Estudantes de Formosa (GO) conhecem pesquisas da Embrapa Cerrados
Estudantes de Formosa (GO) conhecem pesquisas da Embrapa Cerrados
Photo: Breno Lobato
Alunos da Escola Agrícola de Formosa Lucila Saad Batista interagiram com pesquisadores e aprenderam sobre alguns dos trabalhos desenvolvidos pela Unidade e a importância da conservação do Cerrado
Em comemoração à Semana do Cerrado, a Embrapa Cerrados recebeu, na manhã do último dia 13, a visita de duas turmas do 9º ano do ensino fundamental da Escola Agrícola de Formosa Lucila Saad Batista. Acompanhados pelos professores Carlos Roberto da Silva e Jane Cristina Pacheco, os 56 estudantes percorreram quatro estações em que foram mostradas diferentes pesquisas e conheceram o jogo “Desafio no Cerrado”. Os conteúdos apresentados estão relacionados a projetos de pesquisa financiados pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e apoiados pela Embrapa.
Os visitantes foram recepcionados pela equipe do Setor de Implementação da Programação de Transferência de Tecnologia (SIPT) e do Núcleo de Comunicação Organizacional da Unidade. O supervisor do SIPT, Sérgio Abud, salientou a importância da visita. “Em 2050, a população mundial chegará a 9 bilhões de pessoas, e a agricultura terá que produzir mais alimentos sem impactar o meio ambiente. Essa nova agricultura, de alguma forma, terá a contribuição de vocês. Para que isso seja possível, é preciso compreender a sensibilidade do meio ambiente”, disse.
Na primeira estação, a pesquisadora Araci Alonso e os bolsistas Deisy Radel, Marina Pinheiro e William Gomes mostraram exemplares de sementes de espécies nativas do Cerrado para ilustrar a diversidade da flora do bioma, que conta mais de 12 mil espécies de plantas já identificadas. “O Cerrado é o berço de quase todas as bacias hidrográficas do Brasil e precisamos das plantas para proteger as nascentes”, destacou Araci.
Os estudantes também aprenderam sobre o nome científico e o nome popular das espécies; as diferenças de cor, textura, formato e aroma entre as famílias de plantas; os tipos de sementes e as formas de dispersão, que garantem a variabilidade genética das espécies. “Todo esse sistema (animais e plantas) já existia muito antes de nós. Estamos aqui para entender o Cerrado e protegê-lo, pois ele representa a vida”, disse a pesquisadora.
As aplicações da fisiologia vegetal como apoio a pesquisas agronômicas foram o tema apresentado pela pesquisadora Solange Andrade. “A ideia é mostrar como a fisiologia vegetal auxilia o melhoramento genético de plantas e o manejo de culturas agrícolas. Selecionamos materiais que tenham raízes mais profundas e respondam bem a diferentes situações”, explicou.
Os estudantes observaram, como exemplo de uso da fisiologia vegetal para auxílio ao melhoramento genético de plantas, placas de petri contendo sementes de trigo sequeiro inoculadas com a bactéria Azospirillum brasiliense e visualizaram com microscópio a diferença dos materiais quanto desenvolvimento radicular. Para ilustrar a aplicação da fisiologia vegetal no manejo, a pesquisadora mostrou tubetes e placas de petri com sementes de trigo inoculado e sob três tratamentos diferentes quanto à correção de solo (total, somente com calcário e sem correção), com o objetivo de selecionar materiais mais adaptados à região.
Na terceira estação, o pesquisador Fábio Faleiro e a orientanda de doutorado Jamile Oliveira apresentaram a diversidade de espécies de maracujás e as cultivares desenvolvidas pela Embrapa. Segundo Faleiro, existem mais de 500 espécies de maracujazeiro (Passiflora spp.) conhecidas, sendo que das 150 encontradas no Brasil, 70 produzem frutos comestíveis. Ele deu exemplos do uso múltiplo dos maracujás – além da polpa, as sementes e a casca do fruto podem ser aproveitadas, bem como as folhas e flores do maracujazeiro.
O pesquisador explicou que o termo Passiflora vem de “flor da paixão”, em alusão à Paixão de Cristo. Na flor do maracujá, os três estigmas (órgão reprodutor feminino) correspondem aos três cravos que prenderam Jesus Cristo na cruz; as cinco anteras (órgão reprodutor masculino) representam as cinco chagas; e as fímbrias lembram a coroa de espinhos levada por Cristo para a crucificação. Faleiro apresentou as principais características das variedades da Embrapa, bem como os passos do desenvolvimento de uma cultivar, que leva cerca de 12 anos. “O melhoramento genético faz o trabalho de selecionar as plantas mais produtivas e resistentes a doenças para que o produtor obtenha uma alternativa de fonte de renda”, afirmou.
Na última estação, o pesquisador Renato Amabile falou sobre o trabalho de adaptação do café conilon (Coffea canephora), cultivado em baixas altitudes no Espírito Santo, ao Cerrado do Brasil Central. Os visitantes aprenderam sobre a história do café, originário da Etiópia, e a introdução no Brasil, no século XVIII, por Francisco Palheta. O café foi o principal produto de exportação do País no século XIX e no início do século XX.
Segundo Amabile, a ideia de adaptar o café conilon, muito utilizado na produção de cafés solúveis, é agregar valor ao café brasileiro. “Ele é apropriado para a indústria. O Brasil é um grande exportador de commodities, mas se conseguirmos exportar produtos industrializados, poderemos gerar mais renda para o País”, disse. O pesquisador mostrou mudas de materiais tardio e precoce para ilustrar a necessidade de variedades adaptadas a diferentes situações de clima, latitude e altitude. Também demonstrou como é feito o cruzamento dirigido de plantas para a seleção dos materiais de interesse.
Desafio no Cerrado
Na segunda parte da visita, os estudantes conheceram o jogo de tabuleiro “Desafio no Cerrado”, material paradidático concebido pelo analista Renato Berlim. Orientados por facilitadores, eles jogaram uma partida de 60 minutos. Segundo Berlim, o jogo busca mostrar a diversidade e a importância do Cerrado, além de despertar o interesse de crianças e adolescentes sobre a conservação do Bioma.
O jogo simula mais de 20 situações de aprendizagem. Os jogadores utilizam peças que se encaixam nos quatro lados para formar áreas de matas, campos e Cerrado típico, com o objetivo de mapear a área de uma fazenda imaginária. Quando o jogador encaixa a peça no local mais adequado e consegue lidar com as situações adversas que surgem no decorrer da partida, como fogo, chuva e áreas degradadas, avança casas no tabuleiro, aumentando a pontuação. O jogador que acumular mais pontos será o vencedor do jogo.
Alunos e os professores da escola agrícola manifestaram satisfação em terem visitado a Unidade. “Foi muito interessante. As explicações nas estações foram claras. Gostei mais das que falaram sobre fisiologia e maracujá. Muitos têm interesse em seguir carreira na agropecuária e a visita ajudou bastante”, disse a estudante Emillye Alves, de 14 anos.
Professor de práticas agrícolas, Carlos Roberto da Silva considerou a visita muito produtiva, pois os alunos puderam conhecer, em linguagem acessível, um pouco da pesquisa agropecuária. Ele acredita que muitos deles se tornarão profissionais de ciências agrárias. “É uma semente que a gente está plantando e espera que germine e floresça. Hoje, fizemos uma irrigação”, metaforizou.
Visitas na Semana de C&T
A Embrapa Cerrados abrirá as portas para a visita de escolas de ensino fundamental (a partir do 7º ano) e médio durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2018, que ocorrerá de 15 a 21 de outubro. Para solicitar uma visita nesse período, basta preencher e enviar o formulário on-line disponível aqui.
Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados
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