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Congresso de agroinformática debate as perspectivas para a internet das coisas na agricultura
Com o tema internet das coisas (IoT) na agricultura, o XII Congresso Brasileiro de Agroinformática (SBIAgro 2019), realizado entre 11 e 14 de novembro, na Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec), em Indaiatuba (SP), promoveu o compartilhamento de resultados de pesquisas e de inovações desenvolvidas para o setor. O SBIAgro contemplou a apresentação de trabalhos científicos, palestras e painéis com diferentes especialistas, que discutiram a interação entre a academia e o mercado, a tecnologia da informação e comunicação no agronegócio e as questões relacionadas à conectividade no campo. A programação do congresso incluiu ainda a realização do Conect@, evento de parceria e relacionamento empresarial.
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A abertura oficial, no dia 11, teve a presença do superintendente da Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura (Fiec), professor Mário César Cobianchi, que representou o prefeito do município, Nilson Gaspar; do diretor da Fatec de Indaiatuba, José Luiz Marques; da presidente da Associação Brasileira de Agroinformática (SBIAgro), Alaine Guimarães; e da chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá, além da presidente do Congresso, a pesquisadora da Embrapa Maria Fernanda Moura.
A solenidade contou ainda com a palestra do presidente da John Deere Brasil, Paulo Herrmann, que ressaltou a vocação agrícola do Brasil e a importância da tecnologia como alavanca para o crescimento do setor, focando no papel do País como um dos responsáveis pela segurança alimentar no mundo.
Academia e mercado
O caminho para a inovação no campo deverá passar pela ampliação da qualificação profissional e a maior interação do setor produtivo com as instituições de ensino e pesquisa na opinião dos participantes do primeiro painel do evento, realizado no dia 12. A presidente da SBIAgro, Alaine Guimarães, falou sobre a atuação das agências de inovação e a oferta de cursos de pós-graduação com foco na interdisciplinaridade e na aproximação com a indústria. Ela é coordenadora do programa em computação aplicada na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), iniciado em 2010, que uniu as áreas de agrárias e de computação e estabeleceu parcerias com empresas fabricantes de equipamentos agrícolas e de fertilizantes.
Alixandre Santana, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), da Unidade de Garanhuns, também falou sobre a iniciativa de implantação de curso de especialização seguindo o modelo de pesquisa aplicada para geração de inovação, envolvendo cursos de computação, veterinária e engenharia de alimentos e enfocando o desenvolvimento regional. Ele contou que vem dialogando com empresas da região para levantar as necessidades e problemas reais enfrentados por elas. “A indústria ainda precisa conhecer melhor os mecanismos possíveis e as vantagens da interação com a universidade; e ao mesmo tempo a academia também precisa se preparar para atuar em projetos de inovação em parceria com o mercado”, afirmou.
Para o consultor da Markestrat Group, José Luís Coelho, houve uma migração rápida do conhecimento das universidades para a indústria, mas nessa onda de novidades tecnológicas e de dados diversos uma etapa importante ficou para trás: a capacitação do profissional, um desafio que ainda precisa ser mitigado. Fazer com que a tecnologia chegue na ponta e contribua de fato para a geração de valor, renda e emprego é a preocupação maior da especialista em planejamento estratégico e diretora executiva da Agência de Desenvolvimento Regional do Leste Paulista e Sul de Minas, Amélia Queiroz. Desde o ano 2000, ela atua junto a municípios nestas regiões e tem experiência no trabalho em parceria com diferentes universidades, mas ainda vê dificuldades em aproximar o conhecimento e a pesquisa gerados nas instituições à realidade dos produtores rurais. Na opinião do diretor comercial da Protect - EPI Agrícola, Paulo Sergio Formagio, apesar das dificuldades, a parceria com o ambiente da ciência e tecnologia, por meio das universidades e institutos de pesquisa, pode ajudar muito a reduzir custos na atividade das indústrias e representar uma grande chance de identificar e aproveitar novas oportunidades de negócios.
Como uma das estratégias de fomentar a interação entre a pesquisa e o setor produtivo para gerar novas soluções, a chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá, destacou a promoção de programas de inovação. “A Embrapa vem promovendo iniciativas, como o programa de aceleração de startups TechStart Agro Digital, a fim de reforçar sua atuação como facilitadora do ecossistema de inovação”, disse.
TI no Agro
A importância de gerar soluções que atendam de fato às necessidades reais dos agricultores também foi o foco das discussões do painel sobre Tecnologia da Informação no Agronegócio Brasileiro, ocorrido no segundo dia do SBIAgro. O debate apresentou algumas estratégias de atuação de empresas, startups e instituições de pesquisa para alavancar o desenvolvimento da agricultura digital e internet das coisas. Além de ressaltar a necessidade de superar dificuldades relacionadas à conectividade no campo e à qualificação da mão de obra, o representante da empresa TOTVs, Renato Caetano, chamou a atenção para importância de desenvolver soluções de gestão integrada, que façam frente à oferta grande e muito dispersa de tecnologias para o produtor rural.
Fabrício Lira Figueiredo, responsável pela área de agronegócio inteligente do CPqD, também observou que há uma redundância de esforços entre as iniciativas de diferentes startups, com uma repetição no repertório de tecnologias ofertadas. “O CPqD está desenvolvendo uma plataforma para conectar esses atores que deverá ajudar a otimizar esses esforços para que cada AgTech possa focar na sua competência”, explicou. O número de startups voltadas ao agronegócio triplicou nos últimos anos, segundo o mapeamento Radar AgTech 2019 apresentado pelo representante da SP Ventures Murilo Vallota. Um mercado que tende a crescer ainda mais. O próximo passo, segundo ele, será ajudar essas startups a estabelecer um contato maior com o produtor rural. “Por meio de uma plataforma on-line pretendemos fazer essa conexão de maneira mais automática, onde o produtor poderá mostrar as suas dores e as startups as suas soluções”, disse.
CEO da startup InCeres, Leonardo Menegatti apresentou uma plataforma de soluções em agricultura de precisão que prevê também a conexão com outros atores do setor produtivo, como agrônomos e especialistas, na tarefa de levar valor ao usuário final, o agricultor. Já a Embrapa Informática Agropecuária, representada no painel pelo chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, Carlos Meira, destacou o lançamento, neste ano, da AgroAPI Embrapa como uma forma de estimular e acelerar a inovação. “Ativos e serviços como informações e modelos agropecuários gerados pela Embrapa podem ser consumidos por outras empresas e parceiros por meio da plataforma de APIs para atender diferentes propósitos, como o desenvolvimento de aplicativos, softwares e equipamentos. Uma maneira mais ágil de fazer chegar as soluções tecnológicas no campo”, explicou.
Conectividade
A escassez de conectividade no campo, com baixa cobertura no território brasileiro por redes de comunicação, é vista como um dos principais entraves para o avanço da internet das coisas na agricultura. Na opinião do gerente de Desenvolvimento de Concessionários e Treinamento da John Deere para a América Latina, Marcelo Lopes, assim como ocorreu em outros períodos de transformação no setor, será preciso investir em infraestrutura para viabilizar a agricultura digital como grande ferramenta para elevar os ganhos de produtividade. “Os pioneiros da era digital também vão precisar construir a infraestrutura necessária para fazer a mudança acontecer no campo”, afirmou. Ele destaca que o setor precisa avaliar o custo de não estar conectado, ou seja, quanto está deixando de ganhar ao não utilizar todo o potencial de eficiência que as máquinas que estão aí já são capazes de oferecer.
Pensando em aproveitar esse potencial, a Cocamar, cooperativa agrícola sediada no Paraná, investiu em um projeto em parceria com a John Deere para fortalecer o uso de ferramentas de agricultura de precisão entre seus cooperados. Durante sua participação no painel, o presidente do Conselho de Administração, Luiz Lourenço, explicou que o objetivo é aproveitar os dados gerados pelas máquinas em campo e capacitar a equipe técnica da cooperativa para analisar essas informações, dar suporte agronômico e ajudar a maximizar a produtividade dos agricultores atendidos. “Hoje, somente 40% da área de cooperados é atendida com conectividade. Há ainda um espaço grande de oportunidades a serem exploradas”, disse.
Luiz Henrique Godinho, gerente de Relações Institucionais da Visiona Tecnologia Espacial apresentou o projeto VCUB, que prevê o lançamento no próximo ano de nano satélites para transmissão e coleta de dados, capaz de atender o mercado de conectividade em internet das coisas no campo. “Não adianta, porém, ter a tecnologia se não formos capazes de resolver problemas na prática”, ressaltou. Nesse sentido, o projeto conta com parceiros como a Embrapa para o desenvolvimento de aplicações e serviços inteligentes para a agricultura.
Graziella Galinari (MTb 3863/PR)
Embrapa Informática Agropecuária
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