Além da resistência à queima-das-folhas, BRS Carmela é tolerante ao nematoide-das-galhas, permitindo o cultivo em regiões de temperaturas mais altas. Resistência faz a nova cenoura chegar ao fim do ciclo de produção sem nenhum controle químico para doenças foliares. A menor necessidade de insumos químicos contribui para a sustentabilidade ambiental e gera economia ao produtor. Nova cultivar é indicada para plantio em qualquer estação na Região Nordeste e durante a primavera e verão nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Nestas, ela pode ser intercalada com cultivares de inverno, garantindo produção o ano todo. O rendimento produtivo superou 60 t/ha de raízes comercializáveis. Disponibilidade constante no mercado permite preços acessíveis ao consumidor e melhor fluxo de caixa ao produtor. Chega ao mercado o primeiro híbrido de cenoura indicado para plantio nas estações de verão e primavera desenvolvido por uma empresa pública. A BRS Carmela é recomendada para todas as regiões brasileiras, com exceção do Norte do Brasil. Entre os destaques da cultivar está a resistência à bactéria e aos fungos causadores da queima-das-folhas, a principal doença foliar que ataca a cultura, causando a desfolha da planta. Dependendo do grau de severidade, pode ocorrer a perda total da lavoura. O híbrido foi desenvolvido pela Embrapa em parceria com a empresa Isla Sementes. A principal doença foliar da cenoura A queima-das-folhas é considerada a principal doença foliar da cultura da cenoura nos períodos mais quentes e chuvosos do ano. Ela é causada por um complexo de patógenos que pode envolver dois fungos, Alternaria dauci e Cercospora carotae, e uma bactéria, Xanthomonas hortorum pv. carotae, cujas predominâncias variam em função da região e da estação de cultivo. Os patógenos podem ser encontrados em infecções múltiplas no mesmo plantio, planta ou lesão. Foto: Gislene Alencar O pesquisador da área de melhoramento genético de cenoura da Embrapa Hortaliças (DF) Agnaldo de Carvalho, responsável pelo desenvolvimento da nova cultivar, explica que a vantagem de um híbrido de verão resistente à queima-das-folhas se manifesta em plantios durante períodos mais quentes e chuvosos. “Por sua resistência, a BRS Carmela é capaz de chegar ao fim do ciclo sem nenhum controle químico de doenças foliares. Já os híbridos de verão que estão no mercado são apenas tolerantes. Isso significa que os produtores que usam esses híbridos precisam fazer o manejo integrado com agroquímicos para finalizar o ciclo de produção. Ou seja, podemos inferir que, com o uso da BRS Carmela, o produtor diminui o custo de produção e ainda contribui com a preservação do meio ambiente”, esclarece. A nova cultivar da Embrapa também apresenta tolerância ao nematoide-das-galhas, característica que, agregada à resistência à queima-das-folhas, possibilita o cultivo do híbrido em regiões onde as temperaturas são mais elevadas. Parceria estendida Fruto da parceria com a empresa Isla Sementes, a BRS Carmela é um dos resultados alcançados por meio de contrato de cooperação técnica formalizado em 2014. Recentemente, a parceria foi estendida até dezembro de 2026 com a assinatura de termo aditivo. O objetivo é dar continuidade ao trabalho de validação de combinações híbridas de cenoura para consumo in natura com raízes cilíndricas, lisas e cor alaranjada intensa. A presidente da Isla Sementes, Diana Werner, diz que essa parceria possibilita atender à amplitude da produção de cenouras de verão no Brasil. “Vemos a BRS Carmela como um marco histórico na consagração de uma pesquisa fundamental para o contínuo desenvolvimento da horticultura brasileira”, ressalta. Cenoura só podia ser produzida sob clima ameno A BRS Carmela torna-se mais um marco para a área de melhoramento genético de cenoura da Embrapa, que foi responsável pelo desenvolvimento, na década de 1980, da Brasília, cultivar de verão. O pesquisador lembra que, originalmente, a hortaliça era produzida apenas em regiões de clima ameno ou durante o inverno. “Desde então, a Embrapa desenvolveu diversas cultivares de polinização aberta até alcançar o híbrido BRS Carmela para o cultivo de verão, que deve incrementar a cadeia produtiva, uma vez que ele mostrou ser um material competitivo com os híbridos de verão disponíveis no mercado”, conta Carvalho. O novo híbrido possibilita o plantio nas estações de primavera e verão nas condições climáticas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Para o plantio no Nordeste não há restrição de mês ou de estação. Para Carvalho, esse complemento entre cultivares de verão e de inverno permite semear e colher a hortaliça nas áreas de produção durante todo o ano. Isso explica porque a cenoura está disponível nos doze meses e, na maioria das vezes, com preços acessíveis aos consumidores. Do lado do produtor, colheitas contínuas possibilitam o fluxo de caixa para manter as despesas diárias sob controle. O pesquisador reforça que os híbridos de verão são materiais diferenciados e responsáveis por incrementar a produtividade de raízes mais desejadas pelo mercado, quando cultivados em condições ideais, se comparados com cultivares de polinização aberta, conhecidas como OP. “Vale destacar que os híbridos só são vantajosos quando aliados a outras tecnologias durante o cultivo. Caso contrário, não apresentam vantagem competitiva em relação às cultivares de polinização aberta”, ressalta. Outro fator favorável da utilização do híbrido é a uniformidade que se manifesta desde a germinação até a colheita, facilitando também o manejo nas fases de cultivo e de colheita. O resultado são raízes mais uniformes e com proporção de tamanhos mais valorizadas pelo mercado. Alto desempenho em todas as regiões produtoras A nova cultivar foi testada em condições de cultivo nas principais áreas produtoras de cenoura, abrangendo quase todas as regiões brasileiras. Durante os ensaios entre cultivares, a BRS Carmela mostrou-se competitiva em relação aos híbridos disponíveis no mercado. O rendimento produtivo superou 60 toneladas por hectare (t/ha) de raízes comercializáveis. O período indicado para plantio da BRS Carmela é entre outubro a março. A colheita tem início 85 dias após a semeadura e estende-se até 115 dias. Ela apresenta porte ereto, folhas verdes intensas e a altura da planta alcança cerca de 45 centímetros (cm). “O porte ereto favorece o arejamento das plantas, criando uma condição desfavorável para o surgimento de doenças foliares”, detalha Carvalho. Já as raízes apresentam diâmetro próximo a 3,5 cm e comprimento entre 16 cm e 22 cm, tamanho desejado comercialmente. A recomendação é cultivar 500 mil plantas por hectare para favorecer a formação de diâmetros e comprimentos adequados à comercialização. As raízes do híbrido têm cor alaranjada intensa, sabor adocicado, formato cilíndrico e liso – características que atendem ao gosto dos consumidores brasileiros. Possibilita produção mesmo com chuva e altas temperaturas O pesquisador conta que foram necessários dez anos de pesquisas para desenvolver a cultivar e comparar o seu desempenho entre diversos materiais até alcançar um híbrido com as características desejáveis para manter o rendimento em meio às altas temperaturas do verão brasileiro, combinadas com a resistência às principais doenças que afetam o desenvolvimento das raízes. “O programa de melhoramento de cenoura da Embrapa vem aprimorando na seleção para aumento da resistência à queima-das-folhas, trabalho que resultou em uma seleção extremamente resistente à doenças e que apresenta ótima qualidade de raízes”, observa. O consumo de cenoura no Brasil A cenoura está entre as hortaliças mais consumidas pelo brasileiro. O estado que mais se destaca na produção é Minas Gerais, seguido por Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Bahia. A área comercial semeada anualmente é de, aproximadamente, 18 mil hectares, com produção nacional de cerca de 480 mil toneladas por ano. Isso representa uma produtividade média estimada em 26 t/ha e valor de produção de mais de 300 milhões de reais, segundo dados de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vitaminas no prato A cor alaranjada indica que a cenoura é uma das principais fontes naturais de betacaroteno, pigmento antioxidante e precursor da vitamina A. Além dessa característica, a cenoura fornece fibras e minerais como cálcio, sódio e potássio. Ralada ou fatiada, as raízes são consumidas cruas ou cozidas em saladas. A cenoura também entra como ingrediente de bolos, sopas, pães, tortas e doces. A raiz é muito usada como matéria-prima da indústria alimentícia para produção de minicenouras ou processadas em seleta de legumes, iogurtes e papinhas.
Photo: Gislene Alencar
Chega ao mercado o primeiro híbrido de cenoura indicado para plantio nas estações de verão e primavera desenvolvido por uma empresa pública. A BRS Carmela é recomendada para todas as regiões brasileiras, com exceção do Norte do Brasil. Entre os destaques da cultivar está a resistência à bactéria e aos fungos causadores da queima-das-folhas, a principal doença foliar que ataca a cultura, causando a desfolha da planta. Dependendo do grau de severidade, pode ocorrer a perda total da lavoura. O híbrido foi desenvolvido pela Embrapa em parceria com a empresa Isla Sementes.
A principal doença foliar da cenoura A queima-das-folhas é considerada a principal doença foliar da cultura da cenoura nos períodos mais quentes e chuvosos do ano. Ela é causada por um complexo de patógenos que pode envolver dois fungos, Alternaria dauci e Cercospora carotae, e uma bactéria, Xanthomonas hortorum pv. carotae, cujas predominâncias variam em função da região e da estação de cultivo. Os patógenos podem ser encontrados em infecções múltiplas no mesmo plantio, planta ou lesão. Foto: Gislene Alencar |
O pesquisador da área de melhoramento genético de cenoura da Embrapa Hortaliças (DF) Agnaldo de Carvalho, responsável pelo desenvolvimento da nova cultivar, explica que a vantagem de um híbrido de verão resistente à queima-das-folhas se manifesta em plantios durante períodos mais quentes e chuvosos. “Por sua resistência, a BRS Carmela é capaz de chegar ao fim do ciclo sem nenhum controle químico de doenças foliares. Já os híbridos de verão que estão no mercado são apenas tolerantes. Isso significa que os produtores que usam esses híbridos precisam fazer o manejo integrado com agroquímicos para finalizar o ciclo de produção. Ou seja, podemos inferir que, com o uso da BRS Carmela, o produtor diminui o custo de produção e ainda contribui com a preservação do meio ambiente”, esclarece.
A nova cultivar da Embrapa também apresenta tolerância ao nematoide-das-galhas, característica que, agregada à resistência à queima-das-folhas, possibilita o cultivo do híbrido em regiões onde as temperaturas são mais elevadas.
Parceria estendida Fruto da parceria com a empresa Isla Sementes, a BRS Carmela é um dos resultados alcançados por meio de contrato de cooperação técnica formalizado em 2014. Recentemente, a parceria foi estendida até dezembro de 2026 com a assinatura de termo aditivo. O objetivo é dar continuidade ao trabalho de validação de combinações híbridas de cenoura para consumo in natura com raízes cilíndricas, lisas e cor alaranjada intensa. A presidente da Isla Sementes, Diana Werner, diz que essa parceria possibilita atender à amplitude da produção de cenouras de verão no Brasil. “Vemos a BRS Carmela como um marco histórico na consagração de uma pesquisa fundamental para o contínuo desenvolvimento da horticultura brasileira”, ressalta. |
Cenoura só podia ser produzida sob clima ameno
A BRS Carmela torna-se mais um marco para a área de melhoramento genético de cenoura da Embrapa, que foi responsável pelo desenvolvimento, na década de 1980, da Brasília, cultivar de verão. O pesquisador lembra que, originalmente, a hortaliça era produzida apenas em regiões de clima ameno ou durante o inverno. “Desde então, a Embrapa desenvolveu diversas cultivares de polinização aberta até alcançar o híbrido BRS Carmela para o cultivo de verão, que deve incrementar a cadeia produtiva, uma vez que ele mostrou ser um material competitivo com os híbridos de verão disponíveis no mercado”, conta Carvalho.
O novo híbrido possibilita o plantio nas estações de primavera e verão nas condições climáticas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Para o plantio no Nordeste não há restrição de mês ou de estação. Para Carvalho, esse complemento entre cultivares de verão e de inverno permite semear e colher a hortaliça nas áreas de produção durante todo o ano. Isso explica porque a cenoura está disponível nos doze meses e, na maioria das vezes, com preços acessíveis aos consumidores. Do lado do produtor, colheitas contínuas possibilitam o fluxo de caixa para manter as despesas diárias sob controle.
O pesquisador reforça que os híbridos de verão são materiais diferenciados e responsáveis por incrementar a produtividade de raízes mais desejadas pelo mercado, quando cultivados em condições ideais, se comparados com cultivares de polinização aberta, conhecidas como OP. “Vale destacar que os híbridos só são vantajosos quando aliados a outras tecnologias durante o cultivo. Caso contrário, não apresentam vantagem competitiva em relação às cultivares de polinização aberta”, ressalta.
Outro fator favorável da utilização do híbrido é a uniformidade que se manifesta desde a germinação até a colheita, facilitando também o manejo nas fases de cultivo e de colheita. O resultado são raízes mais uniformes e com proporção de tamanhos mais valorizadas pelo mercado.
Alto desempenho em todas as regiões produtoras
A nova cultivar foi testada em condições de cultivo nas principais áreas produtoras de cenoura, abrangendo quase todas as regiões brasileiras. Durante os ensaios entre cultivares, a BRS Carmela mostrou-se competitiva em relação aos híbridos disponíveis no mercado. O rendimento produtivo superou 60 toneladas por hectare (t/ha) de raízes comercializáveis.
O período indicado para plantio da BRS Carmela é entre outubro a março. A colheita tem início 85 dias após a semeadura e estende-se até 115 dias. Ela apresenta porte ereto, folhas verdes intensas e a altura da planta alcança cerca de 45 centímetros (cm). “O porte ereto favorece o arejamento das plantas, criando uma condição desfavorável para o surgimento de doenças foliares”, detalha Carvalho.
Já as raízes apresentam diâmetro próximo a 3,5 cm e comprimento entre 16 cm e 22 cm, tamanho desejado comercialmente. A recomendação é cultivar 500 mil plantas por hectare para favorecer a formação de diâmetros e comprimentos adequados à comercialização. As raízes do híbrido têm cor alaranjada intensa, sabor adocicado, formato cilíndrico e liso – características que atendem ao gosto dos consumidores brasileiros.
Possibilita produção mesmo com chuva e altas temperaturas
O pesquisador conta que foram necessários dez anos de pesquisas para desenvolver a cultivar e comparar o seu desempenho entre diversos materiais até alcançar um híbrido com as características desejáveis para manter o rendimento em meio às altas temperaturas do verão brasileiro, combinadas com a resistência às principais doenças que afetam o desenvolvimento das raízes.
“O programa de melhoramento de cenoura da Embrapa vem aprimorando na seleção para aumento da resistência à queima-das-folhas, trabalho que resultou em uma seleção extremamente resistente à doenças e que apresenta ótima qualidade de raízes”, observa.
O consumo de cenoura no Brasil A cenoura está entre as hortaliças mais consumidas pelo brasileiro. O estado que mais se destaca na produção é Minas Gerais, seguido por Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Bahia. A área comercial semeada anualmente é de, aproximadamente, 18 mil hectares, com produção nacional de cerca de 480 mil toneladas por ano. Isso representa uma produtividade média estimada em 26 t/ha e valor de produção de mais de 300 milhões de reais, segundo dados de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vitaminas no prato A cor alaranjada indica que a cenoura é uma das principais fontes naturais de betacaroteno, pigmento antioxidante e precursor da vitamina A. Além dessa característica, a cenoura fornece fibras e minerais como cálcio, sódio e potássio. Ralada ou fatiada, as raízes são consumidas cruas ou cozidas em saladas. A cenoura também entra como ingrediente de bolos, sopas, pães, tortas e doces. A raiz é muito usada como matéria-prima da indústria alimentícia para produção de minicenouras ou processadas em seleta de legumes, iogurtes e papinhas. |
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