A forte demanda nacional e internacional por etanol e a recente preocupação com as mudanças climáticas têm gerado uma expectativa do aumento do uso de biocombustíveis e, consequentemente, do aumento da área ocupada com cana-de-açúcar no Brasil. O país destaca-se como o maior produtor e exportador de derivados de cana-de-açúcar do mundo, sendo o Estado de São Paulo responsável por cerca de metade da produção nacional nos últimos anos. Dentre as regiões paulistas, o nordeste do Estado, com uma área que compreende 125 municípios, é conhecido como o principal centro canavieiro do país. Nesta região, ao longo das últimas décadas, a dinâmica do uso e ocupação das terras vem apresentando fortes alterações. Estudos com projeções para 2030 mostram que a região não ficará estagnada, apesar da quase inexistência de áreas virgens passíveis de serem abertas. Expressivas áreas de produção, como as de citros, café e grãos continuarão perdendo espaço para a cana. As previsões, porém, apontam para um aumento na eficiência do uso da terra. Os impactos ambientais da expansão e da intensificação do cultivo da cana-de açúcar ainda não estão suficientemente estudados, especialmente em relação a sua sustentabilidade agronômica, sob a perspectiva da manutenção dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo. O projeto CarbCana dá enfoque à mudança de uso e cobertura da terra da região nordeste do Estado de São Paulo nos últimos dez anos e à consequente alteração nos estoques de carbono e nas variáveis climáticas que influenciam na temperatura do ar. O estudo é complementado pelas abordagens territoriais baseadas em sensoriamento remoto e em técnicas de geoprocessamento, visando detectar a dinâmica do uso das terras e associá-la à dinâmica espaço-temporal do carbono aprisionado pela fitomassa e pelo solo dos agroecossistemas, bem como da temperatura do ar. O projeto tem como objetivo mapear a mudança de uso e coberturas das terras da região nordeste de São Paulo no período de 2003 a 2013 e, paralelamente, estimar as alterações dos estoques de carbono do solo e da fitomassa, bem como da temperatura do ar em decorrência da evapotranspiração. O estudo abrange as áreas onde houve a conversão de pastagens, citricultura, cafeicultura e culturas anuais de grãos para a cultura da cana-de-açúcar sob regime de colheita com queima e sem queima. Como resultado, visa produzir zoneamentos e metodologias científicas que contribuirão para um melhor entendimento sobre o sequestro ou emissões adicionais de carbono nos agroecossistemas e poderão indicar as melhores opções de manejo das culturas para ampliar o potencial de armazenamento do CO2 atmosférico e contribuir para a mitigação do efeito estufa adicional. Os resultados possibilitam criar indicadores ambientais e subsídios mais efetivos para posicionar o país nas negociações de commodities frente a outros países, além de gerar impactos positivos de valoração ambiental dos sistemas de produção agropecuário.



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