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Agricultura urbana é tema de visitas na Fazendinha Agroecológica
A Fazendinha Agroecológica Km 47, vinculada à Embrapa Agrobiologia, à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e à Pesagro-Rio, em Seropédica, RJ, abriu as portas, nas duas últimas semanas, para agricultores e estudantes da chamada agricultura urbana – um tema cada vez mais demandado na busca pela sustentabilidade nas cidades. Integrantes de cursos de agroecologia promovidos pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e pela Emater-Rio visitaram o espaço para conhecer algumas tecnologias da produção orgânica e agroecológica que podem ser aplicadas também no espaço urbano. “Foi uma oportunidade de apresentar modelos agroecológicos que são potenciais para pessoas que praticam a agricultura urbana em suas casas e que podem aprender muito com as tecnologias testadas aqui”, aponta o analista Ernani Jardim, da Embrapa Agrobiologia.
Nesse contexto, em que a sustentabilidade é o foco, boa parte das tecnologias aplicadas na agroecologia pode ser replicada na área urbana, apenas necessitando de ajustes ou adequações. Na Fazendinha Agroecológica, os visitantes puderam conhecer as áreas de horta, com diferentes espécies cultivadas, e também os locais de produção de mudas orgânicas, compostagem e húmus. Ernani detalhou como são desenvolvidas e aplicadas algumas práticas, como o uso de biomassa (material orgânico constituído por plantas leguminosas) para enriquecer o solo com nutrientes, da irrigação localizada, do plantio rotativo e de cobertura morta com palha seca de milho. “Isso vai promover mais atividade microbiana, retardar o crescimento de mato e manter a umidade do solo”, exemplifica.
Os agricultores e estudantes também conheceram um pouco sobre controle biológico de pragas, com a inserção de insetos para promover predação natural e fitas adesivas que atraem insetos por meio da coloração e os capturam. “É muito interessante que eles vejam como as técnicas que aprendem em sala de aula funcionam na prática”, destaca a extensionista da Emater-Rio Solimar Oliveira, referindo-se aos alunos do curso de agroecologia que a empresa oferece a moradores do quilombo Cafundá Astrogilda, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Ela chama a atenção, inclusive, para a presença de jovens na visita – os filhos e netos de agricultores familiares urbanos. “Uma das grandes dificuldades da agricultura familiar é a integração com as gerações mais jovens. Então, vê-los aqui aprendendo e observando as práticas agrícolas é muito importante”, declara.
Agroecologia e agricultura urbana
A agricultura urbana ganha mais visibilidade na medida em que se torna uma estratégia para o fornecimento de alimentos, geração de empregos e preocupação com a segurança alimentar. Mas ela não é novidade – sempre foi praticada, em maior ou menor escala, em cidades e áreas metropolitanas. O que diferencia esse tipo de produção da tradicionalmente rural é basicamente a intensidade com que ocorre e o envolvimento que requer – geralmente, a agricultura urbana é uma atividade secundária, transitória e heterogênea, podendo ser realizada tanto em casas e quintais quanto em hortas comunitárias, com o envolvimento de mais ou menos gente.
Como explica a pesquisadora Adriana Aquino, coautora ao lado de Denis Monteiro do capítulo sobre agricultura urbana do livro Agroecologia: princípios e técnicas para uma agricultura orgânica sustentável, a agroecologia é adequada para as cidades por uma série de questões: favorece a agricultura familiar (em pequenos espaços), auxilia na recuperação ou manutenção da biodiversidade e tem fácil acesso ao comércio. Os grandes desafios são o manejo adequado do solo, o aproveitamento adequado dos resíduos orgânicos (tanto domésticos quanto industriais) como adubos de boa qualidade e o combate a pragas por meio de defensivos alternativos, como agentes de biocontrole, fertilizantes líquidos, caldas sulfocálcicas, entre outros.
“A garantia do fornecimento de insumos orgânicos, a adequação de novos substratos à produção de mudas, o resgate e a preservação de cultivares adaptadas às condições locais, a adequação das épocas de plantio, o uso de defensivos alternativos que não sejam poluentes, bem como a geração e a adaptação de sistemas de produção ao ecossistema urbano são aspectos fundamentais a serem desenvolvidos, visando o sucesso da produção agrícola em área urbana”, escrevem os autores.
Liliane Bello (MTb 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia
Colaboração: Matheus Meireles (estagiário de Jornalismo)
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