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Cultivo de biofortificados atrai agricultores paraenses
Além da roça de mandioca, da extração de frutas nativas e da criação de galinha caipira, a agricultora Áurea Conceição Maia vai apostar no cultivo da batata-doce e da macaxeira biofortificadas. Ela conheceu os alimentos biofortificados desenvolvidos pela Embrapa em um dia de campo realizado na Fazenda Escola da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), no dia 20/02, no município de Castanhal, na região nordeste do Pará.
“Eu acredito que esses alimentos podem dar certo aqui na nossa região e ser muito bons para a merenda escolar e para a alimentação dos próprios agricultores”, afirma dona Áurea. Ela integra uma das 157 famílias de agricultores que vivem no assentamento João Batista, em Castanhal.
A Embrapa Amazônia Oriental instalou um plantio de demonstração de quatro cultivares biofortificadas na Fazenda Escola da Ufra: a batata-doce BRS Beauregard; o milho BRS 4101; e as macaxeiras BRS Dourada e BRS Jari. Elas possuem maior teor de ferro, zinco e vitamina A. O objetivo, segundo o analista Jaime Carvalho, da Embrapa Amazônia Oriental, é fazer do local um polo irradiador de informações e material genético dos biofortificados para estudantes, agricultores e técnicos da região.
Para o gerente da Fazenda Escola, Raimundo Silva, a entrada dos biofortificados na região da Castanhal é uma importante ferramenta no combate à desnutrição. Além disso, a escolha do local é estratégica pois “a fazenda funciona como uma vitrine. Ela recebe um grande volume de visitas tanto de alunos da universidade e de outras instituições, quanto de assentados da reforma agrária”, conta o gerente. Ele acredita ainda que com o experimento será possível irradiar essas tecnologias para toda a região.
Boa produtividade e segurança alimentar
O dia de campo na Fazenda Escola da Ufra reuniu representantes de agricultores e técnicos da região. A colheita e a pesagem dos alimentos foi acompanhada de perto pelo público. De acordo com Jaime Carvalho, da Embrapa, o desempenho das cultivares superou a expectativa.
A batata-doce BRS Beauregard apresentou produtividade de 38 ton/hec, “algo surpreendente para a região, cuja produtividade média é de 5 a 10 toneladas por hectare”, compara Carvalho. Já a macaxeira BRS Dourado apresentou uma produtividade de 11.4 toneladas por hectare, que se assemelha à média regional, “ainda que tenha sido colhida antes do tempo”, esclarece.
O Secretário de Agricultura de Castanhal, Francisco Carlos Souza, acredita que a entrada dos biofortificados na região contribui de forma direta para a segurança alimentar dos agricultores familiares. “Além disso, a possibilidade de multiplicação desse material genético e cultivo por parte dos produtores contribui também com a nutrição da população em geral”, afirma.
Os técnicos envolvidos no trabalho planejam ainda junto com a comunidade uma experiência piloto de organização social para a oferta de cultivares biortificadas ao mercado local.
A ação é uma parceria da Embrapa Amazônia Oriental, Universidade Federal Rural da Amazônia e Secretaria Municipal de Agricultura.
Rede BiofortA biofortificação é resultado de um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivas. “É importante ressaltar que não é alimento transgênico (onde há incorporação de genes de outro organismo no genoma da planta) e que o próprio produtor tem a autonomia para reproduzir sua semente ou muda", explica Jaime Carvalho, da Embrapa Amazônia Oriental. A Rede BioFORT é o conjunto de projetos responsáveis pela biofortificação de alimentos no Brasil. Coordenada pela Embrapa, o objetivo é diminuir a desnutrição e garantir maior segurança alimentar através do aumento dos teores de ferro, zinco e vitamina A na dieta da população mais carente. Segundo dados da rede, entre 2012 a 2014 cerca de 2.500 famílias tiveram acesso aos alimentos biofortificados, a partir de programas de transferência de tecnologia da Embrapa. |
Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental
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