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Livro lançado no Brasil com a participação brasileiros e franceses aborda Redes de Agroecologia
Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) participaram de 3 capítulos do livro Redes de Agroecologias – experiências no Brasil e na França, organizado por Alfio Brandenburg, Jean-Paul Billaud e Claire Lamine, lançado no final de 2015, trabalho que aborda a perspectiva de estudos comparativos e a tradição clássica da sociologia rural de ambos os países.
A primeira parte do livro trata de textos relativos a redes científicas, agricultura ecológica e literatura. Diversos trabalhos abordam as redes de pesquisadores, de agricultores, de comercialização conectando redes de atores diversos. O segundo tema é a institucionalização do movimento agroecológico e redes de mercados alternativos, com mercado e reorganização dos atores sociais, redes alimentares alternativas, novas relações produção-consumo na França e no Brasil e a relação entre os circuitos curtos e a agricultura de base ecológica como elemento chave da sustentabilidade agrícola em metrópoles. A terceira parte aborda Agricultura Ecológica, Sustentabilidade e Ética Ambiental.
O primeiro capítulo, Estudo cientométrico dos congressos brasileiros de agroecologia (CBAs), de Pascal Aventurier, Guillaume Ollivier, Maria de Cléofas Faggion Alencar (Embrapa Meio Ambiente) e Stéphane Bellon, analisou – com as técnicas de cientometria – um corpus definido em Agroecologia com referência nacional, para mapear os principais temas abordados no Brasil, as suas interações, a evolução entre eles, os autores e suas instituições, as áreas de produção e as redes em que se desenvolvem. Os autores concluíram que a produção das comunicações nos CBAs se situa, preferencialmente, nos estados mais desenvolvidos do Brasil, naqueles com mais capacidade de pesquisa, com redes associativas mais importantes. "Nossa constatação pode ser uma fonte de interrogação sobre o desenvolvimento da produção do conhecimento em Agroecologia e sua relação com as práticas agroecológicas, que também se refere à relação entre a produção científica e as práticas sociais. Isso nos dá a impressão que é possível haver um certo risco de desconexão entre as capacidades acadêmicas e os lugares onde a Agroecologia poderia ser um meio de subsistência e de desenvolvimento de populações em condições de insegurança alimentar".
O capítulo Redes alimentares alternativas e novas relações produção-consumo na França e no Brasil, de Moacir Roberto Darolt, Claire Lamine, Maria de Cléofas Faggion Alencar e Lucimar Santiago Abreu (Embrapa Meio Ambiente), abordou a temática com o objetivo de analisar as particularidades das redes alternativas de comercialização de produtos ecológicos e as novas relações produção-consumo na França e no Brasil. Para isso, apresentou-se uma tipologia desses circuitos curtos, como funcionam, as características principais, as oportunidades e as dificuldades para produtores e consumidores. O estudo confirmou a hipótese de que os circuitos curtos são viáveis e fortalecem as redes alimentares alternativas associadas às características da produção ecológica (pequenas áreas, mão de obra familiar, produção diversificada, autonomia dos agricultores, ligação com o consumidor, preservação da biodiversidade, valorização da paisagem, qualidade alimentar e produto saudável).
Nas experiências em que se verifica a formação de redes com apoio de políticas públicas e interação entre atores (poder público, entidades não governamentais, organizações de agricultores e consumidores), se observam avanços e inovações sociais no processo de distribuição de alimentos, na tomada de decisão e novos modelos de gestão participativa, como é o caso do circuito de comercialização da rede Ecovida no Sul do Brasil, os programas de alimentação escolar (Brasil e França) e o caso das associações de consumidores na França.
E o terceiro capítulo, intitulado Controvérsias e relações entre Agricultura Orgânica e Agroecologia, de Lucimar Santiago Abreu, Stéphane Bellon, Alfio Brandenburg, Guillaume Ollivier, Claire Lamine, Moacir Roberto Darolt e Pascal Aventurier, discorre que apesar dos modelos agrícola convencional ou industrial terem proporcionado aumentos significativos de produtividade dos cultivos e constituídos sistemas "aparentemente" rentáveis, eles têm sido severamente questionados por estarem associados a uma série de problemas ecológicos e socioambientais, dentre eles a dependência de combustíveis fósseis e a baixa eficiência energética; a degradação dos recursos naturais; a contaminação de alimentos e meio ambiente; o uso crescente de agrotóxicos e fertilizantes químicos; o impacto negativo sobre a saúde dos agricultores e dos consumidores; a erosão genética (perda de variedades crioulas), diminuição da biodiversidade com a simplificação dos ecossistemas; a perda das técnicas, da cultura e de saberes tradicionais dos agricultores e, finalmente, o aumento do êxodo e da pobreza.
Para enfrentar esses desafios e dificuldades, a Agricultura Orgânica e a Agroecologia ou o conjunto das agriculturas alternativas apresentam forte potencial de solução para problemas. Os autores concluíram que a Agroecologia parece avançar sobre o campo da Agricultura Orgânica, mas as duas têm um papel importante e expressam novas tendências das políticas da multifuncionalidade da agricultura e aproxima produtores e consumidores. Também reforçam que não podem ser tratadas de forma polarizada, visto que ambas têm peso social, ambiental e econômico importantes, principalmente para a Agricultura Familiar.
O publicação do livro é resultado do projeto "Agroecologia na França e no Brasil: entre redes científicas, movimentos sociais e políticas públicas", financiado pela Capes/Cofecub.
Cristina Tordin (MTb 28499/SP)
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