Estudantes de graduação e pós-graduação em ciências agrárias e ambientais participaram do curso "Netflora - Inteligência Artificial (IA) para identificação de espécies florestais", realizado no Campus Floresta da Universidade Federal do Acre, em Cruzeiro do Sul (AC), na primeira quinzena de julho. A capacitação compartilhou conhecimentos básicos sobre inteligência artificial e uso de algoritmos para as atividades de planejamento florestal. Os estudantes conheceram aspectos da operacionalização da tecnologia Netflora, incluindo os princípios básicos para uso e aplicação dos algoritmos; formas de uso dos algoritmos “Palmeiras e Açaí”; treinamento com o uso do algoritmo com peso treinado, interpretação dos resultados e visualização e pós processamento no Sistema de Informações Geográficas (SIG), ferramenta gratuita e de código aberto que oferece suporte à visualização, edição e análise de dados geoespaciais. Erica Kerolaine Mendonça dos Santos, instrutora e bolsista do projeto Geotecnologias aplicadas à automação florestal e espacialização dos estoques de carbono em áreas de floresta nativa na Amazônia (Geoflora), executado pela Embrapa Acre, com apoio do Fundo JBS pela Amazônia, explica que a capacitação na região do Vale do Juruá é importante para mostrar aos futuros profissionais que o Netflora é uma ferramenta de fácil aplicação. “A Embrapa teve a preocupação de entregar um produto acessível a diferentes públicos, que permite que o resultado obtido por meio do processamento dos dados do NetFlora, seja aplicado em diversas áreas. Além das aplicações da Inteligência Artificial para o manejo florestal, a tecnologia pode ser utilizada para atender demandas de monitoramento ambiental e análise de determinadas cadeias produtivas, que envolvem tanto profissionais das ciências ambientais como das ciências florestais”, comenta. Além do conteúdo programático do curso, os participantes receberam informações sobre o histórico do manejo florestal e as transformações que ocorreram com o uso de novas tecnologias. “Focamos a evolução da atividade, desde quando eram mais extrativistas, menos intensivas, passando pelo manejo após a regulação, até o surgimento do Modelo Digital de Exploração Florestal (Modeflora) e do Netflora. Também abordamos como o uso da Inteligência Artificial pode ser incorporado às atividades desenvolvidas por órgãos ambientais como o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac)”, explica a bolsista. Evandro Orfanó, pesquisador da Embrapa Acre e líder do projeto Geoflora, destaca que a disseminação desse conhecimento é fundamental para adoção da tecnologia, em larga escala. “A região do Juruá tem potencial para a realização de estudos de inventários florestais e o Campus Floresta da Ufac, localizado no município de Cruzeiro do Sul, forma estudantes de diversas localidades da região, que podem se beneficiar profissionalmente com o uso do Netflora”, destaca Capacitação on-line A Embrapa Acre investe em uma agenda de capacitações para uso do Netflora. Além dos cursos presenciais, outra forma de acesso aos algoritmos é o curso Detecção de espécies florestais com uso do Netflora, disponível na plataforma e-Campo de Educação a Distância (EAD) da Embrapa. De acordo com Orfanó, a capacitação à distância tem sido uma estratégia fundamental para compartilhar o Netflora. Mais de 380 profissionais de diversas localidades do globo já fizeram o curso e baixaram os algoritmos para uso em atividades de planejamento florestal e estudos ambientais. “A capilaridade do curso on-line é imensa. Em 2007, quando lançamos o Modeflora, só conseguimos atingir essa marca depois de dois anos de intenso trabalho na realização de cursos presenciais. Com o EAD do Netflora ampliamos o acesso à tecnologia para profissionais de diversas regiões e países, de distintas áreas de conhecimento. Estamos vislumbrando um aumento na demanda por essa capacitação, na medida em que novos algoritmos forem disponibilizados na plataforma”, reforça. A tecnologia Netflora é dirigida a empresas do setor florestal, profissionais de instituições de ensino e pesquisa, associações agroextrativistas e órgãos ambientais que atuam no monitoramento da atividade florestal, entre outros públicos. A metodologia aumenta a automatização no planejamento de inventários florestais preliminares e pode contribuir com o monitoramento de sistemas de manejo florestal de precisão na Amazônia, além de fornecer informações para estudos sobre diferentes aspectos da floresta.