Solos ultramáficos apresentam excesso de metais potencialmente tóxicos, como cobalto, cromo, cobre e, principalmente, níquel (Ni), além de baixa disponibilidade de nutrientes, como cálcio, fósforo e nitrogênio, resultando em forte desequilíbrio mineral. No Brasil, complexos ultramáficos no estado de Goiás possuem grande importância econômica devido à intensa atividade de mineração nessas áreas desde o final dos anos 1970. As operações de mineração resultaram na degradação de extensas áreas de vegetação nativa. As características dos solos ultramáficos levam à ocorrência de uma gama de espécies adaptadas a condições extremas e à presença de mecanismos fisiológicos vegetais distintos. A ocorrência dessa flora característica certamente está relacionada a uma associação muito estreita com a microbiota da rizosfera, que contribui para o condicionamento das características adaptativas. Um grupo particularmente importante dessa microbiota, e especificamente relacionado ao ciclo do nitrogênio, é o constituído pelas bactérias diazotróficas (fixadoras de nitrogênio). Plantas do gênero Mimosa foram identificadas como pioneiras, com alta rusticidade, boa produção de biomassa e tolerância a altas concentrações de Ni. Elas figuram entre as espécies vegetais predominantes nos solos ultramáficos de Barro Alto (GO). Recentemente, descobriu-se que espécies desse mesmo gênero, nativas do Cerrado brasileiro, formam simbiose com bactérias diazotróficas conhecidas como β-rizóbios, particularmente Paraburkholderia spp., e que provavelmente desempenhem papel de destaque na ciclagem de N nesse ecossistema. Os mesmos estudos sugerem que características ambientais, em maior proporção que as espécies hospedeiras, são responsáveis por determinar a distribuição de espécies de Paraburkholderia. Diante disso, é lógico acreditar que em um ambiente tão particular quanto os solos ultramáficos a fixação biológica de nitrogênio seja conduzida por microsimbiontes ainda desconhecidos. Estudos sobre a ocorrência e a caracterização de bactérias diazotróficas em simbiose com leguminosas nativas desse ambiente podem ser, portanto, parte importante para o delineamento de metas e estratégias de projetos que busquem a conservação ambiental e a recuperação de áreas degradadas, a exemplo do que tem sido realizado em áreas da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica. Para as condições de Cerrado, notadamente em áreas de mineração, praticamente não existem trabalhos nessa linha. Nesse contexto, este projeto tem por objetivo avaliar a ocorrência, caracterizar e prospectar bactérias diazotróficas noduladoras em simbiose com plantas do gênero Mimosa no maciço ultramáfico de Barro Alto (GO), assim como verificar o potencial para uso em programas de recuperação de áreas degradadas. Espera-se que os resultados do projeto auxiliem no avanço do conhecimento da simbiose entre bactérias diazotróficas e leguminosas presentes nesses solos com altas concentrações de metais, bem como forneçam subsídios para programas de recuperação de áreas impactadas pela mineração.