Embrapa studies show that soil carbon reduction in planted forests is only 5%, and not 33% as previously estimated. Study used indexes based on Brazilian forest data and no longer on international agricultural conversion factors. The data update represents the country's specificities more accurately and shows higher potential to mitigate greenhouse gas emissions (GHGs). In the case of converting pastures into eucalyptus plantations, there is a 10% gain in soil carbon stocks. The studies informed the the Fourth National Greenhouse Gas Emissions and Removals Inventory, which integrates Brazil's Fourth National Communication to the United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCC), presented at COP26. Studies by Embrapa Forestry have shown that soil carbon loss in planted forests is only 5% and not 33%, as previously believed. The data update stems from how Brazilian science has evolved, as it started to use the Soil Carbon Change Index (SCCI) based on information from national studies. Hence the index represents the country's specificities more accurately and shows higher potential to mitigate greenhouse gas emissions (GHGs) (click here to access the study). The work was based on studies on areas converted into planted eucalyptus, pine and black wattle forests that were conducted in Brazil and published between 2002 and 2019. The data included information obtained in nine Brazilian states (RS, SC, PR, SP, ES, MG, BA, PA and MS), which encompass over 8.6 million hectares of forest plantations. “In the case of this index, the estimated value was not compatible with the reality of planted forests. However, as studies progress, each country can adjust and refine such indicators to the reality of their crops, which we did with the forest crops analyzed”, sates the Embrapa researcher Joselia Zanata, who coordinated the study. The type of plant cultivated interferes with the plant cover and can thus affect soil carbon stocks, by altering the balance between carbon sequestration and carbon loss rates. “Using an agricultural index was penalizing planted forests, as it indicated that about 33% of the carbon stored in the soil was lost after the removal of native vegetation, pasture or agriculture, followed by the conversion to planted forests,” observes the Embrapa researcher Marcos Raschual, who participated in the study. “We have established that this index is in fact 0.95, that is, it is considered a loss of only 5%, which is a huge difference,” he adds. “When we observed the conversion of pastures into eucalyptus plantations, there was a greater gain, of 10%, in soil carbon stocks. Historically, processes of switching from pastures to forest plantations prevail in Brazilian biomes, disregarding the Amazon, and this shows the share of the forestry sector to fight climate change,” Zanata says. Altos estoques de carbono no solo Outra constatação desses estudos foi a alta performance do solo como estocador de carbono. O volume armazenado é equivalente ao carbono acumulado na biomassa florestal e, por vezes, até maior. Além disso, os solos dos plantios florestais podem agir como sumidouros de metano, por meio de microrganismos presentes no solo, as bactérias metanotróficas, que consomem o metano e contribuem para a redução da concentração desse gás na atmosfera. “Todos os solos bem aerados e sem excesso de umidade, sob florestas plantadas ou nativas, têm essa capacidade”, explica Rachwal. Dados embasaram documento apresentado na COP26 Os estudos da Embrapa Florestas possibilitaram ainda que a categoria “Reflorestamento” no Quarto Inventário Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa, parte integrante da Quarta Comunicação Nacional do Brasil à Convenção do Clima (Quarta Comunicação Nacional – 4CN), submetida e publicada em dezembro de 2020, apresentasse dados mais condizentes à realidade brasileira. A Comunicação Nacional (CN) é realizada a cada quatro anos, em média, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para relatar todos os esforços nacionais no sentido de implementar a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Esse reporte atualiza informações sobre emissões e remoções de GEE no Brasil e contribui significativamente para o aperfeiçoamento das políticas públicas no âmbito da agenda climática nacional e internacional. “Trata-se de garantir que os mais diversos tomadores de decisão tenham por subsídio o melhor conhecimento científico disponível. Nesse cenário, o envolvimento da Embrapa, em particular no caso da Embrapa Florestas com estudos em estoque de carbono em plantios florestais, é fundamental para que a iniciativa seja bem-sucedida”, afirma o coordenador-geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade do MCTI, Márcio Rojas, que é também diretor Nacional do Projeto da Quarta Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Foto: André Kaskzeszen A evolução dos estudos A Embrapa Florestas vem atuando na pesquisa com florestas e mudanças do clima desde o ano 2000. As florestas apresentam potencial de mitigação da emissão de gases do efeito estufa (GEEs), por meio do sequestro de carbono e da retirada de gases, como metano, da atmosfera. Elas acumulam carbono na sua biomassa e no solo, e também em produtos de origem madeireira. A partir de 2012, com o início do Projeto Saltus, a Unidade iniciou um conjunto de ações para investigar como as florestas brasileiras contribuem para o enfrentamento das mudanças climáticas. A primeira fase desse projeto, de 2012 e 2017, elaborou um diagnóstico integral dos balanços de carbono dos sistemas florestais (em plantios de eucalipto, pínus e acácia-negra), avaliando seus compartimentos, e seu potencial de armazenar carbono ou de remover gases de efeito estufa da atmosfera. Esse trabalho permitiu que os protocolos de diagnóstico fossem uniformizados, facilitando a obtenção dos balanços de carbono em trabalhos futuros, sendo, também, mais uma contribuição incorporada à 4CN. Em 2017, teve início uma nova fase do projeto Saltus, com o objetivo de identificar práticas mitigadoras em florestas plantadas, sendo mantido o foco nos plantios de eucalipto e pínus. Nessa etapa, buscou-se ampliar o conhecimento dos compartimentos de carbono em tipologias florestais da Mata Atlântica, inclusive em florestas urbanas. Segundo a pesquisadora Josileia Zanatta, o reforço do foco na Mata Atlântica é necessário porque esse bioma ainda não possui indicadores capazes de estimar o Nível de Referência, vinculado à política de Redução de emissões por desmatamento evitado (REDD). “A pesquisa concentrou-se na Mata Atlântica, um dos biomas que está muito fragmentado e, principalmente, em pínus e eucalipto, buscando identificar e qualificar práticas silviculturais que podem ter algum potencial de mitigar emissões de gases de efeito estufa ou então de aumentar estoques de carbono”, explica. Foto: Josiléia Zanatta Confira os benefícios do estoque de carbono no solo Plantios florestais são alternativas viáveis à redução das emissões totais de GEEs devido à redução da pressão por extração de madeira de florestas nativas, o que evita também as emissões por desmatamento. Produtos advindos das florestas plantadas acumulam carbono por longo período de tempo e, quando produzidos de forma adequada, são muito eficientes no sequestro de carbono e emitem menos gases de efeito estufa, o que faz com que tenham pegada de carbono menor do que derivados de petróleo ou sintéticos com origens diversas. Florestas plantadas têm elevado potencial de remover CO2 da atmosfera, incorporando carbono (C) na biomassa vegetal e por conseguinte no solo, permitindo um balanço de carbono muito positivo Solos florestais mantêm a capacidade de consumir metano atmosférico, sendo um mecanismo adicional de redução desse gás na atmosfera. Essas vantagens permitem que o balanço de carbono de sistemas florestais plantados seja muito positivo, possibilitando até mesmo a geração de receita a partir da certificação de produtos florestais com baixa emissão e também a comercialização de créditos de carbono. É preciso que os empreendimentos florestais estejam preparados para acessar essas oportunidades de economia “verde”. Foto: André Kaskzeszen
Photo: André Kaskzeszen
Pesquisa mostra maior potencial de mitigação dos gases de efeito estufa (GEE) pelos plantios florestais
Studies by Embrapa Forestry have shown that soil carbon loss in planted forests is only 5% and not 33%, as previously believed. The data update stems from how Brazilian science has evolved, as it started to use the Soil Carbon Change Index (SCCI) based on information from national studies. Hence the index represents the country's specificities more accurately and shows higher potential to mitigate greenhouse gas emissions (GHGs) (click here to access the study).
The work was based on studies on areas converted into planted eucalyptus, pine and black wattle forests that were conducted in Brazil and published between 2002 and 2019. The data included information obtained in nine Brazilian states (RS, SC, PR, SP, ES, MG, BA, PA and MS), which encompass over 8.6 million hectares of forest plantations. “In the case of this index, the estimated value was not compatible with the reality of planted forests. However, as studies progress, each country can adjust and refine such indicators to the reality of their crops, which we did with the forest crops analyzed”, sates the Embrapa researcher Joselia Zanata, who coordinated the study.
The type of plant cultivated interferes with the plant cover and can thus affect soil carbon stocks, by altering the balance between carbon sequestration and carbon loss rates. “Using an agricultural index was penalizing planted forests, as it indicated that about 33% of the carbon stored in the soil was lost after the removal of native vegetation, pasture or agriculture, followed by the conversion to planted forests,” observes the Embrapa researcher Marcos Raschual, who participated in the study. “We have established that this index is in fact 0.95, that is, it is considered a loss of only 5%, which is a huge difference,” he adds.
“When we observed the conversion of pastures into eucalyptus plantations, there was a greater gain, of 10%, in soil carbon stocks. Historically, processes of switching from pastures to forest plantations prevail in Brazilian biomes, disregarding the Amazon, and this shows the share of the forestry sector to fight climate change,” Zanata says.
Altos estoques de carbono no solo
Outra constatação desses estudos foi a alta performance do solo como estocador de carbono. O volume armazenado é equivalente ao carbono acumulado na biomassa florestal e, por vezes, até maior. Além disso, os solos dos plantios florestais podem agir como sumidouros de metano, por meio de microrganismos presentes no solo, as bactérias metanotróficas, que consomem o metano e contribuem para a redução da concentração desse gás na atmosfera. “Todos os solos bem aerados e sem excesso de umidade, sob florestas plantadas ou nativas, têm essa capacidade”, explica Rachwal.
Dados embasaram documento apresentado na COP26 Os estudos da Embrapa Florestas possibilitaram ainda que a categoria “Reflorestamento” no Quarto Inventário Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa, parte integrante da Quarta Comunicação Nacional do Brasil à Convenção do Clima (Quarta Comunicação Nacional – 4CN), submetida e publicada em dezembro de 2020, apresentasse dados mais condizentes à realidade brasileira. A Comunicação Nacional (CN) é realizada a cada quatro anos, em média, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para relatar todos os esforços nacionais no sentido de implementar a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Esse reporte atualiza informações sobre emissões e remoções de GEE no Brasil e contribui significativamente para o aperfeiçoamento das políticas públicas no âmbito da agenda climática nacional e internacional. “Trata-se de garantir que os mais diversos tomadores de decisão tenham por subsídio o melhor conhecimento científico disponível. Nesse cenário, o envolvimento da Embrapa, em particular no caso da Embrapa Florestas com estudos em estoque de carbono em plantios florestais, é fundamental para que a iniciativa seja bem-sucedida”, afirma o coordenador-geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade do MCTI, Márcio Rojas, que é também diretor Nacional do Projeto da Quarta Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Foto: André Kaskzeszen |
A evolução dos estudos A Embrapa Florestas vem atuando na pesquisa com florestas e mudanças do clima desde o ano 2000. As florestas apresentam potencial de mitigação da emissão de gases do efeito estufa (GEEs), por meio do sequestro de carbono e da retirada de gases, como metano, da atmosfera. Elas acumulam carbono na sua biomassa e no solo, e também em produtos de origem madeireira. A partir de 2012, com o início do Projeto Saltus, a Unidade iniciou um conjunto de ações para investigar como as florestas brasileiras contribuem para o enfrentamento das mudanças climáticas. A primeira fase desse projeto, de 2012 e 2017, elaborou um diagnóstico integral dos balanços de carbono dos sistemas florestais (em plantios de eucalipto, pínus e acácia-negra), avaliando seus compartimentos, e seu potencial de armazenar carbono ou de remover gases de efeito estufa da atmosfera. Esse trabalho permitiu que os protocolos de diagnóstico fossem uniformizados, facilitando a obtenção dos balanços de carbono em trabalhos futuros, sendo, também, mais uma contribuição incorporada à 4CN. Em 2017, teve início uma nova fase do projeto Saltus, com o objetivo de identificar práticas mitigadoras em florestas plantadas, sendo mantido o foco nos plantios de eucalipto e pínus. Nessa etapa, buscou-se ampliar o conhecimento dos compartimentos de carbono em tipologias florestais da Mata Atlântica, inclusive em florestas urbanas. Segundo a pesquisadora Josileia Zanatta, o reforço do foco na Mata Atlântica é necessário porque esse bioma ainda não possui indicadores capazes de estimar o Nível de Referência, vinculado à política de Redução de emissões por desmatamento evitado (REDD). “A pesquisa concentrou-se na Mata Atlântica, um dos biomas que está muito fragmentado e, principalmente, em pínus e eucalipto, buscando identificar e qualificar práticas silviculturais que podem ter algum potencial de mitigar emissões de gases de efeito estufa ou então de aumentar estoques de carbono”, explica. Foto: Josiléia Zanatta |
Confira os benefícios do estoque de carbono no solo - Essas vantagens permitem que o balanço de carbono de sistemas florestais plantados seja muito positivo, possibilitando até mesmo a geração de receita a partir da certificação de produtos florestais com baixa emissão e também a comercialização de créditos de carbono. É preciso que os empreendimentos florestais estejam preparados para acessar essas oportunidades de economia “verde”.
Foto: André Kaskzeszen |
Manuela Bergamim (MTb 1951/ES)
Embrapa Forestry
Katia Pichelli (MTb 3594/PR)
Embrapa Forestry
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