A mosca-das-frutas sul-americana Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830) (Dip.: Tephritidae) é uma das principais pragas da fruticultura brasileira, ocorrendo principalmente nos estados das regiões Sul e Sudeste. Além dos danos decorrentes da inserção do ovipositor nos frutos para a colocação dos ovos e da alimentação da polpa pelas larvas, também limita as exportações de frutos devido às exigências quarentenárias impostas pelos países importadores.

Considerando-se que o controle é realizado, predominantemente, com inseticidas que podem causar problemas à saúde humana e contaminação do meio ambiente e que a maioria das frutíferas não possuem grade de inseticidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), torna-se necessário o desenvolvimento de alternativas para o manejo de A. fraterculus. Essa dificuldade com o uso de inseticidas químicos ficou mais aparente quando os inseticidas sistêmicos organofosforados foram retirados da grade dos agrotóxicos das frutíferas, levando a uma maior preocupação por parte dos produtores e técnicos.

O controle biológico de moscas-das-frutas com o uso de parasitoides é um dos métodos utilizados em outros países, principalmente, em áreas amplas. No Brasil, apesar da introdução de duas espécies de parasitoides, os programas não obtiveram êxito, e assim, uma das possíveis estratégias para viabilizar o controle biológico é a utilização de parasitoides nativos.

Os parasitoides exóticos, Tetrastichus giffardianus (Hym.: Eulophidae) e Diachasmimorpha longicaudata (Hym.: Braconidae) foram introduzidos para programas de controle biológico clássico de mosca-das-frutas em cafeeiro e diversas frutíferas, respectivamente. Entretanto, o primeiro parasitoide não se estabeleceu nas lavouras de café e o segundo apresentou problemas em relação às condições climáticas brasileiras.

Quanto aos parasitoides nativos estudados até então pela equipe do laboratório de Entomologia da Embrapa Clima Temperado já foram disponibilizados importantes resultados a respeito da biologia, ecologia e o desenvolvimento de técnicas de criação do braconídeos Doryctobracon areolatus (Hym.: Braconidae). Os estudos propostos complementarão os resultados obtidos até o momento, uma vez que os estudos básicos de biologia e ecologia definirão melhor a proporção entre machos e fêmeas nas criações de manutenção e as estratégias de competição são essenciais para definir se o parasitoide D. areolatus pode causar algum problema ao ser liberado em maior quantidade nos pomares.

Assim, esse projeto tem por objetivo dar continuidade com os estudos de controle biológico e avançar na implementação de um programa de manejo da mosca-das-frutas sul-americana com D. areolatus. Para tal, serão realizados estudos da biologia reprodutiva de D. areolatus relacionadas à cópula e à oviposição; estudos de competição pré-parasitismo e pós-parasitismo; e, liberação de parasitoides em áreas piloto.

Espera-se obter no final do projeto, um conjunto de informações relacionadas ao parasitoide D. areolatus e viabilizar o estabelecimento de um programa de controle biológico para moscas-das-frutas, por meio da adequação da técnica de criação e da recomendação de sua liberação em pomares comerciais.