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Casca e semente de maracujá geram produtos de alto valor no mercado
Um projeto liderado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ) quer reverter o desperdício de matéria-prima em indústrias de processamento de suco e polpa de maracujá. Isto porque cascas e sementes beneficiadas tornam-se produtos de alto valor agregado nos ramos alimentício e cosmético.
Hoje, no Brasil, cerca de 90% das cascas e sementes do maracujá viram toneladas de lixo. A casca é rica em pectina, cuja forma sintética é empregada na indústria de alimentos para dar firmeza a doces e geleias. Ela também tem niacina (Vitamina B3), ferro, cálcio, fósforo e sódio. E essa riqueza despertou o interesse de empresas como Herbarium e Phytomare, por exemplo, para elaboração de produtos naturais que auxiliam no controle da glicemia. Potes de 200 gramas ou cápsulas são facilmente encontrados em supermercados e farmácias a preços que variam de R$ 20 a R$ 24.
Pesquisadores revelam que estudos feitos com a semente mostram que ela tem 87% de ácidos graxos insaturados (oléico e linoleico), importantes na elaboração de alimentos com ômega 6 que ajuda no desenvolvimento do organismo. Os cosméticos fazem uso dos ácidos graxos em linhas para controle da oleosidade da pele. Não é difícil encontrar produtos industrializados deste gênero com valores entre R$ 33 e R$ 58.
"O desperdício das casas e sementes de maracujá pode ser evitado com estudos de viabilidade técnica-econômica e organização de unidades acopladas à indústrias de suco", afirmou o pesquisador Eder Dutra de Resende, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), que coordena a ação de aproveitamento de subprodutos derivados dento do Projeto Inovação Tecnológica para a Cadeia Produtiva do Maracujá no Norte Fluminense.
A pesquisadora Rosemar Antoniassi, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, também ressalta a importância do processo. "Estas matérias-primas não podem mais ser tratadas como lixo. Caso contrário, seu potencial não se expressa".
Segundo dados da Emater-RJ, o maracujá é produzido em mais de 40 municípios do Rio de Janeiro e o Estado está entre os principais produtores, seguido da Bahia, Espírito Santo, Sergipe e São Paulo. No entanto, o Norte Fluminense tem sofrido problemas sérios com o ataque de doenças que aniquilam as plantas logo aos quatro meses de cultivo. Pesquisadores da Pesagro-Macaé, que também integram o projeto, já identificaram uma espécie resistente, a Passiflora alata, que servirá de porta-enxerto para novas mudas.
Estratégias - Na semana passada, pesquisadores e técnicos da Embrapa, da UENF, da Pesagro-RJ, da Emater, da Firjan e do Projeto Frutificar estiveram reunidos em Campos dos Goytacazes (RJ) para definir as primeiras estratégias de ação para atacar os problemas da cadeia produtiva do maracujá na região. Eles têm dois anos para implementar as inovações em parceria com produtores e processadores. O projeto obteve financiamento do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Soraya Pereira(MTb 26165-SP)Contato: (21) 2410 9545soraya@ctaa.embrapa.br
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