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Mapeamento identifica frigoríficos e abatedouros inspecionados que operam com carnes ovina e caprina
Um mapeamento inédito de frigoríficos e abatedouros que operam com produtos de origem caprina ou ovina está à disposição de produtores rurais e outras pessoas do setor produtivo. O levantamento foi feito pela equipe do Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos (CIM), coordenado pela Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral, CE) e pode ser acessado na página do CIM na Internet: https://www.embrapa.br/cim-inteligencia-e-mercado-de-caprinos-e-ovinos/frigorificos-e-laticinios. Ao todo, estão listados e localizados 149 estabelecimentos com funcionamento autorizado por serviços de inspeção em âmbito federal, estadual e municipal.
Para disponibilizar essas informações e sistematizá-las em um só repositório, a equipe do CIM levantou dados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e aos órgãos de defesa agropecuária dos estados e Distrito Federal, além de contar com a colaboração da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO) e do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (SICADERGS). “Essas informações eram hospedadas em diferentes bancos de dados, cujo acesso nem sempre era intuitivo. Agora os produtores têm um atalho único para a informação sobre abatedouros e frigoríficos”, ressalta o engenheiro agrônomo Cícero Lucena, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Caprinos e Ovinos.
Acessando a página, o internauta pode verificar localização, nome e endereço dos estabelecimentos. Assim, produtores, associações, cooperativas e empresas têm melhor oportunidade para analisar, com base nas distâncias, custos e viabilidade econômica das entregas de animais para abate e processamento. A vantagem do abate e processamento em locais inspecionados é maior segurança na sanidade e qualidade dos produtos derivados das carnes ovina e caprina.
Segundo o engenheiro agrônomo Zenildo Holanda, analista da Embrapa Caprinos e Ovinos responsável pelo levantamento de informações, a demanda por um mapeamento desta natureza partiu de representantes do setor produtivo, durante as discussões da IX Semana da Caprinocultura e da Ovinocultura Brasileiras (SECOB), realizada em setembro de 2019, em Sobral (CE). “Uma produtora rural do Mato Grosso do Sul nos propôs esse levantamento. Com ele, temos informações para facilitar as tomadas de decisões pelos produtores e também orientar políticas públicas em discussões como a formalização do abate”, frisa ele.
No mapeamento, estão listados somente frigoríficos e abatedouros que trabalham com caprinos e ovinos, outra demanda há tempos levantada pelos produtores dessas espécies. “No Brasil, ainda é mais comum que os frigoríficos trabalhem com outras espécies, como os bovinos. Essas informações ajudem a minimizar a desconexão entre produtores e estes estabelecimentos, indicando quais são aqueles adequados para o abate de pequenos ruminantes”, acrescenta Cícero Lucena.
Desafio da formalização do abate
De acordo com Zenildo Holanda, o trabalho do mapeamento confirmou uma hipótese já levantada pela equipe do CIM: a de que, apesar da existência de abatedouros inspecionados em todas as regiões geográficas brasileiras, eles ainda são em número insuficiente e distribuídos desproporcionalmente em relação às concentrações de rebanhos caprinos e ovinos nos Estados produtores.
Dos 149 abatedouros pesquisados, 15,54% localizam-se na Região Nordeste que detém 92,82 % do rebanho caprino e 65,59% do rebanho ovino nacional. Já a Região Sul, detentora de 1,85% do rebanho caprino e 24,0% do rebanho ovino brasileiros, dispõe de 68,91% dos abatedouros inspecionados identificados nesta pesquisa.
A disparidade preocupa porque o abate informal é classificado como um fator limitante para o aperfeiçoamento das relações de produção e comercialização na caprinocultura e ovinocultura. “A informalidade e a clandestinidade do abate de animais são um dos principais fatores que impedem a produção de carcaças com o padrão de qualidade exigidos pelas agroindústrias frigoríficas”, ressalta Zenildo.
Segundo estudo realizado pela equipe do CIM, o déficit de estruturas de abate e processamento de carnes ovina e caprina no Brasil possui causas que envolvem fatores culturais, econômicos, institucionais, legais, entre outros. Em geral, uma das principais dificuldades dos abatedouros é a obtenção do credenciamento nos serviço de inspeção federal ou estadual, condição obrigatória para a comercialização fora do estado. Outras dificuldades são a baixa qualidade dos animais, falta de padronização e de escala dos fornecedores, além da concorrência com a informalidade.
Este estudo aponta que o quantitativo de animais abatidos com serviço de inspeção federal, corresponde a menos de 1% do efetivo de rebanho ovino nacional, conforme dados fornecidos pelo Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF), vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento (Mapa). Uma consequência disso é a importação de carne: no caso dos ovinos, ela chegou a 8 mil toneladas por ano em 2019.
Esse volume importado equivale a, aproximadamente, 8% a 10% da estimativa de produção nacional de carne ovina. Os dados sugerem que, para a carne ovina nacional substituir a importação dessa proteína, seria necessário o abate de cerca de 500 mil animais de 16 kg de carcaça. De acordo com o Censo Agropecuário de 2017 o Brasil possui um efetivo de rebanho da ordem de 8,25 e 13,77 milhões de cabeças de caprinos e ovinos, respectivamente.
Adilson Nóbrega (MTB/CE 01269 JP)
Embrapa Caprinos e Ovinos
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