Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, e Manuel Otero, diretor geral do Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA), firmaram, no dia 14 de agosto, carta de intenções para fortalecimento da cooperação entre as duas instituições nas áreas de pesquisa e inovação agrícola. A carta de intenções tem por foco geral a cooperação técnica internacional para modernização dos sistemas agrícolas, a troca de informações sobre resultados de pesquisa e inovação, e, em específico, a conjugação de esforços com vistas ao apoio aos países africanos no desenvolvimento da agricultura tropical regenerativa e apoio à Embrapa nos eventos preparatórios para a COP 30. A propósito dessa agenda de cooperação, Massruhá disse que, apesar de a Embrapa se orgulhar do que realizou em termos de agricultura tropical, o que a move são os desafios globais já sendo enfrentados, notadamente a transição climática, a busca pela sustentabilidade somada à rastreabilidade e à inclusão socioprodutiva. Manuel Otero afirmou que tudo o que acontece em agricultura na América Latina tem expressão mundial. Lembrou que, de cada 3 toneladas de alimentos ofertados ao mundo, 1/3 é produzido na América do Sul, com grande participação do Brasil. Por isso, segundo ele, quando se pensa em segurança alimentar, a América Latina e África, por suas possibilidades agrícolas, representam o futuro. Ele considera que, em parceria, a Embrapa e o IICA podem expandir a plataforma da agricultura tropical para toda a América Latina e para África. Consoante com essa possibilidade, a presidente da Embrapa anunciou a intenção da Empresa de criar um escritório de cooperação na América Central, numa variação do Labex, que existe em Beltsville, nos EUA, e em Montpellier, na França. Otero reafirmou a disposição do IICA de criar, em sua sede em San José, Costa Rica, a Sala Embrapa, um escritório de apoio a pesquisadores da instituição de pesquisa brasileira em missão na América Central. Jorge Werthein, assessor especial do IICA, disse que, em seus contatos com os países africanos e com entidades como a Aliança para a Revolução Verde na África (Agra), se tornou evidente a surpreendente aceitação da Embrapa e de suas soluções tecnológicas naquele continente. “Eles dizem textualmente que a Embrapa tem o que precisam”, disse Werthein. Uma parte importante do apoio à África no desenvolvimento de uma agricultura regenerativa é a capacitação dos profissionais de pesquisa agrícola. Christian Fischer, coordenador de operações do IICA, destacou o interesse da Fundação Bill e Melinda Gates, do Conselho de Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR, na sigla em inglês) em financiar a iniciativa. Fischer estimou, de início, o engajamento de 30 bolsistas africanos. Nesse sentido, o diretor Clênio Pillon, de Pesquisa e Inovação, disse que a Embrapa está empenhada na melhoria das suas plataformas de cooperação técnica e científica, visando especificamente ao potencial de formar pessoas na área de ciência e tecnologia. Também participaram da reunião Fernando Camargo, ex-presidente do Consad/Embrapa e atual representante do IICA na Argentina, Marcelo Morandi, chefe da Assessoria de Relações Internacionais (ARIN), acompanhado dos pesquisadores Paulo Galerani e Jane Simoni, da ARIN, e Sibelle Silva, assessora da Presidência da Embrapa. COP 30 Sobre a COP 30, Silvia Massruhá informou que a Embrapa pretende realizar, de março a novembro de 2025, diversos eventos preparatórios em diferentes pontos do País para discutir com a sociedade a questão do clima e da sustentabilidade, dada a vulnerabilidade da agricultura ante às alterações climáticas. Para ela, “hoje temos dados suficientes para mostrar ao mundo que a agricultura tropical é sustentável, a partir do fato de que a produtividade das lavouras cresce em dimensão muito maior do que o uso de terras”. Informou ainda que a Embrapa preparou um plano de comunicação condizente com o alcance da empreitada. Otero garantiu o apoio do IICA nos eventos preparatórios da Embrapa, bem como no seu plano de comunicação.