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Cultivar de capim-elefante é usada na alimentação de peixes e aves
A novidade veio do Rio Grande do Sul. Sérgio Bender, especialista da Embrapa Clima Temperado, diz que a cultivar BRS Kurumi, desenvolvido na Embrapa Gado de Leite, nas atividades do Programa de Melhoramento de Capim-elefante, pode ser uma ótima alternativa na alimentação de peixes e aves. A hipótese foi se confirmando aos poucos, por meio do feedback dos próprios produtores. O analista conta: “Quando a cultivar foi lançada, em 2012, não haviam viveiristas que vendiam o material. Passamos a divulgar a cultivar doando mudas aos produtores que visitavam o estande da Embrapa, nas feiras e eventos da região. De um ano para outro, à medida que os produtores iam cultivando a gramínea, foram aparecendo relatos que os peixes e as aves adoravam a BRS Kurumi”.
Bender tem recomendado a cultivar como alternativa de alimentação de baixo custo para criadores da carpa capim, um peixe onívoro que se adaptou muito bem à gramínea. “O quilo da ração para carpa chega a custar três reais enquanto o quilo de matéria seca da forrageira custa menos de um real”. O pesquisador ensina que o capim deve ser cortado ainda jovem para alimentar os peixes, garantindo maior teor de proteína e menos fibras. “O corte é feito onde começa a emissão das folhas, que podem ser jogadas diretamente no tanque”. A utilização do capim-elefante para alimentar peixes já é tradicional, mas segundo os produtores que têm contato com Bender, o Kurumi tem superado todas as expectativas.
No caso das aves, a cultivar é recomendada para as aves coloniais. Pode ser fornecido picado ou a folha inteira. Bender, que trabalha com transferência de tecnologia em agricultura colonial, diz que produtores de suínos e cavalos também tem reportado a boa adaptação dos animais à cultivar. “Ainda não apareceu bicho que não tenha gostado da Kurumi”, conclui. Isso se deve ao seu valor nutritivo. Os teores de proteína bruta variam de 18% a 20% e os coeficientes de digestibilidade estão entre 68% e 70%, quando bem manejado.
Gado de leite
A BRS Kurumi foi desenvolvida para a intensificação da produção de leite a pasto com menor uso de concentrado, altas taxas de lotação e excelente desempenho por animal. Por ser uma planta tropical, adapta-se a maior parte das regiões brasileiras. Apresenta porte baixo e é adequada ao pastejo. A forrageira tem crescimento vegetativo vigoroso com rápida expansão foliar e intenso perfilhamento. É indicada para uso forrageiro nos biomas Mata Atlântica, Amazônia e Cerrado, mas tem sido adotada, com sucesso, por produtores no Sul do país. Iniciou-se mais recentemente a expansão nas regiões Centro-Oeste.
O plantio da cultivar deve ser feito no início do período chuvoso. "Para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, o período ideal para plantar é de meados de novembro a meados de janeiro. Na região Sul, o plantio deve ocorrer na primavera", recomenta Carlos Augusto de Miranda Gomide, pesquisador da Embrapa Gado de Leite.
Gomide reforça que, para obter êxito no plantio da BRS Kurumi, é importante conhecer bem as características do solo. "Com base na análise química do solo, deve ser feita a calagem, para neutralização do alumínio e fornecimento de cálcio e magnésio", explica. O pesquisador adverte, ainda, que a adubação fosfatada deve ser realizada no sulco de plantio, com base no resultado da análise de solo.
O plantio do capim-elefante é feito em sulcos com 20 cm de profundidade e espaçamento variando de 50 a 80 cm. A primeira adubação em cobertura deve ser realizada 60 a 70 dias após o plantio, depois do pastejo de uniformização. Esta adubação, assim como as demais no primeiro ano de cultivo, pode ser feita apenas com nitrogênio e potássio. A partir do segundo ano, recomenda-se a inclusão de fósforo na adubação em cobertura.
O pesquisador salienta que o capim-elefante é extremamente exigente em fertilidade de solo. "Dessa forma, a falta de adubações de manutenção é uma das principais causas de degradação das pastagens e insucesso no seu uso", ressalta. Outro aspecto fundamental é que a cultivar BRS Kurumi é suscetível ao ataque de cigarrinha-das-pastagens, portanto não é recomendado o cultivo em áreas com histórico de infestação de cigarrinhas.
O manejo correto de plantas daninhas na implantação e condução do capim-elefante é de grande importância, uma vez que a cultura é muito sensível na sua fase inicial de crescimento. A cultura é instalada no período chuvoso, que por sua vez coincide com temperaturas altas, fato que favorece o surgimento de espécies daninhas.
Produção animal
Devido ao alto teor proteico da forragem, recomenda-se, durante o período chuvoso, apenas a suplementação energética dos animais, a fim de possibilitar maior ganho de peso e/ou produção de leite. "Desta forma, essa cultivar se apresenta como uma importante alternativa forrageira para a intensificação da produção de leite a pasto, permitindo altas taxas de lotação e excelente desempenho por animal".
O método de pastejo recomendado para a exploração do capim-elefante é o de lotação rotacionada. Preconiza-se a entrada dos animais quando o pasto apresentar entre 75 cm e 80 cm de altura e a retirada deles quando o rebaixamento atingir 35 cm a 40 cm. Durante o período chuvoso e com uso de adubação em cobertura após cada ciclo de pastejo, o período de descanso dos piquetes tem sido de 20 a 22 dias.
Rubens Neiva (MTb 5445)
Embrapa Gado de Leite
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