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Inovação e comunicação dominam discussões em simpósio sobre pecuária sustentável
Planejado para discutir “Inovações e Sustentabilidade na Pecuária”, o simpósio realizado na última sexta-feira (12), na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), foi além e resultou em reflexões importantes sobre o papel da tecnologia e da comunicação para o setor agropecuário no Brasil.
Os palestrantes apresentaram informações sobre as novas tecnologias em desenvolvimento e também algumas já aplicadas pelos produtores rurais, por exemplo, em agricultura e pecuária de precisão, bem como números sobre a utilização da terra no Brasil que sinalizam a importância da produção sustentável.
Evaristo de Miranda, chefe-geral da Embrapa Monitoramento por Satélite (Campinas, SP), utilizou a figura do químico francês Antoine Lavoisier para mostrar o ciclo de carbono na agricultura e apresentou um estudo recém-concluído, com base nos registros do Cadastro Ambiental Rural, que constata que a vegetação nativa em imóveis rurais ocupa 19% do território brasileiro.
Ao mostrar que o País possui a maior parte dos 850 milhões de hectares preservados, Evaristo de Miranda defendeu que o setor agropecuário precisa ser mais eficiente no processo de comunicação. “Nós estamos ausentes das redes sociais, temos que ir para um outro patamar no diálogo com a sociedade”, afirmou.
Posição semelhante foi defendida pelo chefe-geral da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), Cléber Soares, ao comentar que a proteína animal que mais se popularizou no Brasil é a de frango. “Precisamos mostrar para a sociedade que o Brasil tem tecnologia para ser o celeiro do mundo”, enfatizou.
Cléber Soares relatou diversas experiências com a pecuária inteligente, especialmente, no desenvolvimento de aplicativos móveis para regiões rurais para atender pequenos agricultores. A unidade de Campo Grande criou um laboratório que reúne equipe de pecuaria de precisão, engenharia de software e meio ambiente, com foco em inovação, segundo Soares, para a ciência orientada por dados.
Nesse sentido, o diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa, Ladislau Martin Neto, apresentou projeções e estudos do Sistema de Inteligência Estratégica da Empresa que mostram justamente o papel do Brasil para o aumento da produção mundial de alimentos destacando, inclusive, a necessidade de autosuficiência energética no meio rural.
Ladislau lembrou que o País já possui 11,5 milhões de hectares no sistema de Integração Lavoura Pecuária Floresta, cuja diversificação é um elemento-chave para trazer ganhos ao produtor rural. “A tecnologia é o fator diferencial para explicar o sucesso do agro brasileiro; é importante aumentar a sinergia para que os avanços cheguem de forma mais rápida ao produtor rural e, para isso, precisamos de comunicação”, destacou Martin Neto.
A importância do sistema ILPF também foi referendada pelo chefe adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt, ao mostrar que desde 2003 a Embrapa possui redes de pesquisa ligadas à pecuária sustentável que geraram dados importantes que mostram a mitigação de Gases de Efeito Estufa.
Berndt fez referência aos novos trabalhos com seleção e edição genômica, bem como às inovações nas pesquisas na direção de mais fenótipos, menos mão-de-obra, mais dados e maior eficiência na pecuária. “Conteúdo e transparência são fundamentais, temos procurado participar dos principais fóruns nacionais e internacionais para mostrar os dados do balanço de carbono em diferentes situações”, explicou.
A importância da tecnologia para a produtividade da pecuária leiteira foi destacada pelo chefe-geral da Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora, MG), Paulo Martins, ao salientar que “viver num ambiente de disruptura contínua é algo cada vez mais complexo”. Ele relatou a experiência com o Sistema de Monitoramento de Qualidade do Leite – desenvolvido em sete meses – com o qual é possível rastrear, via produtor e empresa, a qualidade do leite no Brasil.
Martins destacou também uma iniciativa que envolveu 11 universidades de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, o desafio de startups “Ideas for Milk”. Foram realizados 14 eventos em nove cidades com mais de dois mil participantes e 137 inscritos, trazendo o conhecimento da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) para resolver problemas na cadeia leiteira.
A importância do envolvimento de outras empresas com o setor agropecuário foi um dos pontos destacados pelo pesquisador Ricardo Inamasu, da Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP). Líder da Rede de Agricultura de Precisão coordenada pela Embrapa, ele mostrou exemplos de empresas que estão trabalhando com big data em áreas agrícolas.
“As projeções para 2025 indicam um mercado potencial da chamada Internet das Coisas entre quatro a onze trilhões de dólares”, revelou Inamasu, acrescentando que a gestão de dados e da variabilidade espacial serão muito importantes para o produtor rural e que a pesquisa precisa ajudá-lo a saber por onde começar a extrair esses dados e quais as características de um novo sensoriamento no campo com as tecnologias que estão chegando ao mercado.
Na avaliação do chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Rui Machado, “o simpósio trouxe à tona a importância do trabalho em rede, tanto do ponto de vista interno da Embrapa, quanto do ponto de vista externo, pois os desafios são corporativos e não apenas de um centro de pesquisa. Pudemos discutir o protagonismo que o Brasil tem assumido na produção agropecuária sustentável e a importância do País para a agricultura tropical”.
Edilson Pepino Fragalle (Jornalista (MTB 21.837/SP))
Embrapa Pecuária Sudeste
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