14/11/17 |   Research, Development and Innovation

Embrapa e Inpe capacitam técnicos no Amapá em classificação de imagens por radar

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Photo: Dulcivânia Freitas

Dulcivânia Freitas - O curso reuniu pesquisadores, acadêmicos e técnicos de órgãos que trabalham com mapeamento de recursos florestais

O curso reuniu pesquisadores, acadêmicos e técnicos de órgãos que trabalham com mapeamento de recursos florestais

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), referência mundial em estudos com imagens obtidas por satélites, foram os instrutores do “Curso de Classificação de Imagens SAR (Radar de Abertura Sintética) para o mapeamento de espécies florestais”, realizado em Macapá de 6 a 11 deste mês, no Laboratório de Geoprocessamento da Universidade Federal do Amapá (Unifap).

Promovido pela Embrapa Amapá, através do Projeto Bem Diverso, e pelo Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Unifap, o curso foi realizado com o objetivo de capacitar em técnicas de tratamento, classificação e segmentação das imagens SAR X/P, adquiridas através do projeto Base Cartográfica Digital Contínua do Amapá.

A capacitação reuniu pesquisadores, estudantes de pós-graduação e graduação, técnicos de órgãos estadual e federal que trabalham com mapeamento de recursos florestais no Amapá e do Estuário Amazônico: Embrapa, Unifap, Universidade do Estado do Amapá (Ueap), Instituto Brasileiro de Geografia de Estatísticas (IBGE), Faculdade Immes, Instituto Estadual de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (Iepa) e Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). Também houve participação da Adag, organização não-governamental da Guiana Francesa. O conteúdo constou de conceitos teóricos e atividades práticas utilizando diferentes métodos de classificação de imagens radar, aplicação e teste de metodologia para classificação e segmentação de imagens radar X/P, para mapeamento de espécies florestais.

O curso trouxe a Macapá o pesquisador do Inpe, Sidnei João Siqueira Sant’anna, engenheiro eletrônico com doutorado em engenharia de telecomunicações e computação. Ele destacou os princípios classificatórios de imagens captadas por sensores óticos e por radares, ressaltando que uma das limitações dos registros óticos é a impossibilidade de enxergar através de nuvens, brumas e sombras de nuvens. “Com a imagem de radar, dada a frequência que se trabalha, não temos esse problema. O radar consegue enxergar através das nuvens. Só que é preciso conhecimento para interpretar a informação obtida, analisar e compreender os dados”, acrescentou o instrutor. Quanto à classificação de imagens SAR (Radar de Abertura Sintética) para mapear espécies florestais, Sidnei Sant’anna ressaltou que o sensoriamento remoto com dados de radar aprimora o mapeamento, sobretudo por tratar-se de uma área intensa de cobertura de nuvens. “Se usar somente dados ópticos haverá falhas e fica comprometido um mapeamento adequado. Com dados de radar não há esse problema e teremos um mapeamento contínuo”.  

A coordenadora do curso, pesquisadora Ana Euler, falou da importância do uso de imagens de radar para aperfeiçoar a estimativa de estoques dos principais produtos da sociobiodiversidade regional. “Temos a Base Cartográfica do Estado do Amapá, que representa uma grande base de informações. A proposta é utilizá-la para responder perguntas básicas, por exemplo onde estão localizados os recursos da sociobiodiversidade, quantidade e potencial de exploração sustentável. As respostas devem subsidiar políticas públicas e privadas para o desenvolvimento local, como a Zona Franca Verde”. Neste contexto, a proposta do curso é testar se a classificação de imagens SAR (Radar de Abertura Sintética) para o mapeamento de espécies florestais pode, por exemplo, estimar o estoque de maciços de açaizais no Amapá e Estuário Amazônico e assim dar maior embasamento para políticas e iniciativas de incentivo à cadeia produtiva deste produto. “É importante conhecer e explorar bem, para termos no futuro um zoneamento tal qual já temos para o dendê e a soja, por exemplo”, explicou Euler.    

O professor do Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Unifap, Sávio Carmona, foi um dos participantes. “A tecnologia não é nova, mas a disponibilidade de recursos humanos na região ainda é pouca, então é importante treinar e capacitar pessoas de vários órgãos, como estamos vendo neste curso, no uso de imagens no processamento de imagens de radar”. Representante de uma associação que atua no desenvolvimento da agricultura na Amazônia guianense, o engenheiro agrônomo Yann Reinette veio da Guiana Francesa em busca de conhecimentos sobre uso de imagens de radar para mapeamento de recursos florestais. “A capacitação tem um nível elevado, especialistas muitos bons. Nosso interesse está no ato de que temos demandas parecidas com o Amapá, como o meio ambiente, o clima quase igual, temos muitos açaizais. A colaboração com a Embrapa e a Unifap é uma oportunidade para não ficarmos isolados”, frisou Reinette.  Para o analisa do IBGE Amapá, Eliandro Ronael Gilbert, este órgão tem interesse nas imagens de radar na área de recursos naturais, em cobertura e uso de solos. “O fato de as imagens por radar permitirem a identificação de água, inclusive debaixo da vegetação, é muito interesse para o IBGE, pois trabalhamos a base territorial”. Ele citou também como benefícios para o trabalho do órgão, a viabilidade de identificar e mapear com melhor precisão os ramais, rodovias e povoados com suas casas e outras edificações, para compor a cartografia de escala cadastral de grandes escalas.

Dulcivânia Freitas (DRT-PB 1.063/96)
Embrapa Amapá

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