias nos períodos mais quentes e de 45 dias nos períodos mais frios. É indicada para cultivo em todas as regiões produtoras de alface do país, em qualquer sistema de produção: campo aberto, cultivo protegido ou hidroponia, produzindo pés com peso médio entre 700 e 800 g, dentro dos espaçamentos habitualmente utilizados.

Os bons níveis de tolerância ao fungo Fusarium oxysporum f. sp. lactucae causador da murcha de fusário e aos nematoides-das- galhas (Meloidgyne incognita e M. javanica) e resistência a alguns patotipos do Lettuce mosaic virus causador do vírus do mosaico da alface fazem da cultivar uma alternativa de produção em áreas com essas doenças, pela redução nas perdas de produtividade. Sua tolerância às altas temperaturas e ao florescimento precoce ocasionado pelo calor, ou seja, mesmo em condições de temperatura superior à faixa de temperatura ótima para cultivo, a planta atinge o tamanho comercial desejável no momento da colheita é alternativa cultivo em áreas de clima mais quente.

A cultivar foi desenvolvida no âmbito do programa de melhoramento genético de alface da Embrapa Hortaliças, cujo objetivo principal é contribuir com a sustentabilidade da cadeia produtiva de alface no Brasil. A cultivar BRS Mediterrânea está registrada e protegida pelos órgãos competentes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Esta solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outra(s) instituição(ões).