25/06/24 |   Research, Development and Innovation

Evento resgata a história e coloca em pauta os desafios da pesquisa agropecuária na Amazônia

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Photo: Ronaldo Rosa

Ronaldo Rosa - Da esquerda para a direita: Maria Fernanda Diniz, jornalista da Embrapa; Silvia Massruhá, presidente da Embrapa; e Marcel Botelho, presidente da Fapespa.

Da esquerda para a direita: Maria Fernanda Diniz, jornalista da Embrapa; Silvia Massruhá, presidente da Embrapa; e Marcel Botelho, presidente da Fapespa.

Fatos políticos e científicos que marcaram a trajetória da pesquisa agropecuária na Amazônia, os avanços da agricultura na região e os desafios para aliar a produção e a preservação da floresta estiveram no centro do debate na manhã desta terça-feira (25), no programa “Estação 85 – nas ondas da pesquisa”, na sede da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA). Transmitido ao vivo pelo Youtube da instituição, o videocast trouxe diferentes gerações de gestores da Embrapa e convidados para debater o passado, presente e futuro da pesquisa na região que este ano completa 85 anos.

A criação do Instituto Agronômico do Norte (IAN), em maio de 1939, é um marco referencial para a produção científica das ciências agrárias na Amazônia. Criado para responder à demanda mundial de borracha, durante a Segunda Guerra Mundial, o Instituto deu origem à Embrapa Amazônia Oriental e a outras Unidades da instituição nos estados da Região Norte.

O programa, dividido em dois blocos e mediado pela jornalista da Embrapa Maria Fernanda Diniz, teve a participação da presidente da Embrapa, Silvia Massruhá; do pesquisador aposentado e ex-chefe da Embrapa Amazônia Oriental, Emeleocípio Andrade; do presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisa (Fapespa), Marcel Botelho; e do historiador e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Michel Pinho. O evento contou ainda com a participação do pesquisador Raimundo Nonato Teixeira, no violão, e do técnico Edgar Macedo, conhecido como “Poeta”.

 

 


Área vital para a cidade de Belém
 

 “A história desta casa envolve dois personagens especialíssimos: Enéas Pinheiro e Felisberto Camargo”, afirmou Emeleocípio Andrade. Enéas Pinheiro idealizou e foi o responsável pela instalação de todas as estruturas do IAN, que hoje atendem à Embrapa Amazônia Oriental. “É preciso que a pesquisa resgate e valorize o nome de Enéas Pinheiro”, ressaltou o ex-chefe.

Já Felisberto Camargo foi o primeiro dirigente da instituição, responsável pelo avanço da pesquisa e do ensino nas ciências agrárias na região. “Foi um visionário, que definiu linhas de pesquisa até hoje atuais”, pontuou Emeleocípio.

Para o historiador Michel Pinho, a história da Embrapa é também a história da cidade de Belém. “A história da cidade não pode ser contada sem a relação com a natureza do entorno”, afirmou.

“A fundação de Belém remonta a janeiro de 1616 e o limite da cidade era onde está agora localizada a Embrapa. Quando Landi (arquiteto italiano responsável pelo plano urbanístico da cidade de Belém na segunda metade do século XVIII) vem fazer o seu engenho aqui, essa região já tinha uma grande produção agrícola”, conta o historiador.

Nos dias atuais, o historiador considera a área da Embrapa vital para a cidade de Belém. “Vital porque garante uma área verde gigantesca na cidade, vital porque garante um diálogo intenso da cidade com sua história e vital também porque ela é um patrimônio”, ressaltou.

Vista aérea da Embrapa Amazônia Oriental. Foto: Ronaldo Rosa

Agricultura multifuncional
 

“Há 80 anos a pesquisa estava desbravando e conhecendo essa região. Atualmente já temos dados e informações técnicas com as quais podemos fazer uma agricultura mais preditiva e multifuncional, que envolva diversas áreas, como a tecnologia da informação, as ciências exatas, sociais, entre outras. Apostamos na convergência de átomos, bits, neurônios e genes”, afirmou Massruhá.

Atualmente, a Embrapa possui nove centros de pesquisa na Amazônia Legal, mais de 300 pesquisadores e 220 soluções tecnologias voltadas a 50 cadeias produtivas da região para responder aos desafios da descarbonização da atividade agropecuária, da inclusão sócioprodutiva e do potencial da sociobiodiversidade amazônica para povos e comunidades tradicionais.

Para a gestora, o Brasil e o mundo têm muito a aprender com a pesquisa no Pará e na Amazônia.  “Os Sistemas Agroflorestais dessa região são uma referência de agricultura multifuncional, que alia o produzir e o preservar. E neste momento em que os olhos do mundo estão voltados a essa região, é fundamental mostramos os resultados de 51 anos de atuação da Embrapa e seus parceiros”, afirmou.

Bioeconomia inclusiva
 

“A Amazônia está aqui para nos mostrar o valor que essa biodiversidade tem não somente da floresta, mas também dos sistemas de produção tracionais e das pessoas que aqui habitam. É um exemplo para o mundo de que é possível produzir conservando a floresta”, afirmou Clenio Pillon, diretor de Pesquisa e Inovação da Embrapa.

O diretor sinaliza que a bioeconomia inclusiva que se busca na Empresa é aquela onde os saberes das populações locais e comunidades tradicionais sejam considerados vetores de transformação.

Para Walkymário Lemos, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, a ciência também é um vetor de transformação da sociedade. Ele ressaltou o legado científico deixado pelo Instituto Agronômico do Norte sobre o conhecimento dos solos e da vegetação da Amazônia, e a domesticação de espécies da região, como o açaí e o cupuaçu. “A gente acredita que pode continuar trazendo contribuições que resultem em bem-estar social, econômico e ambiental e que retirem da invisibilidade as populações da Amazônia”, afirmou.

Importância da pesquisa
 

 “A pesquisa é importante para todos os setores, mas na alimentação é grandiosa porque gera produtos de altíssima qualidade para a população e permite ao homem do campo uma produção mais eficiente”, afirma Cassio Oeiras, empresário do setor de alimentos. Ele produz pães, farinhas, beijus e molhos a partir de matérias-primas obtidas das cultivares biofortificadas da Embrapa, no município de Castanhal (PA).

Já para Alan Gabriel, empresário e produtor de açaí, o conhecimento técnico-científico é fundamental para mitigar riscos. “Perdemos um grande plantio de açaí no nordeste do Pará, em 2015, por falta de conhecimento técnico. No ano seguinte, com informação e tecnologia, conseguimos replantar, irrigar e hoje estamos colhendo os frutos desse investimento”, exemplificou. A área do produtor tem cerca de 20 mil pés de açaí em 50 hectares no município de Igarapé-Açu (PA).

“Não há outro caminho para o desenvolvimento sustentável de qualquer nação que não seja através do conhecimento científico, tecnológico e da inovação”, afirmou Marcel Botelho, presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). Ele afirma que os 85 anos da pesquisa agropecuária na Amazônia representam um marco referencial importante para o desenvolvimento da região, mas é preciso avançar.

"Tudo na Amazônia é superlativo e os investimentos em pesquisa precisam ser na mesma proporção", afirmou. Ele citou a iniciativa Amazônia + 10, conjunto de editais que reúne 25 fundações estaduais de amparo à pesquisa e apoia projetos na região conduzidos por pesquisadores da região. "A Amazônia precisa se abrir, mas sem perder de vista o protagonismo dos amazônidas", finalizou. 

Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental

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