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13/04/22 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde

Debate discute a contribuição da biotecnologia na indústria de alimentos

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Foto: Marcos Vicente

Marcos Vicente - Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Guy de Capdeville (dir.) com Carolina Andrade do Instituto Senai de Inovação (centro) e Roberto Rodrigues.

Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Guy de Capdeville (dir.) com Carolina Andrade do Instituto Senai de Inovação (centro) e Roberto Rodrigues.

Guy de Capdeville, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, participou ontem, 12 de abril, da AnuFood Brasil 2022 – feira internacional para o setor de alimentos e bebidas que acontece em São Paulo de 12 a 14 de abril, como debatedor do Congresso FGV Agro, em painel que discutiu "A Bioeconomia aplicada à transformação da indústria de alimentos”. 

Moderado por Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, o painel contou ainda com a participação de Carolina Andrade, diretora do Instituto Senai de Inovação e Biotecnologia. 

Os participantes discutiram o panorama da alimentação no mundo e o desafio atual de garantir a todos o acesso a alimentos de qualidade e de como a bioeconomia pode contribuir, a partir das aplicações biotecnológicas, na qualidade do uso de plantas, microrganismos, células animais ou enzimas para gerar produtos secundários. 

Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgados em 2021, apontam que 811 milhões de pessoas estavam sub-alimentadas no ano passado. O número é cerca de um décimo da população global e demonstra o tamanho do desafio no cumprimento da promessa de zerar a fome no mundo até 2030.

Nesse contexto, os participantes do evento indicaram a bioeconomia como ferramenta capaz de promover o crescimento econômico, bem-estar social e a sustentabilidade, por sua capacidade em gerar produtos e serviços muito mais interessantes, do ponto de vista da sustentabilidade, pelo emprego de novas tecnologias.

O campo de aplicabilidade é vasto, passando pela necessidade de disponibilização de mais alimentos, incremento na produção agrícola, na biotecnologia industrial e na produção de energia, a partir de biomassas. E a bioeconomia já se faz presente em quase todos os campos das atividades humanas – seja na produção de vacinas, na prospecção de enzimas industriais, novas cultivares, nos biocombustíveis, cosméticos, dentre outros.

Capdeville ressaltou que existem dois tipos de bioeconomia: a primeira mais tradicional, ligada à indústria de processamento de alimentos. A segunda, mais moderna, busca por ativos disponíveis em outras fontes de matéria-prima, que não necessariamente aquelas diretamente ligadas às alimentícias, mas que podem servir de componentes importantes e inovadores na indústria de processamento de alimentos.

Sobre isso, ele citou  contribuições recentes da pesquisa da Embrapa, como os ativos já disponíveis e que podem ser usados na indústria, como o corante natural desenvolvido pela Embrapa Agroindústria Tropical (CE), a partir da casca da pitaia, que produz cor intensa que permite diversos nuances de vermelho, violeta e rosa, de interesse para as indústrias alimentícias e de cosméticos.

Citou também o néctar de açaí, bebida feita com a polpa de açaí, cupuaçu e guaraná, sem adição de conservantes, que mantém sua estabilidade por quatro meses, desenvolvido pela Embrapa Acre (AC) ou mesmo os alimentos à base de vegetais, os chamados plant-based, como a kafta produzida a partir de fibras de caju, uma criação da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), em parceria com a Sottile Alimentos.

Ainda conforme Capdeville, a quantidade de insumos que se pode obter da biodiversidade brasileira é enorme. Microrganismos e enzimas com aplicabilidade na indústria alimentícia, de cosméticos, farmacêutica ou mesmo na indústria de processamento para outros tipos de produtos. 

“Nossa capacidade biotecnológica em buscar novos ativos e colocá-los a serviço da indústria de alimentos é muito grande. Somos um dos maiores competidores nessa temática e a perspectiva de se obter ativos tecnológicos pelo uso de ferramentas de bioeconomia, que possam ser disponibilizados pela indústria é considerável. Esse movimento que considera a possibilidade de agregar valor às matérias-primas pelo emprego da ciência, da biotecnologia é capaz de transformar o ambiente socioeconômico, promover a geração de emprego e renda, além de dar uma contribuição igualmente importante para a preservação da nossa biodiversidade”, completou o diretor da Embrapa.

Marcos Vicente (MTb 19.027/MG)
Embrapa Meio Ambiente

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