Paraná é o primeiro estado a discutir implementação do Pronasolos
Paraná é o primeiro estado a discutir implementação do Pronasolos
Estado também será inovador ao incluir levantamento de vegetação.
A implementação do Programa Nacional de Solos do Brasil – Pronasolos, foi pauta de reunião de pesquisadores da Embrapa Florestas e Embrapa Solos com quatro secretarias de Estado do Paraná na manhã desta terça-feira, 21/02, em Curitiba/PR. O Paraná é o primeiro estado da federação a efetivamente discutir a execução do programa, e também vai inovar ao incluir o levantamento da vegetação em matas ciliares (nascentes e rios). O Pronasolos é um trabalho inédito de grandes proporções que vai elevar o conhecimento sobre os solos brasileiros. O programa pretende mapear grande parte do território brasileiro e gerar dados com diferentes graus de detalhamento para subsidiar políticas públicas, auxiliar gestão territorial, embasar agricultura de precisão e apoiar decisões de concessão do crédito agrícola, entre outras aplicações. Participaram da discussão as secretarias de Agricultura e Planejamento (com a presença dos próprios secretários), Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia (com assessores dos secretários).
“O Paraná está sendo pioneiro na discussão da implementação do Pronasolos. É importante ressaltar que a viabilidade do programa depende da disponibilidade e participação dos Estados e é muito animador ver o envolvimento de quatro secretarias de Estado nesta discussão”, afirmou José Carlos Polidoro, Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Solos, Unidade que coordena o programa em nível nacional. Polidoro explicou o funcionamento do programa em nível nacional e apontou os principais problemas que o país têm pela falta de conhecimento mais detalhado sobre seus solos.
O Pronasolos vai preencher uma lacuna de conhecimento a respeito dos solos brasileiros. Os mapeamentos atualmente existentes estão em escala de baixo detalhamento, o que não possibilita planejamentos efetivos. Pela proposta, serão feitos mapeamentos em campo na escala 1:50.000, com melhor nível de detalhamento.
No Paraná, a intenção é iniciar o mapeamento de solos e vegetação ciliar em seis módulos de dez mil km2 cada, perfazendo 60 mil km2 do Estado, especialmente em áreas de produção agrícola, que carecem de mais planejamento de uso e conservação de solo e água. Além disso, a inserção do levantamento de vegetação em ambientes de rios e nascentes vai auxiliar o Estado a fazer o planejamento rural com um olhar em sistemas de preservação. “O grande desafio da agricultura hoje é a produção de água”, afirma Gustavo Curcio, pesquisador da Embrapa Florestas e coordenador do Pronasolos no Paraná. “E essa produção é feita com solos e vegetação conservados, por isso queremos aproveitar que já vamos a campo mapear solos para também fazer o levantamento do estado da vegetação em nascentes e rios”, explica. O trabalho vai aliar uma intensa atividade em campo, com coletas e análises de amostras de solo (em cada módulo, serão 1.200 pedossequências, 1200 amostras, 3.600 pontos de observação morfológica, 300 perfis de solos) e vegetação (em cada módulo, 400 seções analíticas, sendo 200 em nascentes e 200 em rios), geoprocessamento e montagem de banco de dados.
O Secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, se mostrou animado com a profundidade da proposta. Segundo Ortigara, “a execução do Pronasolos vai refinar e qualificar muito o conhecimento que temos sobre solo, água e vegetação do Estado. São informações essenciais para o bom planejamento da atividade agrícola, dos zoneamentos municipais e planos diretores, além da manutenção de nossas áreas de preservação permanente e reservas legais”. O secretário ainda ressaltou que os dados utilizados atualmente são antigos: “estamos recomendando práticas agrícolas baseadas em estudos feitos há décadas e o Pronasolos se propõe a atualizar estas informações, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do meio rural”.
As secretarias participantes devem se reunir em março para articular como será a execução do programa bem como a destinação de recursos, pessoal e estrutura, além das áreas prioritárias para mapeamento. “A previsão é que cada módulo leve dois anos para ter seu mapeamento completo, dependendo da quantidade de técnicos atuando no campo”, explica Gustavo Curcio. Ao final, serão disponibilizados mapas semidetalhados de solos, mapas de aptidão agrícola, relatório de cobertura vegetal protetiva de rios e nascentes, além de capacitação técnica e formação de profissionais envolvidos, o que vai auxiliar o Estado a continuar com a expertise de mapeamento. Todas as informações devem ser disponibilizadas em um site específico sobre os solos do Paraná.
O Pronasolos surgiu em resposta ao acordão do Tribunal de Contas da União (TCU), que em 2015 - Ano Internacional de Conservação dos Solos – constatou uma série de problemas com as informações sobre solos no País. De acordo com o TCU, as informações disponíveis sobre o solo brasileiro são insuficientes e há inconsistência nas informações oficiais de ocupação do território nacional.
Katia Pichelli (MTb 3594/PR)
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