25/05/16 |   Agroecology and organic farming

Embrapa apoia Semana dos Alimentos Orgânicos no Acre

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Photo: Flaviano Schneider

Flaviano Schneider - Feira de Produtos Orgânicos de Rio Branco (AC)

Feira de Produtos Orgânicos de Rio Branco (AC)

A décima segunda edição da Semana dos Alimentos Orgânicos iniciou no sábado (28) e se estende até 5 de junho. O evento é realizado no espaço entre o mercado Elias Mansour e o Terminal Urbano, onde acontece a Feira Orgânica de Rio Branco, com o objetivo de informar à população em geral sobre os produtos orgânicos, os sistemas de produção baseados em princípios agroecológicos e divulgar os locais onde esses alimentos podem ser encontrados.

Consumidores da capital e outros municípios acreanos poderão adquirir uma diversidade de produtos e participar da programação que inclui, entre outras atividades, caminhada ecológica, oficinas sobre compostagem e manejo de florestas plantadas, debate com produtores, visitas aos campos experimentais da Universidade Federal do Acre (Ufac) e dia de campo. A Semana é uma campanha nacional, realizada anualmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em todos os estados do Brasil e no Distrito Federal, simultaneamente, em parceria com diversas instituições.

No Acre a atividade é coordenada pela ONG SOS Amazônia, em parceria com a Secretaria Federal de Agricultura (SFA) e Embrapa, entre outras instituições públicas e privadas ligadas à pesquisa, ensino, fomento, fiscalização, assistência técnica, crédito, abastecimento, setor produtivo e defesa do consumidor integrantes da Comissão de Produção Orgânica (CPOrg) local. No domingo (dia 5) uma panfletagem na Feira de Economia Solidária, no Novo Mercado Velho, realizada por agricultores e apoiadores do evento, encerra a programação.

 

Conscientização

De acordo com dados do Mapa, o Brasil possui cerca de 750 mil hectares ocupados com orgânicos e mais de 10 mil produtores envolvidos com a atividade, a maioria na agricultura familiar. No Acre existem 150 agricultores orgânicos cadastrados, com uma produção predominantemente familiar e em pequena escala.

A legislação brasileira, em vigor desde janeiro de 2011, prevê que todo produto orgânico vendido em lojas e mercados deve conter em seu rótulo o selo do Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica (SisOrg), certificado que facilita a identificação e o controle de qualidade da produção e ajuda a garantir segurança ao consumidor. Este selo é concedido por empresa certificadora, pública ou privada, credenciada pelo Mapa. Já o agricultor familiar tem a prerrogativa de poder comercializar diretamente a produção em feiras e outros pontos definidos, sem certificação, mas enfrenta o desafio de estabelecer uma relação de confiança com quem compra seus produtos.

"A conscientização do consumidor em relação à importância dos alimentos orgânicos pode contribuir para aumentar o interesse por estes produtos e para ampliar tanto o consumo urbano como o número de agricultores orgânicos, condições essenciais para fortalecer esse segmento", afirma a analista da Embrapa, Fernanda Fonseca, membro da Comissão de Produção Orgânica do Acre.

Conforme preceitos legais, um produto orgânico deve ser cultivado sem o uso de agrotóxicos, hormônios, adubos químicos, antibióticos ou técnicas transgênicas em qualquer fase do processo produtivo. Entretanto, a produção orgânica vai além da ausência destas características, uma vez que preconiza o respeito a aspectos ambientais, culturais e econômicos. Tais fatores ajudam a garantir um sistema agropecuário capaz de proporcionar alimentos mais saudáveis para a população, manutenção de práticas tradicionais de cultivo, renda para o agricultor e conservação ambiental.

 

Política Nacional

A agricultora Miciléia de Jesus, representante do Grupo Ecológico Humaitá, comercializa semanalmente a sua produção em Rio Branco e considera o evento uma oportunidade para divulgar o trabalho dos agricultores e chamar a atenção para a importância do consumo. "Faço agricultura orgânica há mais de 10 anos. Durante a feira e, especialmente na Semana dos Orgânicos, podemos esclarecer à população como é realizada a produção e sobre os benefícios e vantagens de comprar e consumir esse tipo de alimento", destaca.

Segundo a engenheira agrônoma Rosângela Barboza, técnica do Mapa e presidente da Comissão de Produção Orgânica do Acre, a agricultura orgânica começou a ganhar visibilidade no Estado a partir de 1997, quando o órgão iniciou uma série de ações para oficializar este segmento no contexto acreano. "O processo incluiu capacitações de técnicos e agricultores e, no ano seguinte, a criação da Feira de Produtos Orgânicos de Rio Branco, conhecida como "Feirinha", fruto da parceria com diversas instituições. A proposta deste evento anual é incentivar a produção de alimentos de forma mais harmônica com a natureza", enfatiza.

Além de integrantes do grupo ecológico do Humaitá, atualmente a Feira recebe agricultores familiares dos Projetos de Assentamento Moreno Maia, Wilson Pinheiro e Benfica, que comercializam seus produtos no espaço localizado ao lado do Mercado Municipal Elias Mansour, sempre às sextas-feiras (das 6 às 18 horas) e aos sábados (das 5 às 13 horas). No local é possível adquirir uma gama de frutas e hortaliças, além de doces, biscoitos, geleias, queijos, ovos e outros produtos.

Uma pesquisa realizada pela Embrapa Acre revelou que o consumo de produtos orgânicos está fortemente relacionado com a saúde, devido à associação com uma agricultura sem agrotóxico e um processo natural de cultivo. Embora o interesse por alimentos mais saudáveis influencie a procura, os preços desses alimentos, normalmente mais elevados que os convencionais, ainda representam uma limitação ao consumo.

Para Rosângela Barboza, o mercado de orgânicos no Brasil está em expansão e no Acre ainda é pequeno quando comparado a outras localidades, devido a fatores como desconhecimento dos benefícios do consumo destes produtos e pouco incentivo à produção. O grande desafio ainda é fornecer alimentos totalmente isentos de agrotóxicos, pois existe pouco conhecimento científico sobre a produção orgânica, especialmente no tocante ao controle de pragas e doenças, o que dificulta a adesão a este sistema de produção por parte dos agricultores. "Temos buscado apoiar a atividade, investir em parcerias para promover o fortalecendo da produção no Estado e garantir a rastreabilidade dos produtos cadastrados como orgânicos", afirma.

Com a implementação de medidas efetivas de apoio à produção orgânica, por meio da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), os Estados poderão melhorar a sua atuação neste segmento. Criada em 2012, com o objetivo de consolidar e expandir processos de desenvolvimento da agroecologia, dentre suas ações prevê a ampliação do serviço de extensão rural para agricultores orgânicos. "Esperamos em breve poder contar com uma oferta ampliada de alimentos que promovem tanto a saúde das pessoas como a conservação do meio ambiente, e mais acessível à sociedade", diz Fernanda Fonseca.

Para conferir a programação completa do evento clique aqui

Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre

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Colaboração: Ana Flávia Soares
Embrapa Acre

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