O grupo de 32 profissionais, representando 20 cooperativas do RS, SC e PR, participou do 3º módulo de qualificação de técnicos do convênio Embrapa-OCB-Sescoop. O tema "Integração Lavoura-pecuária-floresta" contou com palestras e visitas e produtores do Rio Grande do Sul, no período de 22 a 24/06. O convênio da Embrapa com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) iniciou em 2015, com uma série de atividades relacionadas a cereais de inverno, com temáticas divididas em módulos em encontros mensais, aproximando instituições de pesquisa, assistência técnica e produtores. Na edição 2016, serão sete módulos presenciais de 24 horas, no período de abril a dezembro. O primeiro módulo, de 13 a 15/04, tratou os temas "Introdução ao Cooperativismo e Fundamentos de agricultura conservacionista e fertilidade de solo"; o segundo módulo, de 18 a 20/05, trouxe a discussão sobre "Controle de plantas daninhas e tecnologia de aplicação"; o terceiro módulo, de 22 a 24/06, buscou avaliar experiências com "Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF)". De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Renato Serena Fontaneli, sistemas de ILPF na região norte do RS, oeste de SC e sudoeste do PR têm sido atrativos, especialmente para pequenos agricultores, com menos de 20 ha de terras, que têm encontrado na produção de carne e leite uma alternativa melhor do que a produção de grãos. "A forma mais econômica de produzir carne e leite bovinos é em pastagens. A segunda é via alimento conservado, feno e silagem. E a terceira, é com grãos e suplementos. A combinação das três formas é o melhor caminho para minimizar as oscilações de oferta de forragens ao longo do ano, principalmente nas propriedades familiares onde a intensificação dos sistemas de produção depende da otimização de pequenas áreas para agropecuária", avalia Fontaneli. Fazenda Librelotto Uma das experiências visitadas pelo grupo da OCB foi na Fazenda Librelotto, em Boa Vista das Missões, RS. O produtor Ivonei Librelotto herdou do pai a tradição na engorda de novilhos de corte, mas viu na ILPF a oportunidade de otimizar área e insumos, diversificando as fontes de renda na produção ao longo do ano. Além da soja no verão e de forrageiras de inverno, como aveia e azevém, a família incluiu o trigo e o milho no sistema de produção. O trigo utilizado pelo produtor é de duplo-propósito, uma espécie de ciclo mais longo que permite dois pastejos dos animais com posterior colheita de grãos. A cultivar de trigo BRS Tarumã permitiu ganhos de 150 a 300 kg de peso vivo por hectare e colheita acima de 40 sacos de grãos. A inserção do milho, além de proporcionar melhorias no solo, ainda liberou a área de lavoura mais cedo, permitindo o pastejo na resteva e engorda de bois na entressafra da pecuária na região. A colheita do milho em fevereiro também permite a semeadura antecipada das pastagens de inverno, com escape do vazio outonal quando os animais sofrem com a falta de forragens. Saiba mais sobre o trigo de duplo propósito em ILPF: Podcast entrevista Renato Fontaneli De acordo com o produtor Ivonei Librelotto, as mudanças promovidas há quase dez anos resultaram no aumento da produtividade de grãos (verão e inverno) em 4 vezes e a produção de carne aumentou em 8 vezes, com planejamento forrageiro e investimento em genética. O pecuarista hoje é empresário e produtor de sementes, reconhecido no Rio Grande do Sul como modelo de sustentabilidade ambiental, econômica e social. Fazenda Tropeiro Camponez A Fazenda Tropeiro Camponez está localizada a 20 km de Passo Fundo, RS, numa área de 110 hectares no distrito de Pulador. A produção baseada na soja, milho, leite, ovos, laranja e verduras ganhou a implantação de árvores em 2008. Hoje os eucaliptos cobrem três hectares da área, dispostos em fileiras que intercalam lavouras de grãos e pastagens. "A espécie mais utilizada na região é o eucalipto, que é de fácil manejo, conta com tecnologia de conhecimento do produtor, além de boa demanda e remuneração no mercado", avalia o extensionista da Emater/RS de Passo Fundo, Ilvandro Barreto de Melo. Segundo ele, além do retorno mensal do leite e da safra de grãos, existe possibilidade de capitalização em madeira, tanto para venda quanto para uso na propriedade. Ainda, a família Lacourt, proprietária da Fazenda, investe também no turismo rural, onde as árvores compõem a paisagem de paz e sossego que atrai os turistas ao local. Veja o depoimento do extensionista da Emater/RS de Passo Fundo, Ilvandro Barreto de Melo. Participaram das visitas as cooperativas: Agrária, Cocamar, Cocari, Coopavel, Coprossel, Camnpal, Coagril, Coasa, Comtul, Coopatrigo, Coopermil, Cooperoque, Cotrel, Cotricampo, Cotrijal, Cotrijuc, Cotrirosa, Cotrisal, Cooperalfa e Copercampos.