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Curso em assentamento de reforma agrária proporciona vivência da realidade dos agricultores agroecológicos
A equipe de Agroecologia da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), em parceria com o Coletivo de Agroecologia da Juventude do Sepé (Cajus), famílias e organizações parceiras, realizaram a décima edição do curso prático de vivência agroflorestal no Assentamento Sepé Tiaraju, em julho. Foram sete dias de imersão, onde os participantes trocaram conhecimentos sobre diferentes sistemas agroflorestais e sobre realidades da agricultura famíliar, participando e partilhando os momentos de plantios, colheitas e manejos desses sistemas.
Além disso, ocorreram rodas de conversa referentes ao processo de luta pela conquista da terra, os desafios da agricultura familiar na atualidade, a juventude no campo e principalmente oficinas de formação sobre o desenho e manejo dos sistemas agroflorestais, os gargalos da produção, da comercialização e agregação de valor dos produtos agroflorestais.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Joel Queiroga, por meio de atividades práticas nas propriedades dos agricultores, coordenadas e monitoradas por equipe técnica especializada, é possível promover o intercâmbio de conhecimentos no manejo agroecológico agroflorestal. O curso também capacita estudantes, técnicos e agricultores como agentes multiplicadores no planejamento, implantação e manejo participativo desses sistemas, que podem ser adotados como estratégias economicamente viáveis para restauração e adequação ambiental de propriedades agrícolas.
Situado na região de Ribeirão Preto, o Sepé Tiaraju é um assentamento que, desde a sua origem, em 2004, foi concebido como um Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) e desde 2006 alguns agricultores já iniciavam o plantio de agroflorestas em seus lotes. Mais recentemente, entre 2014 e 2017, por meio de um projeto financiado pelo Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável- Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (PDRS-SMA), foram implantados mais de 25 hectares, distribuídas em 35 lotes familiares. Esse projeto contou com a parceria da Embrapa Meio Ambiente, cooperativas do assentamento, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Universidade Federal de São Carlos, Instituto BioSistêmico e ONG Mutirão Agroflorestal, explica o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Luiz Octávio Ramos Filho.
A programação contou com atividades de campo realizadas em grupos, monitoradas e coordenadas pela equipe técnica, desenvolvidas em diversos lotes do assentamento. Cada um teve a oportunidade de realizar diferentes tarefas a cada dia, envolvendo a observação dos desenhos dos agroecossistemas em campo, atividades de plantio, manejo da biomassa, podas e utilização de cobertura morta, bem como outras organizativas com metodologias participativas de trabalho em mutirão. Ao início de cada dia foi realizado um nivelamento teórico-conceitual e planejamento do dia, e ao final de cada dia foi feita uma avaliação para consolidar os aprendizados.
O grupo teve a oportunidade de trabalhar com estratos agroflorestais, sucessão ecológica, manejo e organização da biomassa de bananeiras e outras espécies, abelhas e polinizadores, implantação de sistemas de irrigação, produção de farinha de mandioca, entre outras atividades cotidianas. No último dia, na escola do Assentamento, houve uma roda de conversa coletiva, com apresentação das vivências e trabalhos realizados, balanço dos aprendizados e avaliação. Foi organizada também uma feira de produtos e de troca de sementes e mudas.
Para a agroecóloga Elen Romo, "nessa 10ª edição foi possível vivenciar o cotidiano e os desafios impostos aos agricultores familiares situados nesse território. Além do diálogo de saberes proporcionado pela proposta imersiva do curso, dos dias de manejo, da formação teórico-conceitual e das práticas extensionistas, foram criadas condições para que os participantes do curso pudessem auxiliar na superação de desafios produtivos, organizativos e comerciais das famílias agricultoras".
Já para Lucas Moreira Lima, também agroecólogo, "o trabalho no lote das famílias, facilitado a partir da proposta do curso, melhorou as condições para que a agroecologia possa se consolidar no Assentamento como um modelo produtivo que aproxime e fortaleça os vínculos entre as populações urbanas e rurais, gere renda para a agricultura familiar e dissemine práticas que respeitem o solo, o ambiente e as pessoas envolvidas no processo de produção de alimentos".
São também parceiros o Coletivo de Agroecologia da Juventude do Sepé - Cooperecos, Associação Fraterra, Cooperagrosepé, Mutirão Agroflorestal e Sitião Agroflorestal.
Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
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