Cerca de quinze produtores de mamão do sul da Bahia, ligados à Associação de Produtores de Frutas (PROFRUTA), cujos plantios se espalham desde a fronteira com o Estado do Espírito Santo até o Rio Jequitinhonha, estão recebendo apoio técnico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio de sua Unidade, a Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), da Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia (SEAGRI-BA) e da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), para a produção da fruta para exportação, utilizando uma técnica chamada "Systems Approach".

Trata-se de um modelo com um enfoque sistêmico em todo o processo de produção da fruta - desde as práticas culturais em campo, passando pelo processo de embalagem em "packing house", até o seu embarque com destino ao consumidor. A boa qualidade da fruta e ausência de pragas e doenças são as principais exigências dos mercados importadores. O mamão do sul da Bahia tem boa qualidade, apresentando, entretanto, dois problemas fitossanitários principais que exigem maior atenção: mosca-das-frutas e doenças causadas por vírus. Iniciado em janeiro de 2001, o projeto visa a produção de um mamão de alta qualidade, sem resíduos de agroquímicos e sem a presença de pragas classificadas como quarentenárias pelos países importadores, especialmente a mosca-das-frutas (Ceratitis capitata).

O pesquisador Antonio Souza Nascimento explica que uma das principais ações dentro do "Systems Approach" é o controle de pragas em área ampla. "Esse é um conceito moderno que além da execução do controle propriamente dito das pragas em nível de fazenda, objetiva a adoção de medidas preventivas capazes de dificultar ou reduzir a dispersão da praga entre duas ou mais fazendas ou entre regiões produtoras", detalha Nascimento.

"No caso do mamão, os principais alvos são as doenças causadas por vírus, como a meleira e a mancha anelar, e a mosca-das-frutas que, por suas características biológicas se dispersam facilmente", acrescenta o entomologista da Embrapa. No caso da Bahia, a ADAB e Delegacia Federal do Ministério da Agricultura (DFA-BA) estão à frente das ações de orientação, educação e fiscalização dos segmentos da população envolvida com o agronegócio mamão e a manutenção das barreiras fitossanitárias.

Às instituições de pesquisa, co mo a Embrapa, cabe avançar na fronteira do conhecimento, trazendo informações capazes de melhorar continuamente o sistema de produção do mamão. Uma das ações de pesquisa que está sendo desenvolvida tem sido a análise do látex e da semente do fruto para determinar o teor de benzil-isso-tiocianato (BITC), um componente químico responsável pela resistência ao ataque da mosca-das-frutas, em diferentes estágios de maturação do fruto, em três variedades (Sunrise Solo, Formosa e Golden).

A pesquisa vai ajudar os produtores a decidirem qual o melhor momento para se colher o fruto antes do ataque da mosca. Entre as principais estratégias do projeto estão a manutenção permanente de um sistema de monitoramento populacional e controle de mosca-das-frutas, inspeção e erradicação de plantas atacadas pela mancha anelar e pela meleira, e melhorias no sistema de colheita e embalagem da fruta. O mamoeiro é uma das principais fruteiras cultivadas, de ampla importância social, econômica e nutricional, sendo utilizado para a produção de fruta fresca, extração de papaína para o emprego na indústria têxtil, farmacêutica, de alimentos e de cosméticos.

Contribuindo com cerca de 38% da produção mundial, o Brasil é líder no ranking dos países produtores de mamão com uma produção de aproximadamente 1.700.000 toneladas por ano, um negócio que movimentou 20 milhões de dólares em 2001. As regiões Nordeste e Sudeste lideram a produção da fruta, destacando-se a Bahia como primeiro produtor, seguido pelo Espírito Santo. A supervisão do projeto é de responsabilidade conjunta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A Embrapa e Universidade de São Paulo prestam assessoria e fizeram a elaboração do projeto. O primeiro lote de frutas produzidas com a nova sistemática deve ser exportado nos próximos meses.

Dalmo Oliveira da Silva Embrapa Mandioca e Fruticultura (75) 621.8037 Fax (75) 621.1118 (75) 9991.3231