Medidas para o controle de fatores de degradação ambiental
Ao optar por uma ou mais estratégias de recuperação, visando não prejudicar a regeneração natural e/ou os plantios, algumas medidas iniciais devem ser tomadas para eliminar ou minimizar fatores de degradação ambiental, dentre os quais o fogo, o pastoreio de animais e as formigas cortadeiras. Além dessas medidas, a estratégia deve vir acompanhada, sempre que possível, do uso de Boas Práticas Agrícolas visando garantir a conservação do solo e da água.
1. Isolamento da área
O isolamento é requerido quando a área a ser restaurada se encontra adjacente a uma área de pastagem. Nesse caso, a recomendação é que a área seja cercada para impedir o acesso dos animais e o consequente pisoteio e danos às plantas, oriundas de regeneração natural e/ou plantios. O tipo de cerca a ser implantada dependerá das características da área e inclinação do terreno, dos animais (se bezerros, vacas leiteiras, touros, ovinos, etc), da disponibilidade ou possibilidade de acesso aos materiais para construção, tendo em vista a previsão de sua durabilidade (diferentes números e tipos de fios de arame, estacas, postes, mão de obra disponível). Assim as cercas podem variar de extremamente simples com arame liso ou farpado às mais sofisticadas, como o caso de cercas eletrificadas. Dessa forma, a escolha do tipo de cerca mais adequada pode requerer uma consulta a um técnico do segmento. Caso seja necessário, deve-se prever o acesso à área a ser recuperada, como por exemplo, em caso de disponibilidade de água e extrativismo sustentável.
2. Contenção de fogo
Seja intencional ou acidental a ocorrência de queimadas e o consequente alastramento do fogo para as áreas sob regeneração natural e/ou plantadas são uma séria ameaça ao sucesso da estratégia. No caso de áreas adjacentes a pastagens, o alastramento de fogo pode ser evitado com a construção e manutenção de aceiros ao longo das cercas (preferencialmente de 2-3 metros de cada lado). O aceiro consiste na eliminação da cobertura vegetal, viva ou morta, presente sobre o solo o que pode ser realizado manualmente com o uso de enxada, ou via mecanizada utilizando trator acoplado com lâmina frontal para raspar e afastar a camada superficial do solo com a vegetação; ou pelo seu revolvimento e incorporação por meio da aragem e/ou gradagem leve do solo, em faixas paralelas às cercas. Em áreas adjacentes a lavouras, e onde não há necessidade de cercas, a proteção da área também pode ser obtida com a manutenção dos carreadores e das áreas de manobras de máquinas sempre livres de cobertura vegetal viva ou morta utilizando-se os mesmos expedientes acima. Em qualquer situação, contudo, a manutenção de uma área de prevenção ao alastramento de fogo deve ser considerada.
3. Controle de formigas cortadeiras
Os danos causados por formigas cortadeiras também podem comprometer a estratégia de recuperação, em especial devido aos danos causados às plantas jovens da regeneração natural ou mesmo de plantios. O monitoramento periódico das formigas deve ser feito continuamente. O controle deve começar quando atingem o nível de dano ou logo após a limpeza e preparo da área, pelo menos 30 dias antes do plantio. Os tipos mais comuns de formigas cortadeiras são as saúvas (Atta spp) e as quenquéns (Acromyrmex spp). O controle contempla a) identificação e marcação de carreadores e olheiros, b) aplicação dos produtos mais adequados e c) o monitoramento do retorno. Entre os produtos disponíveis podem ser citados a) iscas granuladas, as quais podem ser distribuídas ao longo dos carreadores, em porta-iscas para evitar o seu umedecimento, ou mesmo na forma de sachês; b) formicidas em pó seco ou via úmida; ou c) termonebulização. Cada método de controle prevê o uso de princípios ativos e equipamentos diferentes e requer que sejam considerados o uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPI) e as recomendações do fabricante. Em caso de dúvidas, procurar profissional habilitado. Em sistemas agroflorestais ou em áreas onde há restrições ao uso de agrotóxicos, recomenda-se o uso de formulações à base de produtos naturais como, por exemplo, à base de gergelim ou mamona.