19/07/23 |   Research, Development and Innovation  Natural resources  Automation and Precision Agriculture  Water Resource Management

Equipamento que mede a água infiltrada no solo chegará ao mercado

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 - O novo permeâmetro avalia a condutividade hidráulica do solo, ou seja, mede a capacidade da água fluir dentro do solo, por meio de recursos digitais e um microcomputador de baixo custo

O novo permeâmetro avalia a condutividade hidráulica do solo, ou seja, mede a capacidade da água fluir dentro do solo, por meio de recursos digitais e um microcomputador de baixo custo

  • Desenvolvido pela Embrapa e pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, o permeâmetro digital será levado ao mercado pela empresa Falker.
  • Tecnologia inovadora, mede de maneira automatizada a capacidade do solo de absorver água, a chamada condutividade hidráulica.
  • Novo equipamento permite análise muito mais rápida e precisa em comparação aos métodos convencionais.
  • Considerada um parâmetro trabalhoso de se obter, a condutividade hidráulica poderá ser popularizada com o novo equipamento.
  • A condutividade hidráulica é um parâmetro importante para a irrigação e para projetos relacionados às mudanças climáticas.

 

Tecnologia que mede a capacidade de a água fluir no solo está próxima de ser disponibilizada ao setor produtivo. Desenvolvido em parceria entre a Embrapa Solos (RJ) e o Centro Brasileiro de Pesquisa Físicas (CBPF), o permeâmetro digital despertou o interesse da empresa Falker que deverá embarcá-lo em mais de um produto para diagnóstico de solos. A empresa espera ter um protótipo dentro dos próximos oito meses e, logo em seguida, pretende disponibilizar versões comerciais.

O permeâmetro é o tipo de equipamento mais usado no mundo para avaliar a condução da água nos solos. A tecnologia desenvolvida pela CBPF e pela Embrapa faz a coleta de dados digitalmente usando um computador de baixo custo.

Economia de tempo e maior precisão

A avaliação da condutividade hidráulica do solo é um trabalho demorado, que depende de um técnico treinado para fazer a coleta. O novo permeâmetro automatiza essa coleta dos dados de fluxo de água pelo solo e registra o seu tempo. Com esses dados, a geometria do aparelho e do poço escavado, é possível estimar com precisão a condutividade hidráulica do solo.

O equipamento registra os dados em um cartão de memória. A tecnologia permite acompanhar as avaliações e registrar os dados em um telefone celular por conexão bluetooth. Não é necessário o uso de um laptop no campo. Estudos de validação e comparação com equipamentos manuais já foram feitos e serão validados em outros solos e regiões do Brasil.

“Acreditamos que o resultado desse projeto pode gerar um produto que complemente a linha de produtos da empresa. Os diagnósticos relacionados à física do solo são complementares ao que já trabalhamos”, informa o engenheiro Marcio Albuquerque, CEO da Falker, ressaltando que a empresa é atualmente a principal fabricante nacional de penetrômetros, outro equipamento também voltado à análise de solos.

Com esse aparelho, o técnico, que nos métodos convencionais fica por horas anotando os valores de fluxos, é liberado para fazer outras avaliações e coletas, aumentando o rendimento e a eficiência do trabalho no meio rural. Além disso, o equipamento tem uma precisão de leitura de milímetros e um registro de tempo de décimos de segundo, o que aumenta a precisão dos dados coletados. O progresso do novo dispositivo vem do fato de as medidas serem obtidas digitalmente.

Os desenvolvedores do novo equipamento esperam que esse seja o primeiro de uma série de produtos destinados a realizar a avaliação de propriedades do solo diretamente no campo. Isso é interessante ao produtor, uma vez que a condutividade hidráulica saturada e a infiltração são parâmetros essenciais para a agronomia, em especial na irrigação, e ajudam na análise de riscos climáticos.

“Profissionais ligados à engenharia ambiental têm uma grande demanda dessas análises para construção de aterros sanitários, por exemplo. Na área da hidrologia, os dados são usados no cálculo de recarga de aquíferos”, declara o pesquisador da Embrapa Wenceslau Teixeira, ressaltando que a condutividade hidráulica é um parâmetro bastante raro, porque a sua avaliação é bastante morosa. “A minha expectativa é que, com um equipamento com custos reduzidos em relação aos importados e com coleta automática, com redução do esforço, nós podemos aumentar a disponibilidade desse parâmetro e difundir o seu uso em outros projeto”, prevê o cientista.

A parceria entre a Embrapa, a CBPF e a Falker visa transformar um protótipo de pesquisa em um produto comercial, o que requer adequá-lo às linhas de produção, testar sua robustez, além de realizar os procedimentos de calibração e manutenção, o design e a capacidade de chegar ao consumidor final, entre outras questões que surgem no desafio da inovação tecnológica.

“A Falker identificou o potencial da técnica que publicamos e, em colaboração com a Embrapa Solos, estamos desenvolvendo um equipamento inovador, funcional e economicamente viável. Isso é um exemplo claro de pesquisa e desenvolvimento (P&D)”, diz o pesquisador do CBPF Geraldo Cernicchiaro. Ele conta que a Embrapa Solos e o CBPF têm um longo histórico de parceria, entre elas um método e um dispositivo de avaliação de propriedades físico-hídricas do solo.

Cernicchiaro conta que a produção de protótipos se dá em uma escala limitada com foco na demonstração do conceito, na compreensão dos princípios de funcionamento, na obtenção de resultados e na publicação científica. “No entanto, para que esse dispositivo ou sistema de medidas seja disseminado e tenha um impacto relevante nos processos produtivos, é necessária a produção industrial do equipamento, de modo que reduza os custos e democratize o acesso”, diz ele.

O protótipo em desenvolvimento na Falker será validado em breve, com avaliações no campo. “Esperamos fazer um primeiro anúncio do produto no próximo Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, em agosto, em Florianópolis”, prevê Márcio Albuquerque.

“Todos os parceiros estão bastante empolgados e otimistas. Acreditamos que o trabalho irá avançar de maneira célere com expectativa que dentro de seis a oito meses já tenhamos um protótipo-piloto e, em seguida, o produto comercial sendo ofertado ao mercado”, acredita a analista da Embrapa Solos Gizelle Bedendo.

Inovação aberta

“Estamos trabalhando com a Falker e o CBPF a partir do conceito de inovação aberta e o codesenvolvimento do produto. Do ponto em que se encontra hoje a tecnologia traz desafios técnicos de evolução do produto e também de escalonamento. Assim, a parceria com a Falker visa aportar essa complementaridade para entregarmos um produto final tecnicamente eficiente e comercialmente viável”, relata Bedendo.

“Queremos levar ao mercado um produto que possa ser usado não apenas por pesquisadores, mas por consultores, agrônomos e, futuramente, também pelos próprios produtores”, declara o CEO da Falker.

 

Carlos Dias (MTb 20.395/RJ)
Embrapa Solos

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