Pastagens do Antecipasto se destacam durante seca em Mato Grosso do Sul
Pastagens do Antecipasto se destacam durante seca em Mato Grosso do Sul
Photo: Sílvia Zoche Borges/Embrapa
Dia de Campo na área do Sistema Antecipasto, na Estância Rosa Branca, em Rio Brilhante, MS.
Antecipasto é o sistema de consórcio entre soja e capim, que propicia a entrada do gado no pasto de 30 a 60 dias antes do período de outros sistemas
Mato Grosso do Sul está passando por um período de seca intenso. Em Rio Brilhante, MS, por exemplo, de acordo com os dados do Guia Clima, o município está sem chuvas expressivas desde 27 de maio de 2024 (abaixo de 5 mm). Segundo o gerente técnico e engenheiro agrônomo da propriedade rural Estância Rosa Branca (Rio Brilhante), Carlos Eduardo Barbosa, mesmo com as intempéries, existe pasto disponível nesta safrinha para o gado. Porém, somente nas áreas onde foi implantado o sistema de produção desenvolvido pela Embrapa, e que está em fase de lançamento: o Sistema Antecipasto.
O Antecipasto é uma forma de integração lavoura-pecuária (ILP), em que é feito o consórcio de soja com capim (saiba mais). “Safrinha sem chuva pede Antecipasto”, garante Barbosa.
Clique aqui e confira o que diz Carlos Barbosa sobre a área com e a área sem o sistema Antecipasto.
O pesquisador Luís Armando Zago Machado, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), líder no desenvolvimento da tecnologia, afirma que o consórcio impacta principalmente na pecuária. “Quando as chuvas são escassas, o desenvolvimento do capim fica prejudicado, o que atrasa o pastejo e toda a programação. Já no consórcio, o plantio do capim é feito depois de 20 dias do crescimento da soja, entre os estágios V3 e V4 da cultura”, explica o pesquisador, informando que, com isso, o gado pode entrar no pasto de 30 a 60 dias antes do período normal de pastejo.
Após vários testes, o capim que mais se adequou ao consórcio é o BRS Tamani que, por suas características (pequeno porte, crescimento inicial lento e não emitem colmos na fase vegetativa ou emitem colmos finos), não compete com a oleaginosa. “A soja é a cultura que paga a conta do sistema. Não podemos comprometer a produtividade da soja”, explica o pesquisador.
Como explica o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, do mesmo Centro de Pesquisa, o importante não é qual a cultivar de soja, mas seu padrão de crescimento, “porque existem várias no mercado e diferentes programas de melhoramento genético”.
Entre as características, a soja deve ter resistência a herbicidas, ter porte em torno de 90 cm a 110 cm e crescimento vegetativo vigoroso com bom fechamento de entrelinhas. O espaçamento entrelinhas da oleaginosa não precisa ser modificado, sendo entre 45 cm e 60 cm. O momento ideal para a dessecação pré-colheita da soja é a partir do estádio reprodutivo R7.2, quando a planta está bem amarelada, não ocorrendo a perda de produtividade nem a eficiência da dessecação.
O gerente técnico da Estância, Carlos Barbosa, conta que participa das pesquisas da Embrapa, testando forragens, doses, espaçamentos, épocas e cultivares de soja, há cinco safras. “Existe um custo a mais com a BRS Tamani [capim mais adequado ao consórcio] e com a dessecação, mas temos 2@/ha líquidos a mais [no peso do boi]”.
Segundo os pesquisadores, os benefícios da tecnologia dependem dos objetivos e limitações de cada ambiente de produção, mas, de acordo com Garcia, “a tecnologia se encaixa como uma ‘luva’ para quem faz a ILP e para quem quer formar palhada”.
Sílvia Zoche Borges (DRT-MG 08223)
Embrapa Agropecuária Oeste
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