Pesquisa realizada em Barro Alto (GO), região com exploração de minas de níquel em maciços ultramáficos, no período de 2011 a 2019, possibilitou a geração de um protocolo de revegetação de taludes de pilha de estéril de mineração de níquel, utilizando espécies nativas da região. A finalidade é mitigar os impactos negativos dessa atividade e suas consequências mais aparentes, como a supressão da vegetação nativa e a desestruturação do solo. Os solos ultramáficos de Barro Alto (GO) são ricos em ferro, magnésio e alguns metais pesados, como cromo, níquel e cobalto, que são potencialmente tóxicos para a maioria das plantas. Apesar dessas condições limitantes, muitas espécies de plantas se desenvolvem naturalmente nessas áreas e são, portanto, fortes candidatas à recuperação de ambientes degradados pela mineração. Após a mineração de níquel, grandes pilhas de materiais estéreis são geradas na paisagem e geralmente são revegetadas utilizando espécies exóticas ao ambiente. O objetivo do projeto foi desenvolver um protocolo de revegetação de taludes utilizando a biodiversidade (plantas, microrganismos) local. Levantamentos florísticos identificaram mais de 200 espécies de plantas e um cronograma de coleta de sementes foi construído para a maioria delas. As diferenças na biodisponibilidade de níquel do solo afetaram a distribuição espacial das famílias botânicas e os achados genômicos do DNA evidenciaram diferenças genéticas significativas entre plantas da mesma espécie. A caracterização dos solos e dos materiais das pilhas de estéril indicaram forte heterogeneidade química e física, originada de mineralogias distintas. Foram observados teores muito baixos de matéria orgânica, baixos níveis de cálcio, fósforo e potássio e alta biodisponibilidade de manganês e Cr6+ (cromo hexavalente), elemento potencialmente tóxico ao meio ambiente. Essas informações foram importantes para definição de estratégias para revegetar as pilhas de estéril e para selecionar plantas hiperacumuladoras de níquel para uso em processos de biorremediação desse metal. Cerca de 20 espécies de arbustos herbáceos nativos foram selecionadas devido às suas características de grande abundância, capacidade de colonizar ambientes alterados e de tolerar ou acumular grandes quantidades de elementos tóxicos. Foram desenvolvidas metodologias de propagação das espécies selecionadas para plantio em condições de campo. Todas essas informações constituíram um protocolo satisfatório para utilização de espécies nativas em solos ultramáficos, o que possibilitou a substituição de espécies exóticas, comumente presentes nos coquetéis de sementes utilizados pelas mineradoras nesse processo.