14/04/15 |   Plant production

Pesquisa desenvolve araucária com menor porte e produção precoce de pinhão

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Photo: Katia Picheli

Katia Picheli -

Com uso de brotos extraídos da copa de árvores de araucária adultas, mudas enxertadas permitem que produtores obtenham árvores mais baixas e que a produção de pinhão seja antecipada. Normalmente, a araucária começa a produzir pinhões alcança de 12 a 15 anos de idade e pelo menos oito metros de altura. Com a metodologia desenvolvida pela Embrapa Florestas (PR), as árvores começam a produzir a partir do período entre seis e oito anos e o porte das árvores fica entre dois e seis metros de altura, o que facilita a coleta das sementes. Com a adoção dessas mudas, os produtores poderão investir na formação de pomares de pinhão como uma fonte de renda na propriedade rural.


O pinhão é a semente da araucária, também conhecida como pinheiro-do-paraná,  bastante apreciado na alimentação humana. É encontrado dentro da pinha nos galhos das árvores fêmeas.


Atualmente, a colheita do pinhão é artesanal e extrativista. É comum, nesta época do ano, a presença de vendedores em beira de estradas com pinhões que foram coletados no chão, embaixo de araucárias. Também é comum a prática da escalada das árvores, atividade de risco se não for feita de forma adequada. Além do risco para quem coleta, existe também a chance de coletar pinhas que ainda não estejam maduras, ou seja, sem o pinhão formado, prejudicando sobretudo o nascimento de novas árvores.


Embora seja um mercado muito informal, dados de volumes comercializados nas unidades do Ceasa-PR indicam que em 2014 foram vendidas 800 toneladas de pinhão, de várias procedências, totalizando um valor de quase R$ 4 milhões. Se considerarmos o volume informal, estes valores podem ser até quintuplicados. "O mercado tem bastante potencial", explica o pesquisador Ivar Wendling, da Embrapa Florestas. "Se possibilitarmos a produção precoce e a facilidade na coleta, pode se tornar uma fonte de renda importante para os produtores rurais", completa.


Como é possível?


O protocolo desenvolvido pela Embrapa Florestas para produção de mudas utiliza a técnica de enxertia a partir de brotos da copa da árvore. "Estes brotos que serão enxertados têm a ‘idade ontogenética' da árvore de onde foram coletados, então vão se comportar como árvores adultas", explica Wendling. Com isso, as novas plantas começam a produzir o pinhão em muito menos tempo, além de reduzir o porte das árvores.


A técnica também auxilia a produzir pinhão com as características mais desejadas pelo mercado consumidor, pois é possível identificar e selecionar árvores-matrizes de acordo com o que se deseja. Pesquisa realizada em 2010 com consumidores de pinhão em Curitiba mostra que o hábito de consumo da semente é bastante frequente entre as famílias curitibanas. "A quantidade média de compra é de dois a quatro quilos por semana", revela a pesquisadora Rossana Catiê Godoy, responsável pela pesquisa. "Na hora da compra, o consumidor baseia-se muito na aparência, como cor, tamanho, brilho, diâmetro, frescor e ausência de sujeira", pondera. Essas características então podem ser identificadas em árvores-matrizes e ajudar no processo de seleção das árvores que terão seus brotos colhidos para a enxertia. Segundo Wendling, itens como composição nutricional diferenciada, época de produção, entre outros, também poderão servir como base para a seleção.


Outra questão é que algumas árvores produzem os chamados pinhões precoces, que ficam prontos para colheita em fevereiro e março. Da mesma forma, outras árvores produzem pinhões tardios, que podem ser coletados geralmente até setembro. "Com esta técnica, também podemos no futuro desenvolver pomares com plantas que produzam pinhão praticamente o ano inteiro", avalia Wendling.


Outra vantagem desse processo é a possibilidade de saber com antecedência qual o sexo da planta que está sendo gerada, o que na produção de mudas via semente só é possível quando as plantas iniciam o florescimento, com cerca de dez anos. "Para programas de resgate e conservação da araucária, isso é fantástico, pois, por se tratar de uma espécie dioica, que tem sexos diferentes, é preciso plantas dos dois sexos para proporcionar sua reprodução", finaliza o pesquisador.

 

Katia Pichelli (MTb 3594/PR)
Embrapa Florestas

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