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Produção de palma integra empresa, agricultura familiar e pesquisa no interior do Pará

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Photo: Agência de Notícias - Embrapa

Agência de Notícias - Embrapa - Produção de palma integra empresa, agricultura familiar e pesquisa no interior do Pará

Produção de palma integra empresa, agricultura familiar e pesquisa no interior do Pará

A empresa Agropalma, em Tailândia, nordeste do Pará, foi a primeira a ser visitada pelo grupo de pesquisadores da Embrapa (Belém, PA), Universidades de Oxford e Leeds (Reino Unido), e de Columbia (EUA). Eles conheceram áreas de plantio em escala empresarial e familiar, viveiro de produção de mudas e áreas de florestas.

A Agropalma, empresa totalmente brasileira que produz palma de óleo nos municípios de Tailândia, Acará, Moju e Tomé-Açu, foi a primeira visitada. De acordo com o engenheiro agrônomo Sebastião Sinimbú, gerente técnico da empresa, a Agropalma possui 107 mil hectares de terra na região, sendo 40 mil hectares de área de plantio de palma de óleo, 64 mil hectares de área de floresta, e ainda viveiro, cinco usinas de extração de óleo, sede da empresa, vilas de residências de funcionários e gerentes. "Temos 4.500 funcionários (com grande número de imigrantes nordestinos) e nossas usinas têm capacidade de processar 206 toneladas de óleo por hora", conta o agrônomo.

Atualmente a maior parte da produção da empresa possui a certificação RSPO - emitida pela entidade Roundtable on Sustainable Palm Oil (Mesa Redonda do Óleo de Palma Sustentável), que comprova que o processo produtivo tem sustentabilidade ambiental e responsabilidade social. "Essa certificação é muito importante porque está separando o joio do trigo e nos garante um bom mercado para o nosso produto", afirma Sinimbú.

Agricultura familiar - Foi a relação da empresa com a agricultura familiar que despertou a atenção do grupo. Exatamente 185 famílias da região possuem contrato de venda de cachos de palma de óleo com a Agropalma. Apesar de a produção familiar representar apenas 5% da produção total do negócio, esse público, segundo a engenheira agrônoma Cintia da Mata, é extremamente relevante para a empresa. Nessa relação, o agricultor recebe as mudas para plantio e tem assistência técnica. Por outro lado compra o adubo da empresa. A produção é comercializada a um preço indexado de acordo com o valor do óleo de palma no mercado internacional, que de acordo com o agrônomo Sinimbú está entre 10 e 15%.

A agrônoma Cintia da Mata conta que a produção familiar está dividida entre as áreas das associações de agricultores das comunidades de Arauaí e da Soledade, e áreas de assentamento, ambas entre os municípios de Tailândia e Moju. "150 famílias cuidam de 10 hectares cada na área da associação e outras 35 famílias em áreas de assentamento", explica a agrônoma.

A agricultora Maria Benedita Cruz de Oliveira não se arrepende de, há três anos, ter iniciado na produção de palma de óleo.  Ela conta que seu rendimento médio mensal é de 1.600 reais e todo mundo na Vila de Arauaí, onde ela vive com esposo, filhos e netos, quer plantar palma de óleo, o que aliás vai ao encontro da meta do governo em ampliar a área plantada no Estado do Pará de 150 mil para 500 mil hectares.

A exemplo da mãe, o filho Rodrigo Oliveira, de 24 anos, também se mudou com a mulher e filhos para a região e já planta palma. Ele diz que "é preciso roçar três vezes ao ano e fazer colheita de 15 em 15 dias", trabalho menos pesado que a roça de mandioca. Nenhum agricultor nessa área, segundo a agrônoma Cintia da Mata, utilizou fogo no plantio e a Agropalma busca também a certificação da produção familiar, "temos até 2014 para adequar essa produção ao RSPO", explica. 

Tecnologia - Na empresa Marborges, localizada no município de Moju (nordeste do Pará), os pesquisadores conheceram áreas de plantio de palma de óleo e de pesquisas realizadas em parceria com a Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) e viram como a pesquisa tecnológica tem resolvido os gargalos na produção da palma de óleo na região.

A Marborges é uma empresa familiar de médio porte e possui área total de 16.165 hectares, dividindo-se em áreas de plantio de palma (6.817 ha), área de reserva contínua (8.127 ha) e outras áreas menores como estradas (151 ha), áreas de reflorestamento com espécies nativas (460 ha), pastos (154 ha) e mata ripária (ciliar, 456 ha).

São 1.100 funcionários – em sua maioria mão-de-obra local - que trabalham para garantir a produção estimada para 2012 de 80 mil toneladas de cachos de dendê, nos quatro mil hectares em produção atualmente na empresa. Um dos diretores da empresa, Alexandre Veiga, explica que quase 100% da produção da Marborges vão para a indústria alimentícia e que se prepara para iniciar mais um projeto de plantio de palma, desta vez com agricultores familiares da comunidade de Garrafão, município do Acará, nordeste do Estado.

Pesquisa - A relação da empresa com a pesquisa não é de hoje. Há alguns anos, pesquisadores da Embrapa vêm desenvolvendo trabalhos na área de produção da Marborges, mas Alexandre Veiga aponta ainda algumas lacunas no conhecimento, "precisamos dar uma destinação melhor aos efluentes líquidos da usina de processamento do óleo, e também ter o domínio da maturação do fruto do híbrido (variedade de palma desenvolvida pela Embrapa a partir do cruzamento do dendê africano e amazônico)", explica o diretor. Para Adriano Venturieri, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e coordenador da visita técnica, ao mobilizar equipes multidisciplinares no campo a intenção é conhecer essas lacunas e dar soluções de curto prazo e sustentáveis para o produtor, cumprindo assim a real missão da pesquisa com foco tecnológico. 

Mas a pesquisa já trouxe alguns bons resultados para o campo, especialmente no que diz respeito ao amarelecimento fatal (AF), distúrbio fisiológico, de causa ainda desconhecida e fatal para o cultivo da palma de óleo. Os primeiros casos de AF na empresa ocorreram em 1994, e nessa área, segundo Alexandre Veiga, o híbrido de dendê BRS Manicoré, desenvolvido pela Embrapa Amazônia Ocidental, tem se mostrado bastante eficiente. A cultivar, lançada em 2010, foi desenvolvida a partir do cruzamento entre o dendezeiro de origem africana (Elaeis guineensis) e o originário na região Amazônica caiaué (Elaeis oleifera) e uma de suas principais características é a tolerância ao AF.

Alexandre Veiga concorda que é preciso avançar no desenvolvimento da cadeia produtiva da palma, resolvendo os gargalos da produção, beneficiamento e legislação, "se a Embrapa quiser colocar mais pesquisadores para trabalhar na área de Marborges vai ter muito assunto para pesquisar e muitos obstáculos para superar", finaliza o diretor.

Ana Laura Lima (DRT 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental
Tel.: (91) 3204- 1191-  8811-8560
analaura@cpatu.embrapa.br

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