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CenterFrut reúne dados estatísticos e de projetos sobre a fruticultura baiana
Com o lançamento do Centro de Inteligência da Fruticultura Baiana (CenterFrut), produtores, pesquisadores, técnicos, estudantes e formuladores de políticas públicas têm à disposição, desde ontem (5/12), reunidos em um ambiente virtual, diversos dados e informações sobre a fruticultura na Bahia. Esse é um dos principais resultados do projeto Gestfrut (“Estabelecimento de uma rede de pesquisa, transferência de tecnologia e inovação para a fruticultura do estado da Bahia, com base na articulação, gestão e comunicação”), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). O lançamento do site www.centerfrut.com.br aconteceu durante o III Workshop Gesfrut, nos dias 5 e 6 de dezembro, na Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA).
“A grande meta do Gestfrut é o fortalecimento das redes de pesquisa e inovação em fruticultura na Bahia, e o CenterFrut pode ser um instrumento para fortalecer ainda mais essa rede nos próximos anos. Vai depender muito de se manter a alimentação desse centro virtual com informações atualizadas e que sejam do interesse da comunidade científica e da comunidade envolvida na cadeia produtiva de frutas da Bahia”, pontuou o pesquisador Domingo Haroldo Reinhardt, coordenador do Gestfrut.
Além de trazer informações sobre os 23 projetos que compõem o edital de fruticultura da Fapesb, a página na internet, administrada pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, instituição que lidera as ações do Gestfrut, disponibiliza um banco de dados (na barra superior da página principal) com estatísticas de 14 fruteiras e uma ferramenta que faz uma análise da rede de colaborações entre os diversos pesquisadores responsáveis pelos projetos.
Dados estatísticos
Sobre o dashboard Bahia, ferramenta utilizada para a otimização dos dados estatísticos, o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura José Souza explica que são trabalhadas quatro dimensões para cada uma das fruteiras que são focos dos projetos: mesorregiões geográficas (sete), microrregiões geográficas (32), municípios (417) e territórios de identidade (27). As três primeiras integram o escopo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A última (territórios de identidade) foi criada pelo projeto. “Tivemos que fazer todo um tratamento de dados para disponibilizar as estatísticas também tendo por base os territórios de identidade, pois é outra forma referencial para vários assuntos no estado da Bahia. Deu um pouco mais de trabalho, mas valeu a pena”, afirma Souza, que desenvolveu o dashboard junto com os estagiários Milena Nogueira e Jadson Rodrigues, tendo por base o dashboard específico para a cultura do maracujá, criado pelo pesquisador Onildo Nunes.
O período definido vai de 1990 a 2016, ano da última estatística do IBGE. Em relação às variáveis utilizadas, foram selecionadas as quatro básicas do instituto: área colhida, produção, rendimento e valor de produção. Também nesse caso foi criada pelo projeto mais uma variável, o preço médio, obtido pela divisão do valor da produção pela produção. “São várias combinações que podem ser feitas que levam a diversas conclusões. Por exemplo, no caso da banana, o município de Wenceslau Guimarães aparece como maior produtor se selecionarmos todo o período. Mas, se selecionarmos anos mais recentes, em primeiro está o município de Bom Jesus da Lapa. Isso mostra que há uma mudança no local de produção, figurando Bom Jesus da Lapa como um novo polo”, diz Souza.
O Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) da Embrapa Mandioca e Fruticultura está concluindo uma etapa para que esse conteúdo fique disponível de forma interativa no site utilizando a plataforma corporativa de Business Inteligence (BI), em que o usuário possa, ao navegar, acessar diretamente os painéis para cada fruteira. “O usuário quer o dashboard de banana, por exemplo. Vai aparecer numa tela da web apresentando esse dashboard. A proposta, enquanto essa solução está em desenvolvimento, é que a pessoa baixe as planilhas [14] para sua máquina. Uma coisa importante: é preciso ter a versão do Excel a partir de 2010”, informa Souza.
Rede de colaborações
A outra novidade do CenterFrut é a disponibilização das redes de colaborações entre pesquisadores da fruticultura na Bahia. Sob a perspectiva das interações estabelecidas, foi possível realizar estudos sobre o estado da ciência, tecnologia e inovação (CT&I). As redes são representadas por elementos gráficos (círculos representando os pesquisadores, e linhas as coautorias e coparticipações estabelecidas entre eles).
De acordo com o gestor do NTI, Murilo Crespo, e criador desse produto — parte integrante de seu projeto de mestrado em Pós-Graduação em Gestão de Políticas Púbicas e Segurança Social na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) —, as etapas consistiram no levantamento dos principais pesquisadores da área de fruticultura na Bahia, identificação da produção científica e tecnológica e respectivas coautorias e coparticipações, construção dos gráficos representativos e finalmente a análise das redes. As redes geradas no desenvolvimento da produção científica foram agrupadas por instituição e por fruta.
“O estudo de análise de redes não se concentra na produção isolada de um pesquisador, mas sim nas relações que estabelece para gerar o conhecimento. No cenário atual de CT&I, muito mais que a geração da produção científica e tecnológica, o sucesso passa a estar associado ao domínio do fluxo desse conhecimento produzido. Quanto mais coautorias, maior centralidade tem determinado pesquisador, ou seja, mais influente ele é na rede. Assim como utilizamos a centralidade, outros indicadores utilizados no estudo de análise de redes sociais permitem analisar o estado da CT&I a partir dessas redes de colaboração. Abre também a possibilidade para usos diversos, tanto para a gestão das instituições quanto para as agências de fomento”, acrescenta Crespo.
As informações foram extraídas do currículo Lattes de cada um dos pesquisadores. Murilo explica que foram construídas duas redes: uma científica, com as informações sobre coautorias em artigos, livros, ou seja, a produção bibliográfica; e a tecnológica, com as coparticipações na geração de tecnologias. E pode haver uma filtragem nas análises por instituição (17) ou por tema, que são as fruteiras (15). São, ao todo, 99 pesquisadores. “Selecionamos os que possuíam projetos ativos nos últimos seis anos”, conta Crespo.
Além das redes de colaboração e dos dados socioeconômicos, a página conta com informações sobre os projetos em execução e os concluídos, publicações com análise conjuntural, trabalhos científicos e técnicos (artigos), notícias e links úteis, como Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O CenterFrut integra o plano de ação "Mapear o estado da arte da fruticultura baiana", coordenado pelo pesquisador Clóvis Almeida.
Parceiros
O Gestfrut é composto por Embrapa Mandioca e Fruticultura, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano), Senai / Cimatec, Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Universidade Federal da Bahia (Ufba), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).
Alessandra Vale ((Mtb-RJ 21.215))
Embrapa Mandioca e Fruticultura
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