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2º encontro em terra indígena maranhense aborda Sistemas Agroflorestais de Referência para combate à fome e mudanças climáticas
Entre os dias 14 a 17 de maio de 2024, foi realizado o segundo encontro do Projeto Sistemas Agroflorestais de Referência para combate à fome e mudanças climáticas, no estado do Maranhão, nos municípios de Arame e Grajau, Território Indígena Araribóia, dos povos indígenas Guajajaras. O evento envolve lideranças indígenas e instituições relacionadas à agricultura e desenvolvimento rural e foi realizado na Escola Indígena Joaquim Providência, na comunidade do Arame.
Participaram representantes e técnicos da Embrapa Florestas e Embrapa Cocais, Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF-Maranhão), Instituto Tukàn, Comissão de coordenação de lideranças e caciques do território indígena Araribóia - Ccocalitia, representantes e indígenas da comunidade Tenetehar – Guajajaras, UAIMA – União dos agricultores Indígenas do Estado do Maranhão, grupo indígena dos Guardiões da Floresta, Funai, Secretaria Municipal de Agricultura de Arame e Grajau, Fundo Vale, Ministério dos Povos Indígenas e Governo Federal.
O objetivo deste segundo encontro, composto por um ciclo de três eventos, foi realizar a prospecção e a construção conjunta dos sistemas de referência para produção de alimentos sustentáveis no Território Indígena Araribóia. Os sistemas visam à produção de alimentos considerando diferentes modalidades como lavoura, fruticultura, sistemas agroflorestais e também aspectos de restauração e conservação ambiental do Território. Os sistemas consideram as experiencias locais na produção de alimentos e as características de cada comunidade em relação à produção, verificando as principais culturas agrícolas potenciais também para geração de renda.
O evento contou com cerca de 170 participantes entre indígenas e técnicos, no qual houve uma interação e discussão das alternativas para os sistemas produtivos no território indígena. Estiveram presentes os representantes das 10 regiões do território Araribóia, o que permitiu a troca de conhecimento e discussão de aspectos importantes na produção de alimentos e geração de renda para a agricultura familiar indígena.
Além das apresentações do projeto, o evento contou com trabalhos em grupos das comunidades, nos quais os participantes discutiram e apresentaram os principais sistemas de produção. Os sistemas agroflorestais envolvendo espécies frutíferas (açaí, cupuaçu, banana) com adaptação climática e crescimento na região apresentaram demanda devido ao potencial na alimentação e comercialização. Também, sistemas com plantas de lavoura, como milho, arroz, feijão e mandioca para fins de produção de alimentos, sendo o cultivo de mandioca o principal destaque. Além da apicultura e piscicultura com atividades complementares.
Segundo Marcelo Francia Arco-Verde, Chefe Geral da Embrapa Florestas, “a participação dos diferentes grupos indígenas foi fundamental para resgatar a cultura local e descrever como as etnias cultivam seus sistemas de produção. Desta forma poderemos sugerir ajustes e melhorias para otimizar a produção de alimentos, com a quantidade e a qualidade nutricional adequadas para cada família”.
De acordo com Emiliano Santarosa, analista e engenheiro agrônomo Embrapa Florestas, “houve uma grande participação no segundo encontro, com representantes de diferentes instituições e também com representantes das comunidades indígenas. Os sistemas de produção foram discutidos com os grupos, elencando os principais pontos de planejamento e manejo dos sistemas, como espaçamentos, preparo de solo, adubação, qualidade de sementes e mudas, podas e outros fatores que afetam diretamente a produtividade. O planejamento e a organização dos sistemas de produção têm auxiliado as comunidades indígenas, também envolvendo aspectos de mão de obra, análise da produtividade e qualidade nutricional”.
Representando a secretaria de Estado da Agricultura Familiar do Maranhão (SAF), Marileide Costa, secretária Adjunta de Biodiversidade e Tecnologias Sociais destacou a importância do evento para a comunidade indígena e para o desenvolvimento sustentável da região. "Foi extremamente produtivo discutir sobre o sistema de produção agroflorestal para todo o território. É importante pensar na qualidade de vida, na geração de emprego e renda e, principalmente, no empoderamento dos municípios que formam o Território Araribóia, partindo de suas realidades, saberes e identidade, respeitando principalmente a sua cultura," afirmou a secretária.
Questões ambientais em relação à proteção do território e à importância da conservação de matas ciliares e nascentes também foram abordados. A proteção da floresta também tem sido um dos principais pontos abordados nos encontros, envolvendo os aspectos ambientais, com valorização da tradição e da cultura indígena.
O Projeto Sistemas Agroflorestais de Referência é coordenado por Marcelo Francia Arco-Verde, Chefe Geral da Embrapa Florestas. Também participam na coordenação técnica Carlos Vitoriano Lopes e Vera Maria Gouveia pela Embrapa Cocais e Sílvio Brienza Júnior e Emiliano Santarosa pela Embrapa Florestas. O Projeto é financiado pelo Fundo Vale.
O terceiro encontro do projeto está previsto para agosto, onde serão abordados os sistemas de referência e discutidos junto com a comunidade em outra localidade do Território Araribóia. A distribuição no território está sendo escolhida de acordo com a demanda das comunidades indígenas, apresentando representatividade e oportunidade para discussão em diferentes locais, sendo que o território apresenta uma população de cerca de 15.000 indígenas e 413.288 hectares de extensão. A Terra Indígena Araribóia, localizada no sul do estado do Maranhão, engloba os municípios de Arame, Buriticupu, Amarante do Maranhão, Bom Jesus das Selvas e Santa Luzia.
Manuela Bergamim (MTb1951-ES)
Embrapa Florestas
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