23/02/21 |   ICLFS

Como amenizar a escassez de pasto no vazio outonal

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Photo: Luiz Magnante

Luiz Magnante - Gado em pastagem de trigo BRS Tarumã em resteva de soja em propriedade rural do RS

Gado em pastagem de trigo BRS Tarumã em resteva de soja em propriedade rural do RS

Na produção agropecuária da Região Sul o período de março a junho é conhecido como vazio forrageiro outonal, quando as pastagens de verão estão com baixo crescimento, fibrosas e com baixa qualidade, e as pastagens de inverno ainda não estão prontas para serem pastejadas. Uma alternativa para proteger o sol, logo após as colheitas de verão e aumentar a oferta de alimentos para bovinos, é realizar a semeadura tardia com espécies de verão ou a antecipação de espécies de inverno, visando forragem de alto valor nutritivo em sistema de integração lavoura-pecuária.

Neste momento, final do mês de fevereiro, muitos produtores da Região Sul estão trabalhando na colheita de verão, principalmente milho e soja, e já fizeram a silagem de milho. Após a colheita, o solo acaba ficando descoberto até as primeiras semeaduras de inverno, a partir de maio. Outro problema ainda maior é a escassez de pasto, já que as pastagens de verão estão com pouco crescimento, envelhecidas e com baixo valor nutricional. Uma alternativa para proteger o solo, na transição das culturas de verão e inverno, e aumentar a oferta de alimentos de boa qualidade para bovinos, é a semeadura de forrageiras anuais de verão, como milheto, capim-sudão, híbridos de sorgo e milho comum em alta densidade.

De acordo com Renato Fontaneli, pesquisador da Embrapa Trigo, a proposta é de semeadura tardia dessas forrageiras anuais de verão em  dezembro/janeiro/fevereiro, após uma safra de grãos (feijão, milho ou soja) ou silagem. “Embora seja inegável o menor potencial produtivo dessas forrageiras do que quando semeadas em setembro/outubro, elas oferecerão forragem de elevado valor nutritivo durante o vazio forrageiro outonal, ideal para suprir as demandas de animais mais exigentes, como vacas leiteiras, novilhas de reposição, vacas de primeira cria e mesmo engorda de novilhos ”, argumenta o pesquisador.

Conforme resultado da pesquisa, a semeadura escalonada de forrageiras anuais de verão, com intervalos de 4 a 5 semanas, pode propiciar 5 meses de pastejo. A proposta é usar áreas que já renderam uma colheita de grãos ou silagem, e estabelecer uma safrinha de forragem para ser utilizada de março a maio/junho, até a ocorrência de geadas, em pastejo, colhida verde para fornecimento no cocho ou mesmo ensilada.

Na orientação prática, nas áreas liberadas cedo (janeiro/fevereiro) pela colheita de grãos, sugere-se semear milheto, sorgos, capim-sudão ou milho grão em alta densidade (de 150 mil a 300 mil plantas por hectare, algo em torno de 50 kg de grãos de milho por hectare).

Na antecipação da semeadura de espécies anuais de inverno, nos meses de março/abril, podem ser utilizadas aveias, centeio, triticale, cevada e trigo. Quando semeadas logo após a colheita de verão, essas espécies podem produzir forragem durante todo o outono e inverno. “É preciso investir em cultivares destinadas ao forrageamento animal, seja através de pasto, silagem ou colheita de grãos”, conclui Fontaneli.

Saiba mais assistindo o vídeo:

O estudo está registrado no artigo  "Utilização estratégica de gramíneas anuais de verão para vazio forrageiro outonal e cobertura de solo", publicado na revista Plantio Direto, edição 179, jan/fev 2021.

Joseani M. Antunes (MTb 9693/RS)
Embrapa Trigo

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