Estudos apontam níveis de perdas de hortaliças folhosas na rede varejista do Distrito Federal
Estudos apontam níveis de perdas de hortaliças folhosas na rede varejista do Distrito Federal
Espécies de hortaliças folhosas foram o principal foco de estudos que avaliaram, em duas fases – a primeira, em 2017 e a mais recente entre 2018 e 2019 – os níveis de perdas verificadas em oito estabelecimentos de duas redes varejistas do Distrito Federal no período de seis e oito meses, respectivamente.
O trabalho é um dos resultados do projeto “Comunicação e Transferência de Tecnologia para Redução das Perdas Pós-Colheita e do Desperdício de Hortaliças do Campo à Mesa”, conduzido pela pesquisadora Milza Lana, da área de Pós-Colheita da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF).
De acordo com a pesquisadora, o primeiro levantamento envolveu 28 produtos diferentes e apresentou um descarte variando entre 09% e 97% do total adquirido pelos estabelecimentos. Já no segundo foram avaliadas 45 folhosas, onde o descarte observado ficou entre 01% a 93%, variáveis influenciadas pelas espécies, fornecedores e lojas.
Os dois estudos apresentaram similaridades com relação às causas das perdas, atribuídas tanto ao manuseio inadequado e à comercialização pelo estabelecimento quanto à qualidade do produto recebido. Apesar da alta frequência de hortaliças com boa qualidade visual na recepção, uma porção significativa apresentava danos físicos e a qualidade se deteriorava rapidamente durante a comercialização. Foram observadas grandes diferenças entre fornecedores e lojas, “indicando claras diferenças no manuseio pós-colheita feito por produtores rurais distintos”.
Ambos os estudos estão alinhados à “Estratégia de redução de perdas e desperdício de alimentos no Brasil”, instituída pela Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), conforme a Resolução nº 04, de 04/07/2018, e atendem à Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), além de estar inseridos na Recomendação da FAO sobre quantificar perdas de alimentos e identificar suas causas.
“Os trabalhos são voltados para analisar, sob o ponto de vista da segurança alimentar, a queda da qualidade e os níveis de perda – o por que e como isso está relacionado com o manuseio da hortaliça no estabelecimento rural e na loja”, assinala Lana. “Não existe pesquisa em perdas pós-colheita no laboratório, visto que elas ocorrem em um ambiente específico, seja no campo ou nas redes de abastecimento”, acrescenta, ao mesmo tempo em que chama a atenção para “a importância da parceria feita com os produtores rurais e com os varejistas para que pesquisas como essa possam ser realizadas”.
Próximos passos
A pesquisadora informa que uma parte do levantamento foi publicado como artigo científico e parte será, em breve, disponibilizada no documento “Qualidade Visual e Perdas Pós-Colheita de Hortaliças Folhosas no Varejo – Dois Estudos de Casos no Distrito Federal – Brasil”, dirigido ao mercado varejista, aos fornecedores, a gestores públicos do Distrito Federal e a técnicos da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), para que os dados possam ser usados para melhorar o manuseio de hortaliças no âmbito da cadeia produtiva.
“A ideia é levar os resultados a todos os atores do processo – produção, comercialização e formuladores de políticas públicas - para que sejam adotadas medidas que contribuam para a redução de perdas pós-colheita e para a melhoria da qualidade da hortaliça oferecida aos consumidores do Distrito Federal”, resume.
Anelise Macedo (MTB 2.749/DF)
Embrapa Hortaliças
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