Pesquisa mostra avanço na adoção da ILPF por produtores mato-grossenses
Pesquisa mostra avanço na adoção da ILPF por produtores mato-grossenses
O trabalho de transferência de tecnologia sobre sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) realizado pela Embrapa nos últimos anos tem contribuído para a maior adoção desses sistemas produtivos em Mato Grosso. De acordo com pesquisa encomendada pela Rede de Fomento ILPF ao Kleffmann Group, o estado é o segundo com maior área com sistemas integrados no país, com 1,5 milhão de hectares e o índice de adoção vem crescendo nos últimos anos.
As ações de transferência de tecnologia voltadas para a ILPF tiveram início antes mesmo da criação da Embrapa Agrossilvipastoril, quando foi instalada a primeira Unidade de Referência Tecnológica (URT) de integração lavoura-pecuária em Santa Carmem (MT), em 2005. Com a inauguração do centro de pesquisa em Sinop (MT), em 2009, as ações foram ampliadas, com a instalação de novas URTs, a estruturação de programas de capacitação continuada de técnicos e consultores e com a realização de eventos como dias de campo, visitas técnicas, seminários, entre outros.
Para o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril, Flávio Fernandes Júnior, as ações desenvolvidas contribuíram para colocar o tema ILPF na pauta das principais discussões do setor agropecuário no estado, sejam elas relacionadas à pecuária, à agricultura, às práticas conservacionistas e de uso racional das áreas.
"São muitas ações feitas de maneira integrada. São pelo menos cinco dias de campo sobre ILPF por ano com capacitações sendo realizadas nas regiões de abrangência das URTs. Além disso, a gente vem agregando pessoas e instituições nesse processo, como a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec) e o Senar-MT. Não só nos ajudando com os custos, mas também agregando pessoas", avalia Flávio Fernandes.
Parte dessas ações foi intensificada nos últimos quatro anos, com a criação da Rede de Fomento ILPF. Formada pela Embrapa, Cocamar, Dow Agrosciences, John Deere, Parker e Syngenta, a parceria público-privada ajuda a custear as atividades que já vinham sendo desenvolvidas e possibilitou a ampliação de ações, como a instalação e manutenção de novas URTs e o desenvolvimento de estratégias de comunicação e de divulgação dos sistemas ILPF. A parceria com a Rede de Fomento ILPF também possibilitou a continuidade do trabalho de avaliação econômica dos sistemas integrados em conjunto com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
"Além de ter certa celeridade no uso dos recursos, a Rede de Fomento ajuda a quebrar barreiras. A partir do momento em que empresas tradicionais, reconhecidas pelo setor produtivo como empresas de alta tecnologia fazem parte do processo, ele passa a olhar também para esse sistema, por analogia, como algo de alta tecnologia", analisa o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril.
Adoção da ILPF em Mato Grosso
A pesquisa divulgada pela Rede de Fomento ILPF mostrou que 11,5 milhões de hectares em todo o país são ocupados por alguma configuração de ILPF. Em Mato Grosso o número é de 1,5 milhão de hectare, sendo 90% desta área ocupada por sistema agropastoril, 6% por Agrossilvipastoril e 4% por silvipastoril.
Os números da pesquisa se assemelham aos obtidos em um levantamento feito em 2013 pela pesquisadora Juliana Gil, por meio de uma parceria entre Embrapa Agrossilvipastoril, Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e Universidade de Hohenheim (ALE). Na ocasião, a pesquisadora identificou a proporção de 89% da área com lavoura-pecuária, 5% com pecuária-floresta, 5% com lavoura-pecuária-floresta e 1% com lavoura-floresta. A área total obtida naquele levantamento era de cerca de 500 mil hectares.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril e integrante da Rede de Fomento ILPF Flávio Wruck, como aquele trabalho foi feito focando em agricultores e com menor grupo amostral, é possível que a área com ILPF naquela época fosse um pouco maior. Porém, ele acredita que a maior intensificação na adoção dos sistemas integrados de produção agropecuária tenha ocorrido nos últimos quatro ou cinco anos.
"A atuação da Rede de Fomento ILPF de maneira mais organizada e efetiva dando visibilidade ao processo; a obtenção dos primeiros resultados econômicos dos sistemas, tanto da Embrapa quanto de produtores; o trabalho de pesquisa e transferência de tecnologia da Embrapa no estado; e o Plano ABC foram fatores fundamentais para o aumento da adoção da ILPF, um sistema com impactos positivos na agricultura brasileira", avalia Flávio Wruck.
Ele cita como exemplos importantes produtores que passaram a adotar a tecnologia e abriram as portas de suas fazendas para demonstrar os resultados para outras pessoas. Também destaca a maior presença do tema ILPF na agenda das universidades e dos eventos de transferência de tecnologia, muitas vezes com participação da Embrapa.
De acordo com a pesquisa, enquanto no Brasil 72% dos entrevistados conhecem a ILPF, independentemente de adotarem ou não, em Mato Grosso esse percentual é de 92%.
Paralelamente à maior informação disponível, Wruck destaca o efeito causado pelas adversidades meteorológicas, como a seca da safra 2015/2016. A falta de chuvas reforçou entre os produtores a consciência sobre a necessidade de manter a palhada no solo, adotar práticas conservacionistas, fazer a rotação de culturas e diversificar as fontes de renda.
Para o diretor executivo da Rede de Fomento ILPF, William Marchió, Mato Grosso reúne condições que contribuem para a adoção da tecnológica, como setores produtivos fortalecidos, condições climáticas favoráveis e disponibilidade de terra. Ele ainda destaca o perfil mais jovem e inovador dos produtores.
"A adoção pelo produtor não é simples. E complexa e envolve uma seria que questões para que possa adotar a tecnologia. Todas essas ações desenvolvidas no estado como dias de campo, palestras, seminários, visitas técnicas, capacitação de técnicos com certeza contribuem para essa adoção e para o aumento da área da ILPF", analisa o diretor.
Dados:
ILPF em Mato Grosso
Área: 1,5 milhão de hectares
Configuração: 90% ILP; 6% ILPF; 3% IPF.
Principais motivos para adoção da ILPF:
- Entre pecuaristas: redução do impacto ambiental, recuperação de pastagens e rotação de culturas por necessidade técnica
- entre agricultores: aumento da rentabilidade, rotação de culturas por necessidade técnica e diminuição do risco financeiro com a diversificação de culturas.
URTs de ILPF em MT
Fazenda Bacaeri – Alta Floresta
Fazenda Gamada – Nova Canaã do Norte
Fazenda Pégasus – Marcelândia
Fazenda Guarantã – Juara
Fazenda Dona Isabina – Santa Carmem
Fazenda Certeza – Querência
Fazenda Brasil – Barra do Garças
Fazenda Gravataí - Itiquira
Campo experimental do IFMT – Cáceres
Fazenda São Paulo - Brasnorte
Mais informações sobre a ILPF em www.ilpf.com.br
Gabriel Faria (mtb 15.624/MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
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