Testes sorológicos semestrais e separação de animais doentes são algumas medidas que ajudam propriedade a se manter produtiva. Antes recomendado, o abate dos animais doentes hoje deve ser considerado apenas para evitar o seu sofrimento. A enfermidade é crônica e seus sintomas aparecem nos animais mais velhos, que geralmente desenvolvem artrite, mastite ou emagrecimento progressivo. Pesquisa está desenvolvendo o teste PCR quantitativo (qPCR) para aprimorar o diagnóstico da doença.. Ao seguir boas práticas de manejo, o caprinocultor consegue manter a produção leiteira mesmo com animais portadores de artrite encefalite caprina (CAE), doença viral que acomete cabras e bodes. Para isso, são fundamentais medidas como o monitoramento constante do rebanho por meio de teste sorológico semestral para o diagnóstico da doença e a separação dos animais doentes. Essas são algumas conclusões de mais de 25 anos de pesquisa da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) e que foram reunidas no documento Orientações de controle da artrite encefalite caprina em rebanhos leiteiros: conviver mantendo a produção destinado a criatórios de diferentes portes e níveis de infraestrutura e que municia o produtor com medidas preventivas e de controle da doença. A patologia é incurável e de alta prevalência em rebanhos leiteiros nacionais e ocasiona importantes perdas econômicas, causando diminuição da produção e da qualidade do leite. A novidade é que o conjunto de práticas recomendado pelos pesquisadores da Embrapa permite a convivência e a manutenção da produção leiteira em rebanhos nos quais há animais diagnosticados com a artrite encefalite caprina (CAE). De acordo com o pesquisador Rizaldo Pinheiro, anteriormente, a maneira de controlar a enfermidade nos rebanhos era abater os animais cujos resultados dos testes fossem positivos. “Esse procedimento era baseado, principalmente, na literatura europeia vigente na época. Hoje, vale o que diz a Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) de setembro de 2013, que determina notificação mensal de qualquer caso confirmado da doença”, explica. A enfermidade é crônica e seus sintomas aparecem nos animais mais velhos, que geralmente desenvolvem artrite, mastite ou emagrecimento progressivo. Um animal contaminado pode disseminar rapidamente a doença por todo o rebanho. Os maiores impactos econômicos da CAE são a diminuição do tempo de vida produtiva dos animais, redução da produção leiteira e do período de lactação. Ela também promove maior predisposição às infecções bacterianas. Altera a composição do leite Em função da doença, ocorre a redução dos níveis de gordura, lactose, proteína e sólidos totais do leite das cabras infectadas, o que afeta a produção de queijo e leite. As perdas indiretas também influenciam economicamente o sistema de produção, entre as principais estão a desvalorização do rebanho, a necessidade de repor os animais que desenvolvem os sintomas, despesas com o controle e tratamento, além das barreiras comerciais para matrizes, reprodutores, sêmen e embriões. De acordo com a pesquisadora da Embrapa Lucia Sider, os testes utilizados oficialmente para diagnóstico da doença, IDGA e ELISA, são sorológicos e dependem de resposta imunológica dos animais, isso impossibilita a detecção precoce da enfermidade. O outro teste, Western blot, é mais sensível, mas também sorológico, o que não permite uma identificação precoce do vírus no animal. “Queremos desenvolver o PCR quantitativo (qPCR), também conhecido como PCR em tempo real. Além de diagnóstico qualitativo, o qPCR permite quantificar a carga viral e é muito útil nos estudos de patogenia e transmissão e, portanto, no desenvolvimento de insumos para restringir a transmissão”, afirma. Recomendações para prevenção e controle da CAE De acordo com Pinheiro, a reação dos produtores ao receberem diagnóstico de animais com CAE no rebanho varia muito. “Alguns descartam os animais positivos, outros não fazem nada e um número pequeno separa os positivos dos negativos.” O médico veterinário Roberto Bezerra, que atua na região do Cariri Paraibano, afirma que a maioria dos criadores não tem condições de testar os rebanhos em relação à CAE, mas quando a doença é diagnosticada de forma clínica, principalmente quando apresentam “junta inchada”, a decisão depende do nível de produtividade do animal. “Se for um animal produtivo ele é mantido no rebanho enquanto continuar assim, alguns produtores optam por vendê-lo, o que infelizmente acaba ajudando a disseminar a doença,” relata. As orientações da Embrapa são para criadores de caprinos leiteiros e variam segundo o manejo e o grau de tecnificação da propriedade (veja quadro). Os pesquisadores afirmam que com um manejo geral adequado, envolvendo cuidados nutricionais, sanitários, reprodutivos e descarte orientado, o rebanho pode continuar produtivo mesmo com a presença da CAE. No entanto, haverá perdas na produção e na qualidade do leite. O descarte dos animais infectados não é aconselhável, o recomendado é a adoção de práticas para reduzir a disseminação da doença no grupo e para retardar ou minimizar os sinais clínicos. Recomenda-se o descarte quando os animais já apresentam “manqueira”, emagrecimento profundo e letargia, grande comprometimento da glândula mamária, sintomas de dor, entre outros, como forma de evitar o seu sofrimento. Arte: Maíra Vergne
Foto: Adilson Nóbrega
Práticas recomendadas pelos pesquisadores da Embrapa permitem a manutenção da produção leiteira em rebanhos nos quais há animais diagnosticados com a artrite encefalite caprina (CAE)
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Testes sorológicos semestrais e separação de animais doentes são algumas medidas que ajudam propriedade a se manter produtiva. -
Antes recomendado, o abate dos animais doentes hoje deve ser considerado apenas para evitar o seu sofrimento. -
A enfermidade é crônica e seus sintomas aparecem nos animais mais velhos, que geralmente desenvolvem artrite, mastite ou emagrecimento progressivo. -
Pesquisa está desenvolvendo o teste PCR quantitativo (qPCR) para aprimorar o diagnóstico da doença.. |
Ao seguir boas práticas de manejo, o caprinocultor consegue manter a produção leiteira mesmo com animais portadores de artrite encefalite caprina (CAE), doença viral que acomete cabras e bodes. Para isso, são fundamentais medidas como o monitoramento constante do rebanho por meio de teste sorológico semestral para o diagnóstico da doença e a separação dos animais doentes. Essas são algumas conclusões de mais de 25 anos de pesquisa da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) e que foram reunidas no documento Orientações de controle da artrite encefalite caprina em rebanhos leiteiros: conviver mantendo a produção destinado a criatórios de diferentes portes e níveis de infraestrutura e que municia o produtor com medidas preventivas e de controle da doença.
A patologia é incurável e de alta prevalência em rebanhos leiteiros nacionais e ocasiona importantes perdas econômicas, causando diminuição da produção e da qualidade do leite. A novidade é que o conjunto de práticas recomendado pelos pesquisadores da Embrapa permite a convivência e a manutenção da produção leiteira em rebanhos nos quais há animais diagnosticados com a artrite encefalite caprina (CAE).
De acordo com o pesquisador Rizaldo Pinheiro, anteriormente, a maneira de controlar a enfermidade nos rebanhos era abater os animais cujos resultados dos testes fossem positivos. “Esse procedimento era baseado, principalmente, na literatura europeia vigente na época. Hoje, vale o que diz a Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) de setembro de 2013, que determina notificação mensal de qualquer caso confirmado da doença”, explica.
A enfermidade é crônica e seus sintomas aparecem nos animais mais velhos, que geralmente desenvolvem artrite, mastite ou emagrecimento progressivo. Um animal contaminado pode disseminar rapidamente a doença por todo o rebanho. Os maiores impactos econômicos da CAE são a diminuição do tempo de vida produtiva dos animais, redução da produção leiteira e do período de lactação. Ela também promove maior predisposição às infecções bacterianas.
Altera a composição do leite
Em função da doença, ocorre a redução dos níveis de gordura, lactose, proteína e sólidos totais do leite das cabras infectadas, o que afeta a produção de queijo e leite. As perdas indiretas também influenciam economicamente o sistema de produção, entre as principais estão a desvalorização do rebanho, a necessidade de repor os animais que desenvolvem os sintomas, despesas com o controle e tratamento, além das barreiras comerciais para matrizes, reprodutores, sêmen e embriões.
De acordo com a pesquisadora da Embrapa Lucia Sider, os testes utilizados oficialmente para diagnóstico da doença, IDGA e ELISA, são sorológicos e dependem de resposta imunológica dos animais, isso impossibilita a detecção precoce da enfermidade. O outro teste, Western blot, é mais sensível, mas também sorológico, o que não permite uma identificação precoce do vírus no animal. “Queremos desenvolver o PCR quantitativo (qPCR), também conhecido como PCR em tempo real. Além de diagnóstico qualitativo, o qPCR permite quantificar a carga viral e é muito útil nos estudos de patogenia e transmissão e, portanto, no desenvolvimento de insumos para restringir a transmissão”, afirma.
Recomendações para prevenção e controle da CAE
De acordo com Pinheiro, a reação dos produtores ao receberem diagnóstico de animais com CAE no rebanho varia muito. “Alguns descartam os animais positivos, outros não fazem nada e um número pequeno separa os positivos dos negativos.” O médico veterinário Roberto Bezerra, que atua na região do Cariri Paraibano, afirma que a maioria dos criadores não tem condições de testar os rebanhos em relação à CAE, mas quando a doença é diagnosticada de forma clínica, principalmente quando apresentam “junta inchada”, a decisão depende do nível de produtividade do animal. “Se for um animal produtivo ele é mantido no rebanho enquanto continuar assim, alguns produtores optam por vendê-lo, o que infelizmente acaba ajudando a disseminar a doença,” relata.
As orientações da Embrapa são para criadores de caprinos leiteiros e variam segundo o manejo e o grau de tecnificação da propriedade (veja quadro). Os pesquisadores afirmam que com um manejo geral adequado, envolvendo cuidados nutricionais, sanitários, reprodutivos e descarte orientado, o rebanho pode continuar produtivo mesmo com a presença da CAE. No entanto, haverá perdas na produção e na qualidade do leite. O descarte dos animais infectados não é aconselhável, o recomendado é a adoção de práticas para reduzir a disseminação da doença no grupo e para retardar ou minimizar os sinais clínicos. Recomenda-se o descarte quando os animais já apresentam “manqueira”, emagrecimento profundo e letargia, grande comprometimento da glândula mamária, sintomas de dor, entre outros, como forma de evitar o seu sofrimento.
Arte: Maíra Vergne
Adriana Brandão (MTb 01067/CE)
Embrapa Caprinos e Ovinos
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