ILPF: pesquisadores da Embrapa apresentam resultados na Agrobrasília
ILPF: pesquisadores da Embrapa apresentam resultados na Agrobrasília
Photo: Fabiano Bastos
Estação do Dia de Campo sobre produção e reprodução de bovinos de leite em ILPF
Os sistemas integrados reuniram mais de 100 pessoas, entre produtores rurais, estudantes e técnicos, no Dia de Campo “Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF): um aumento da produtividade na pecuária de leite”, realizado na sexta-feira (20) na AgroBrasília.
Divididos em quatro estações, em uma delas os participantes discutiram a importância da diversificação de pastagens para os sistemas pecuários com os pesquisadores da Embrapa Cerrados, Gustavo Braga e Allan Ramos. Para que isso seja feito, eles alertam que é necessário fazer uma escolha criteriosa das cultivares que serão implantadas, atentando-se às características e às necessidades de cada uma. Em estudos comparativos, os pesquisadores registraram o desempenho de algumas cultivares da Embrapa. “A BRS Zuri produz muito, mesmo sendo muito exigente em fertilidade. Ela apresentou melhor desempenho para ganho de peso e taxa de lotação do que a BRS Mombaça”, explicou Braga, que salientou ainda que as plantas mais produtivas também exigem mais mão-de-obra para um manejo adequado.
Em outra estação, coordenada pelos pesquisadores Isabel Ferreira e Carlos Frederico Martins, o tema foi a produção e a reprodução de bovinos de leite em ILPF, com base em estudos desenvolvidos no Centro de Tecnologia para Raças Zebuínas Leiteiras (CTZL), da Embrapa Cerrados. Na área onde foi implantado o ILPF, os eucaliptos diminuíram a radiação para os animais em 44%. As 119 vacas em lactação, sendo 48 da raça Gir e 71 Girolando, tiveram melhores resultados sob sombra do que em pleno sol.
Isabel apresentou dados das vacas Gir, que registraram um aumento de 24% na produção de leite individual. As duas raças apresentaram melhor desempenho na fase inicial da lactação (18% a mais de leite) e no período da seca (17% a mais). Também houve maior produção de forragem (22%) e impacto em sua qualidade, 30% a mais de proteína e 6% a mais de digestibilidade. Outro resultado relevante é o impacto da sombra nos indicadores reprodutivos, neste caso apenas para as vacas da raça Gir. Sob sombra, produziram quatro vezes mais embriões do que as que estavam em pleno sol no período seco. “Com esse acompanhamento, percebemos que o Girolando tem maior controle de temperatura, enquanto o Gir é mais vulnerável”, informou Martins.
Os participantes também puderam entender como funciona o Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) na pecuária leiteira, desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O palestrante Guilherme Scattone lembrou que o ILPF garante uma renda adicional para o produtor: “Na mesma área onde há o capim, pode se produzir outras culturas. É um incremento de qualidade. E não é preciso ser grande produtor. A tecnologia pode ser aplicada nas pequenas propriedades leiteiras. O produtor vai ter custos adicionais, mas vai ter um lucro que vai compensar”.
Na estação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Programa Nacional de Manejo do Solo e da Água em Microbacias Hidrográficas e o ABC+ foram apresentados pelo coordenador de Sistemas Agropecuários Conservacionistas e Sustentáveis, Elvison Ramos. “O ABC+ está promovendo a adaptação da agropecuária brasileira às mudanças do clima e à mitigação dos gases de efeito estufa com o aumento da eficiência e da resiliência dos sistemas produtivos, o que pode ser alcançado com a gestão integrada da paisagem. Isso é importante porque o produtor tem que produzir do jeito que a sociedade quer comprar. Hoje os consumidores são muito exigentes”, explicou.
Ramos informou que hoje o produtor não está gastando mais por arroba de boi porque ele tem até quatro colheitas por safra – soja, milho, capim e boi. “Essa tecnologia oferece menor risco para o produtor. Na região Sul, os produtores perderam até 50% de sua produção com a seca que ocorreu. Entre os que têm ILPF, a perda foi de 9%”, registra. O produtor rural Pedro Francio adota o sistema há 10 anos e garante que essa é uma ciência espetacular, mas exige que o produtor faça um bom planejamento e tenha um acompanhamento de pessoas competentes.
O Dia de Campo foi uma realização do MAPA, da AgroBrasília, da Embrapa Cerrados, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) e da Superintendência Federal de Agricultura no Distrito Federal (SFA-DF).
Homenagem e palestras
Uma sessão solene da Câmara Legislativa foi realizada dentro da programação da Agrobrasília na tarde da sexta-feira (20) no auditório principal da Feira. O requerimento foi do deputado Roosevelt Vilela e o objetivo foi homenagear e reconhecer o trabalho realizado por personalidades do setor agropecuário do DF.
Um dos homenageados foi o chefe-geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro. “Esse é um reconhecimento de todo um trabalho que vem sendo feito não só por mim, mas por toda a equipe da Embrapa Cerrados”, ressaltou. Durante a sessão, o deputado apresentou as ações realizadas pela Frente Parlamentar da Agricultura, Pecuária e Hortifrutigranjeiros da CLDF, da qual ele é o presidente.
A programação da Embrapa na Agrobrasília na sexta-feira (20) ainda teve palestra sobre o cultivo da canola no Cerrado como uma alternativa para a rotação de culturas e diversificação de renda, realizada no auditório anexo com o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola. No estande da Embrapa, também foi realizada uma apresentação das cultivares de batata doce (BRS Nuti, BRS Cotinga e BRS Anembé) pela pesquisadora da Embrapa Hortaliças, Larissa Vendrame.
Juliana Miura, Embrapa Cerrados (MTb 4563/DF)
Com informações de Juliana Caldas
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