Cultivo de gergelim está crescendo como alternativa após término da janela de semeadura do milho na segunda safra. Pesquisas estão voltadas a menores perdas na colheita, à qualidade dos grãos e ao desenvolvimento de novas cultivares. Perdas na colheita chegam a 50%, mas podem ser reduzidas com adequação de plataformas e cultivares semideiscentes (abertura parcial dos frutos). Mato Grosso é o estado com maior produção concentrada, principalmente nos municípios de Canarana e Água Boa.. Novos mercados para o gergelim brasileiro estão sendo abertos, com potencial de crescimento. Cultivares do grão lançadas pela Embrapa representam 25% da área com a cultura no País. O cultivo de gergelim no Brasil passou de 53 mil hectares na safra 2018/2019 para 175 mil hectares na safra 2019/2020, um salto de 230% em apenas um ano. A produção cresceu 123%, saindo de 41,3 mil toneladas para 95,8 mil toneladas do grão. Nos últimos dez anos, o aumento da produção foi ainda mais expressivo, cerca de 20 vezes mais grãos do que as cinco mil toneladas registradas em 2010. Mato Grosso, sobretudo os municípios de Canarana e Água Boa, na região leste do estado, concentra a maior parte da produção. O aumento da área de cultivo em segunda safra tem revelado que a cultura ainda carece de subsídios técnicos. Para atender a essa demanda, a Embrapa, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e parceiros estão conduzindo diferentes pesquisas, abrangendo do melhoramento genético ao pós-colheita. Em um dos trabalhos em andamento, amostras de gergelim colhidas em lavouras comerciais na safra de 2020 foram avaliadas com o objetivo de caracterizar os grãos produzidos em Mato Grosso. As análises mostraram que os manejos de colheita e de pós-colheita influenciam a qualidade do produto, tanto em suas características físicas quanto em sua composição química. Além disso, o uso de equipamentos adequados pode reduzir as perdas na colheita. Foram avaliadas amostras de diferentes materiais, entre cultivares registradas e grãos misturados, com colheita mecanizada e manual. No caso da colheita manual, o cultivo é feito por produtores assentados da reforma agrária, que produzem em sistema agroecológico, com destinação do produto para o mercado japonês. Nessas condições, verificou-se que produtores devem atentar nas boas práticas, uma vez que as análises de condutividade elétrica da solução de embebição das sementes mostraram um indicativo da presença de esporos de fungos, causando perda de qualidade dos grãos. Novas análises serão feitas com a produção da safra 2021, buscando identificar o tipo de contaminantes e se apresentam algum risco para o consumo. “Faremos análises de antioxidantes e teste de sanidade de sementes para saber quais espécies fúngicas estão presentes. É muito comum fungos causadores de micotoxinas na nossa região de temperatura muito alta. As micotoxinas podem ser um problema se o destino do grão é consumo humano, mas não temos nada medido por enquanto”, esclarece a pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril (MT) Sílvia Campos. As micotoxinas são motivo de preocupação constante na produção de castanha-do-brasil, por exemplo. Pesquisas já mostraram que boas práticas na coleta e armazenamento são capazes de evitar o problema. Perdas na colheita O gergelim até então vinha sendo cultivado em pequenas áreas, com pouca mecanização. Não existem ainda, no mercado, plataformas específicas para sua colheita, necessárias no caso da produção em áreas cada vez maiores. O uso de plataformas voltadas à colheita da soja, por exemplo, traz algumas dificuldades, pois as diferenças entre tamanho, peso, formato e umidade entre os grãos causam perdas que podem chegar a 50%. Adaptações nessas plataformas, feitas pelos produtores dentro das fazendas, de modo a atender as especificidades do gergelim, estão demonstrando eficácia na redução das perdas. Pesquisas conduzidas pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso Diego Fiorese mostraram que em uma fazenda de Campo Novo do Parecis (MT), com duas plataformas adaptadas definitivamente para o gergelim, as perdas caíram para entre 15 e 13%. A safra de 2021 será a terceira em que Diego Fiorese monitora as perdas na colheita em lavouras de Mato Grosso. De acordo com o professor, os dados coletados devem despertar a atenção dos produtores para o valor perdido e também de empresas regionais de implementos agrícolas para a viabilidade de produzir maquinário mais adequado à cultura. “Fazendo uma conta por alto, com uma perda média de 350 kg por hectare, são de R$ 150 a R$ 200 milhões que deixam de entrar no bolso dos produtores por perdas na colheita”, estima. Fiorese destaca, no entanto, que as perdas na cultura do gergelim começam antes mesmo da colheita, devido ao fato de ser uma planta deiscente (foto ao lado), ou seja, ela tem como característica a abertura das cápsulas (frutos) quando estão maduros. Com isso, muitos grãos caem pela ação do vento, causando uma perda natural. De acordo com o professor, em média, 20% das perdas são naturais, 70% ocorrem na plataforma de colheita e 10% nos mecanismos internos da colhedora. “Com nossa pesquisa, teremos um norte sobre como reduzir as perdas na colheita. Mas não a solução completa. Tudo que vemos hoje são adaptações feitas dentro da porteira. Soluções disponíveis no mercado devem demorar ainda três ou quatro anos para surgirem”, afirma. Índice de germinação Outra característica de pós-colheita analisada pelos pesquisadores em Mato Grosso foi o índice de germinação do gergelim, uma vez que o consumo de brotos é uma das destinações do produto. Os resultados mostraram que os materiais colhidos manualmente tiveram índice de germinação superior a 89%. Os colhidos de forma mecânica apresentaram germinação máxima de 86%. “A causa dessa diferença pode ser a danificação da semente durante a colheita. Isso acontece com qualquer grão. A colheita mecanizada machuca o embrião, principalmente quando se usam equipamentos que não são os mais adequados”, explica Sílvia Campos. Como muitos produtores salvam a própria semente, a menor taxa de germinação também resulta na necessidade de uso de mais sementes na hora de fazer a semeadura no ano seguinte. Aumento da produção em Mato Grosso De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, somente os municípios de Canarana e Água Boa cultivavam gergelim em Mato Grosso. A produção de 3.901 toneladas já era a maior do País. Nos últimos anos, no entanto, houve grande aumento no cultivo. Estimativa do Sindicato Rural de Canarana é de que na safra 2020 a área plantada no município tenha sido de 100 mil hectares, gerando uma produção de 40 mil toneladas do grão. O crescimento do interesse pelo gergelim vem tanto das oportunidades de mercado quanto do fato de a cultura ser uma boa alternativa ao milho na segunda safra. Como o gergelim precisa de menos chuvas, sua semeadura na região pode ser feita após o fim da janela ideal de semeadura do milho. “O plantio do milho safrinha era inviável. O custo de produção não compensava. O gergelim sempre trouxe retorno econômico, às vezes maior, às vezes menor. A elevação do preço do milho no último ano viabilizou o milho. Enquanto for possível plantar na janela do milho, o gergelim fica como segunda opção”, explica o produtor rural de Canarana Marcos da Rosa, que semeou 400 hectares com gergelim na safra 2021. Marcos da Rosa já cultiva gergelim há cinco anos e vem trabalhando junto ao Sindicato Rural e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio dos adidos agrícolas, visando à abertura de novos mercados para a produção nacional. “É uma cultura promissora. Não atendemos quase nada do mercado internacional e, a cada ano, vemos surgir novas demandas. Temos conseguido abrir mercados. Índia, Rússia e México vão começar a comprar nossa produção, e estamos trabalhando abertura com a China”, comenta. Mas o produtor destaca os desafios que precisam ser superados. Além das perdas na colheita, há a necessidade de novas opções de cultivares, apuração genética de materiais antigos para obter o registro de sementes, registro de defensivos para a cultura e pesquisas que norteiem as melhores recomendações de manejo e uso de defensivos. Fotos: Diego Fiorese e Gabriel Zanelatto Cultivares adaptadas Para atender a demanda dos produtores de gergelim, a equipe de melhoramento da Embrapa Algodão (PB) vem desenvolvendo cultivares adaptadas às diferentes condições edafoclimáticas do Cerrado e potenciais regiões produtoras, com tolerância às principais doenças e pragas, teor de óleo acima de 50% e rendimento médio de grãos superior a 1.500 quilos por hectare. A Empresa já lançou oito cultivares de gergelim, sendo que as três mais recentes - BRS Seda, BRS Anahí (foto ao lado) e BRS Morena – geraram na última safra um impacto econômico de R$ 52,9 milhões para os produtores brasileiros. Juntas, essas cultivares ocupam hoje 43 mil hectares, o que representa 25% da área cultivada com gergelim no País. A Embrapa também investe no melhoramento genético para disponibilizar aos produtores cultivares mais adequadas ao cultivo mecanizado. Além do porte ereto, para facilitar a mecanização, os pesquisadores buscam obter materiais com maior capacidade de retenção das sementes nas cápsulas do que as que existem atualmente. “Estamos desenvolvendo materiais com características de semideiscência (abertura parcial dos frutos) para que no processo de colheita ocorra menos perda e no de debulha ou retirada do grão não ocorra tanto dano à semente”, conta a pesquisadora da Embrapa Algodão Nair Arriel, que coordena o projeto Melhoramento do amendoim e gergelim para a diversificação dos sistemas de produção e dos mercados para o agronegócio. Ela explica que uma cultivar totalmente indeiscente não seria apropriada para a colheita mecanizada. “Numa cultivar completamente fechada, corre-se o risco de, ao fazer a quebra da cápsula, danificar as sementes, o que promoveria uma queda da qualidade naquelas contidas nas cápsulas”, afirma. “Outra estratégia é obter materiais deiscentes altamente produtivos com sementes fortemente aderidas à placenta da cápsula”, acrescenta. A pesquisadora reforça a importância da pureza genética das variedades cultivadas para que se tenha sucesso com a cultura. “As variedades que vêm sendo utilizadas por muitos anos perderam a sua pureza. É importante voltarmos a buscar a pureza genética desses materiais e também um com a procedência garantida, com excelentes características físicas e químicas, alta capacidade de germinação, maior uniformidade e sem problemas de doenças oriundas de sementes de outros plantios”, orienta. Foto: Edna Santos
Photo: Diego Fiorese e Gabriel Zanelatto
O crescimento da produção é expressivo e o aumento da área de cultivo revela a necessidade de subsídios técnicos. Na foto, o gergelim pronto para a colheita
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Cultivo de gergelim está crescendo como alternativa após término da janela de semeadura do milho na segunda safra. -
Pesquisas estão voltadas a menores perdas na colheita, à qualidade dos grãos e ao desenvolvimento de novas cultivares. -
Perdas na colheita chegam a 50%, mas podem ser reduzidas com adequação de plataformas e cultivares semideiscentes (abertura parcial dos frutos). -
Mato Grosso é o estado com maior produção concentrada, principalmente nos municípios de Canarana e Água Boa.. -
Novos mercados para o gergelim brasileiro estão sendo abertos, com potencial de crescimento. -
Cultivares do grão lançadas pela Embrapa representam 25% da área com a cultura no País. |
O cultivo de gergelim no Brasil passou de 53 mil hectares na safra 2018/2019 para 175 mil hectares na safra 2019/2020, um salto de 230% em apenas um ano. A produção cresceu 123%, saindo de 41,3 mil toneladas para 95,8 mil toneladas do grão. Nos últimos dez anos, o aumento da produção foi ainda mais expressivo, cerca de 20 vezes mais grãos do que as cinco mil toneladas registradas em 2010. Mato Grosso, sobretudo os municípios de Canarana e Água Boa, na região leste do estado, concentra a maior parte da produção.
O aumento da área de cultivo em segunda safra tem revelado que a cultura ainda carece de subsídios técnicos. Para atender a essa demanda, a Embrapa, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e parceiros estão conduzindo diferentes pesquisas, abrangendo do melhoramento genético ao pós-colheita.
Em um dos trabalhos em andamento, amostras de gergelim colhidas em lavouras comerciais na safra de 2020 foram avaliadas com o objetivo de caracterizar os grãos produzidos em Mato Grosso. As análises mostraram que os manejos de colheita e de pós-colheita influenciam a qualidade do produto, tanto em suas características físicas quanto em sua composição química. Além disso, o uso de equipamentos adequados pode reduzir as perdas na colheita.
Foram avaliadas amostras de diferentes materiais, entre cultivares registradas e grãos misturados, com colheita mecanizada e manual. No caso da colheita manual, o cultivo é feito por produtores assentados da reforma agrária, que produzem em sistema agroecológico, com destinação do produto para o mercado japonês.
Nessas condições, verificou-se que produtores devem atentar nas boas práticas, uma vez que as análises de condutividade elétrica da solução de embebição das sementes mostraram um indicativo da presença de esporos de fungos, causando perda de qualidade dos grãos. Novas análises serão feitas com a produção da safra 2021, buscando identificar o tipo de contaminantes e se apresentam algum risco para o consumo.
“Faremos análises de antioxidantes e teste de sanidade de sementes para saber quais espécies fúngicas estão presentes. É muito comum fungos causadores de micotoxinas na nossa região de temperatura muito alta. As micotoxinas podem ser um problema se o destino do grão é consumo humano, mas não temos nada medido por enquanto”, esclarece a pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril (MT) Sílvia Campos.
As micotoxinas são motivo de preocupação constante na produção de castanha-do-brasil, por exemplo. Pesquisas já mostraram que boas práticas na coleta e armazenamento são capazes de evitar o problema.
Perdas na colheita
O gergelim até então vinha sendo cultivado em pequenas áreas, com pouca mecanização. Não existem ainda, no mercado, plataformas específicas para sua colheita, necessárias no caso da produção em áreas cada vez maiores. O uso de plataformas voltadas à colheita da soja, por exemplo, traz algumas dificuldades, pois as diferenças entre tamanho, peso, formato e umidade entre os grãos causam perdas que podem chegar a 50%.
Adaptações nessas plataformas, feitas pelos produtores dentro das fazendas, de modo a atender as especificidades do gergelim, estão demonstrando eficácia na redução das perdas. Pesquisas conduzidas pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso Diego Fiorese mostraram que em uma fazenda de Campo Novo do Parecis (MT), com duas plataformas adaptadas definitivamente para o gergelim, as perdas caíram para entre 15 e 13%.
A safra de 2021 será a terceira em que Diego Fiorese monitora as perdas na colheita em lavouras de Mato Grosso. De acordo com o professor, os dados coletados devem despertar a atenção dos produtores para o valor perdido e também de empresas regionais de implementos agrícolas para a viabilidade de produzir maquinário mais adequado à cultura. “Fazendo uma conta por alto, com uma perda média de 350 kg por hectare, são de R$ 150 a R$ 200 milhões que deixam de entrar no bolso dos produtores por perdas na colheita”, estima.
Fiorese destaca, no entanto, que as perdas na cultura do gergelim começam antes mesmo da colheita, devido ao fato de ser uma planta deiscente (foto ao lado), ou seja, ela tem como característica a abertura das cápsulas (frutos) quando estão maduros. Com isso, muitos grãos caem pela ação do vento, causando uma perda natural. De acordo com o professor, em média, 20% das perdas são naturais, 70% ocorrem na plataforma de colheita e 10% nos mecanismos internos da colhedora.
“Com nossa pesquisa, teremos um norte sobre como reduzir as perdas na colheita. Mas não a solução completa. Tudo que vemos hoje são adaptações feitas dentro da porteira. Soluções disponíveis no mercado devem demorar ainda três ou quatro anos para surgirem”, afirma.
Índice de germinação
Outra característica de pós-colheita analisada pelos pesquisadores em Mato Grosso foi o índice de germinação do gergelim, uma vez que o consumo de brotos é uma das destinações do produto. Os resultados mostraram que os materiais colhidos manualmente tiveram índice de germinação superior a 89%. Os colhidos de forma mecânica apresentaram germinação máxima de 86%.
“A causa dessa diferença pode ser a danificação da semente durante a colheita. Isso acontece com qualquer grão. A colheita mecanizada machuca o embrião, principalmente quando se usam equipamentos que não são os mais adequados”, explica Sílvia Campos.
Como muitos produtores salvam a própria semente, a menor taxa de germinação também resulta na necessidade de uso de mais sementes na hora de fazer a semeadura no ano seguinte.
Aumento da produção em Mato Grosso De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, somente os municípios de Canarana e Água Boa cultivavam gergelim em Mato Grosso. A produção de 3.901 toneladas já era a maior do País. Nos últimos anos, no entanto, houve grande aumento no cultivo. Estimativa do Sindicato Rural de Canarana é de que na safra 2020 a área plantada no município tenha sido de 100 mil hectares, gerando uma produção de 40 mil toneladas do grão. O crescimento do interesse pelo gergelim vem tanto das oportunidades de mercado quanto do fato de a cultura ser uma boa alternativa ao milho na segunda safra. Como o gergelim precisa de menos chuvas, sua semeadura na região pode ser feita após o fim da janela ideal de semeadura do milho. “O plantio do milho safrinha era inviável. O custo de produção não compensava. O gergelim sempre trouxe retorno econômico, às vezes maior, às vezes menor. A elevação do preço do milho no último ano viabilizou o milho. Enquanto for possível plantar na janela do milho, o gergelim fica como segunda opção”, explica o produtor rural de Canarana Marcos da Rosa, que semeou 400 hectares com gergelim na safra 2021. Marcos da Rosa já cultiva gergelim há cinco anos e vem trabalhando junto ao Sindicato Rural e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio dos adidos agrícolas, visando à abertura de novos mercados para a produção nacional. “É uma cultura promissora. Não atendemos quase nada do mercado internacional e, a cada ano, vemos surgir novas demandas. Temos conseguido abrir mercados. Índia, Rússia e México vão começar a comprar nossa produção, e estamos trabalhando abertura com a China”, comenta. Mas o produtor destaca os desafios que precisam ser superados. Além das perdas na colheita, há a necessidade de novas opções de cultivares, apuração genética de materiais antigos para obter o registro de sementes, registro de defensivos para a cultura e pesquisas que norteiem as melhores recomendações de manejo e uso de defensivos. Fotos: Diego Fiorese e Gabriel Zanelatto |
Cultivares adaptadas Para atender a demanda dos produtores de gergelim, a equipe de melhoramento da Embrapa Algodão (PB) vem desenvolvendo cultivares adaptadas às diferentes condições edafoclimáticas do Cerrado e potenciais regiões produtoras, com tolerância às principais doenças e pragas, teor de óleo acima de 50% e rendimento médio de grãos superior a 1.500 quilos por hectare. A Empresa já lançou oito cultivares de gergelim, sendo que as três mais recentes - BRS Seda, BRS Anahí (foto ao lado) e BRS Morena – geraram na última safra um impacto econômico de R$ 52,9 milhões para os produtores brasileiros. Juntas, essas cultivares ocupam hoje 43 mil hectares, o que representa 25% da área cultivada com gergelim no País. A Embrapa também investe no melhoramento genético para disponibilizar aos produtores cultivares mais adequadas ao cultivo mecanizado. Além do porte ereto, para facilitar a mecanização, os pesquisadores buscam obter materiais com maior capacidade de retenção das sementes nas cápsulas do que as que existem atualmente. “Estamos desenvolvendo materiais com características de semideiscência (abertura parcial dos frutos) para que no processo de colheita ocorra menos perda e no de debulha ou retirada do grão não ocorra tanto dano à semente”, conta a pesquisadora da Embrapa Algodão Nair Arriel, que coordena o projeto Melhoramento do amendoim e gergelim para a diversificação dos sistemas de produção e dos mercados para o agronegócio. Ela explica que uma cultivar totalmente indeiscente não seria apropriada para a colheita mecanizada. “Numa cultivar completamente fechada, corre-se o risco de, ao fazer a quebra da cápsula, danificar as sementes, o que promoveria uma queda da qualidade naquelas contidas nas cápsulas”, afirma. “Outra estratégia é obter materiais deiscentes altamente produtivos com sementes fortemente aderidas à placenta da cápsula”, acrescenta. A pesquisadora reforça a importância da pureza genética das variedades cultivadas para que se tenha sucesso com a cultura. “As variedades que vêm sendo utilizadas por muitos anos perderam a sua pureza. É importante voltarmos a buscar a pureza genética desses materiais e também um com a procedência garantida, com excelentes características físicas e químicas, alta capacidade de germinação, maior uniformidade e sem problemas de doenças oriundas de sementes de outros plantios”, orienta. Foto: Edna Santos |
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